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Crônicas da Quasinoite: Vale a pena a leitura? #17

Crônicas da Quasinoite: Vale a pena a leitura? #17

*****************************NÃO contém spoiler*****************************

Autor: Jay Kristoff

Editora: Plataforma21 / Gênero: Dark Fantasy / Idioma: Português / Páginas da trilogia: 1.904

“NUNCA TREMA, NUNCA TEMA E NUNCA, JAMAIS, ESQUEÇA.”

No céu três sóis brilham em seus estados majestosos, enquanto a noite se rasteja pelos cantos de uma cidade já morta. No céu a lua se faz inexistente e entre os mortais um corvo caminha silenciosamente a espera do momento certo para se vingar. Mia Corvere é uma garota, uma guerreira, uma lenda e uma assassina. Talvez você já tenha ouvido falar sobre ela; e independente de suas impressões, uma coisa é certa…  A tema e nunca a subestime. Entre intrigas, segredos, rebeliões, assassinatos e poderes a serem venerados e temidos, “Crônicas da Quasinoite” ocupa seu espaço com maestria entre as Dark Fantasies a serem conferidas. Ah caros leitores… se gosta de uma boa pancadaria, notas de rodapé e muito sangue, a elogiada trilogia de Jay Kristoff é pra você.

“— Para Conquistar o verdadeiro poder você só precisa ter a determinação para fazer o que os outros não fazem.”

Com referência a jogos de RPG, “Harry Potter” e “As Crônicas de Gelo e Fogo”, a jornada da vingativa Mia Corvere surpreende em alguns momentos, nos intriga em outros e as vezes flerta com a decepção. A obra de Kristoff vista por muitos como a 8ª maravilha do mundo, me despertou sentimentos conflitantes ao longo da leitura, as quais muitas vezes me deixaram pensativo. Após ser testemunha do assassinato de seus pais e irmão, a protagonista desenvolve um desejo incontrolável por vingança (à la Jorg da “Trilogia dos Espinhos”), e devido a isso resolve se juntar ao um grupo de assassinos treinados em uma afastada e misteriosa escola. Com o poder de controlar as sombras e com um gato – que é extensão de seus poderes – como companheiro que possui o dom de consumir seus medos e incertezas, Mia embarca em uma jornada de autoconhecimento, aprimoramentos de suas habilidades e o desejo de se banhar no sangue daqueles que considera seus inimigos.

“VIDA É DOR, PERDA E SACRIFÍCIO.”

“Nevernight: A Sombra do Corvo” promete muito, mas pra mim não entrega tanto assim. Apesar de possuir muitos momentos brutais, o achei menos sanguinário do que imaginei e gostaria que fosse. A protagonista é excelente, mas as relações amorosas construídas pelo autor e que orbitam ao redor da personagem central, não me convenceram em nenhum dos três volumes. Os diálogos oscilam entre maduros e infantis, e as tão comentadas notas de rodapé muitas vezes enchem o saco. E não me refiro a 3 ou 4 linhas de notas. São notas de rodapé de 2, 3 páginas. Algumas trazem complementos interessantes que nos contextualizam sobre os aspectos políticos do mundo. Outras passam a impressão de estarem ali apenas para encherem linguiça. Quando a leitura começa a pegar ritmo, surgem as benditas (malditas na verdade!) notas de rodapé que quebram o dinamismo da leitura e chegam a cansar. Apesar disso, o livro deixa o sentimento e desejo de consumirmos mais e mais tanto da protagonista quanto do universo.

“Godsgrave: O Espetáculo Sangrento” traz uma ambientação interessante, um romance que eu detestei e caminhos tortuosos que acrescentam bastante na narrativa. O autor alimenta nossa curiosidade e nos deixa ansiosos sobre os mistérios acerca da protagonista e do mundo a qual ela está inserida. De onde provém o poder das sombras? Quão poderosos são seus inimigos e em quem ela deve confiar? Disposta a tudo para alcançar seu objetivo, Mia entra em um torneio sanguinário onde ela terá que se banhar no sangue de muitos para ter a chance de alcançar o sangue daqueles que deseja. Mais frenético, mais revelador e surpreendente, Godsgrave sobe um degrau, aumentando  o nível da trilogia e entregando um final instigante. Entre inimigos e aliados, a temida assassina construirá um mar de corpos e membros decepados onde ela caminhará com o queixo erguido e com o sorriso no rosto, sabendo que sua tão desejada vingança se aproxima.

Infelizmente, as queridíssimas notas de rodapé dão as caras novamente.

QUANDO SANGUE É TUDO. TUDO É SANGUE. 

Mas a trilogia termina bem?

Caros e estimados leitores, pra muitos o grande e esperado desfecho foi a personificação da decepção. Para outros (a maioria) foi um desfecho que fez jus a toda a obra. Pra mim foi um final ok, que condiz com o universo e com a trama. Comecei a leitura de “Darkdawn: As Cinzas da República” com as expectativas bem controladas. Apesar de gostar da trilogia, nunca a considerei excelente. Portanto, não li o último volume no frenesi de encontrar uma obra-prima. Encontrei um bom livro de fantasia, com bons momentos, muitas vezes previsível, com diversas conveniências, com a aparição de romances cujo química me são inexistentes, e com um desfecho e explicações que me agradaram. Gostei dos momentos líricos e da mitologia poetizada. A jornada da protagonista que muitos afirmam ser cansativa, achei tolerável e divertida. As cenas de sexo me são descartáveis e a representatividade inserida pelo autor me soa forçada.

As notas de rodapé obviamente aparecem novamente, mas desta vez de maneira mais equilibrada. O autor quebra a quarta parede e  muitas vezes dialoga com os leitores, brincando inclusive com as reclamações recebidas por ele a respeito das detestáveis notas. Os diálogos continuam oscilando (com adultos falando como adolescentes) e as cenas de ação continuam boas. Darkdawn não eleva e nem diminui o nível da trilogia. Pra mim ficou na média. Se ainda está pensando se vale ou não a pena embarcar nessa leitura, te digo apenas que Mia Corvere é uma protagonista que vale a pena conhecer. Dê uma chance a si mesmo de conhecer uma garota que jamais se ajoelhou, jamais cedeu, que nunca, jamais, permitiu que o medo fosse  seu destino.

 

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Sobre o autor

Fernando Lafaiete

O que vocês devem saber sobre mim? Me Chamo Fernando Henrique Lafaiete, mas vocês podem me chamar de China. Apelido este, dado pelos meus melhores amigos. Sou viciado em leitura, sou poliglota, auditor de hotel, professor de inglês, fã de fantasia, fã de livros policiais, fã de YA, fã terror e fã de clássicos. Luto ao máximo contra o preconceito literário que alimenta a conduta dos pseudo-intelectuais e sou fã de animes e qualquer coisa que envolva super-heróis. Amo escrever todo tipo de texto, em especial resenhas. Espero que minhas opiniões sejam de alguma valia para todos que tiverem acesso as mesmas. Sou sempre sincero e me comprometo a dividir minhas opiniões da maneira mais verdadeira possível. Agradeço o convite para fazer parte do grupo de resenhistas do site e que minha presença aqui seja duradoura.

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