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******************************NÃO contém spoiler******************************

Autora: Lucy Foley

Editora: Intrínseca / Gênero: Suspense / Idioma: Português / 304 páginas

Em um ambiente inóspito, gélido e perigoso, nove amigos resolvem se reunir para lembrar os velhos momentos e comemorar juntos a chegada de um novo ano. Em meio a diálogos ácidos, irônicos e provocativos, um crime ocorre. Dos nove, apenas oito voltarão para casa. Quem morreu e quem matou? Um mistério que irá dominar toda a narrativa, deixando leitor e narradores diante de um enigma no mínimo instigante. A narrativa se desenvolve através de um clima tenso, de desconfianças contínuas e de segredos que vão sendo entregues de forma a sustentar não apenas o plot principal, mas também as demais subtramas que vão aos poucos se delineando e nos fazendo entender melhor as tóxicas relações de amizades que se apresentam ao longo da leitura.

“A Última Festa” – o romance de estreia de Lucy Foley – se desenvolve de forma bastante similar com obras de Agatha Christie, no sentido ambientação e desenvolvimento. A trama mescla duas linhas temporais, pontos de vista diversos, e o suspense “de quem cometeu o crime e de quem morreu” sobrevive o virar das páginas, sendo entregue ao leitor apenas em seus últimos 5%. A trama é recheada de personagens, cujos desenvolvimentos não são dos mais agradáveis. Todos são desprezíveis, irônicos e parecem sentir prazer em destilar suas constantes provocações em seus supostos amigos. Não consegui gostar e nem me importar com absolutamente ninguém. A autora parece não saber o time certo para humanizar seus personagens, entregando esses momentos tarde demais.

A primeira metade do romance é monótoma, cansativa e muitas vezes irritante. A estória parece não sair do lugar e o que vemos são apenas pessoas que se detestam, fingindo uma falsa amizade e se alfinetando o tempo todo. São muitos personagens para um livro de 304 páginas, o que interfere significativamente em seus desenvolvimentos. Alguns são tão unilaterais que se tornam esquecíveis. Outros são de fato esquecidos pela autora, já que o livro termina e seus desfechos não são entregues. A segunda metade sofre uma peguena guinada, entregando boas revelações (não totalmente surpreendentes), boas situações e momentos onde a tensão surge, mas não se sustenta.

A ambientação poderia ter sido melhor aproveitada pela autora, colaborando com o aumento da tensão, criando um clima claustrofóbico e deixando leitores e personagens tensos, trazendo uma carga emotiva mais densa para a estória. Mas o ambiente tido como perigoso e algo a se evitar, se torna apenas mais um elemento entre tantos outros (ainda mais se levarmos em consideração as atitudes sem sentido dos personagens). Foley, a autora e estudante de literatura inglesa, poderia ter criado e desenvolvido uma narrativa com mais profundidade, mais problematizações e menos linear. O livro não é péssimo, mas também não é bom. É em minha minha percepção, apenas um livro que fica na linha tênue entre o mediano e o ruim. Preciso evidenciar que Lucy Foley escreve bem, mas peca bastante no desenvolvimento (Li alguns capítulos no original e posso dizer também que a tradução está bacana). A autora foca demais em trechos e descrições que tentam manipular o leitor sem grandes sutilezas, o que passa longe de ser uma técnica assertiva, já que em se tratando de um thriller, o óbvio demais nunca é a resposta para o mistério da trama. O que por vezes acaba transformando o “não óbvio” na grande obviedade da estória. Não sei se deu pra entender, mas o que quero dizer é que Foley tentava tanto me fazer desconfiar de alguns personagens, que eu acabei desconfiando de quem a autora não queria que eu desconfiasse, e o que aconteceu? Desvendei tudo muito antes do grande desfecho; infelizmente! (Algo que vem acontecendo com frequencia em minhas leituras de thrillers :/)

“A Última Festa” é o tipo de livro que terminei a leitura não sentindo nada. Foi uma sensação total de indiferença com tudo que o compõe (as subtramas, personagens, mistério e revelações). Trata de alguns temas interessantes, mas de forma superficial demais. Traz bons momentos, mas que se perdem no meio de tantos outros enfadonhos. É bem escrito, mas tem um desenvolvimento deveras maçante. Serviu pelo menos para reforçar algo o qual sempre acreditei. O que adianta forçarmos relações que só nos fazem mal? O melhor é deixar que o tempo faça seu trabalho… e por mais triste que seja, as vezes algumas relações terminam e o mais saudável para todos é que cada um siga seu próprio caminho.

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