*****************************NÃO contém spoiler*****************************
Autor: Jay Kristoff
Editora: Plataforma21 / Gênero: Dark Fantasy / Idioma: Português / Páginas da trilogia: 1.904
“NUNCA TREMA, NUNCA TEMA E NUNCA, JAMAIS, ESQUEÇA.”
No céu três sóis brilham em seus estados majestosos, enquanto a noite se rasteja pelos cantos de uma cidade já morta. No céu a lua se faz inexistente e entre os mortais um corvo caminha silenciosamente a espera do momento certo para se vingar. Mia Corvere é uma garota, uma guerreira, uma lenda e uma assassina. Talvez você já tenha ouvido falar sobre ela; e independente de suas impressões, uma coisa é certa… A tema e nunca a subestime. Entre intrigas, segredos, rebeliões, assassinatos e poderes a serem venerados e temidos, “Crônicas da Quasinoite” ocupa seu espaço com maestria entre as Dark Fantasies a serem conferidas. Ah caros leitores… se gosta de uma boa pancadaria, notas de rodapé e muito sangue, a elogiada trilogia de Jay Kristoff é pra você.
“— Para Conquistar o verdadeiro poder você só precisa ter a determinação para fazer o que os outros não fazem.”
Com referência a jogos de RPG, “Harry Potter” e “As Crônicas de Gelo e Fogo”, a jornada da vingativa Mia Corvere surpreende em alguns momentos, nos intriga em outros e as vezes flerta com a decepção. A obra de Kristoff vista por muitos como a 8ª maravilha do mundo, me despertou sentimentos conflitantes ao longo da leitura, as quais muitas vezes me deixaram pensativo. Após ser testemunha do assassinato de seus pais e irmão, a protagonista desenvolve um desejo incontrolável por vingança (à la Jorg da “Trilogia dos Espinhos”), e devido a isso resolve se juntar ao um grupo de assassinos treinados em uma afastada e misteriosa escola. Com o poder de controlar as sombras e com um gato – que é extensão de seus poderes – como companheiro que possui o dom de consumir seus medos e incertezas, Mia embarca em uma jornada de autoconhecimento, aprimoramentos de suas habilidades e o desejo de se banhar no sangue daqueles que considera seus inimigos.
“VIDA É DOR, PERDA E SACRIFÍCIO.”
“Nevernight: A Sombra do Corvo” promete muito, mas pra mim não entrega tanto assim. Apesar de possuir muitos momentos brutais, o achei menos sanguinário do que imaginei e gostaria que fosse. A protagonista é excelente, mas as relações amorosas construídas pelo autor e que orbitam ao redor da personagem central, não me convenceram em nenhum dos três volumes. Os diálogos oscilam entre maduros e infantis, e as tão comentadas notas de rodapé muitas vezes enchem o saco. E não me refiro a 3 ou 4 linhas de notas. São notas de rodapé de 2, 3 páginas. Algumas trazem complementos interessantes que nos contextualizam sobre os aspectos políticos do mundo. Outras passam a impressão de estarem ali apenas para encherem linguiça. Quando a leitura começa a pegar ritmo, surgem as benditas (malditas na verdade!) notas de rodapé que quebram o dinamismo da leitura e chegam a cansar. Apesar disso, o livro deixa o sentimento e desejo de consumirmos mais e mais tanto da protagonista quanto do universo.
“Godsgrave: O Espetáculo Sangrento” traz uma ambientação interessante, um romance que eu detestei e caminhos tortuosos que acrescentam bastante na narrativa. O autor alimenta nossa curiosidade e nos deixa ansiosos sobre os mistérios acerca da protagonista e do mundo a qual ela está inserida. De onde provém o poder das sombras? Quão poderosos são seus inimigos e em quem ela deve confiar? Disposta a tudo para alcançar seu objetivo, Mia entra em um torneio sanguinário onde ela terá que se banhar no sangue de muitos para ter a chance de alcançar o sangue daqueles que deseja. Mais frenético, mais revelador e surpreendente, Godsgrave sobe um degrau, aumentando o nível da trilogia e entregando um final instigante. Entre inimigos e aliados, a temida assassina construirá um mar de corpos e membros decepados onde ela caminhará com o queixo erguido e com o sorriso no rosto, sabendo que sua tão desejada vingança se aproxima.
Infelizmente, as queridíssimas notas de rodapé dão as caras novamente.
QUANDO SANGUE É TUDO. TUDO É SANGUE.
Mas a trilogia termina bem?
Caros e estimados leitores, pra muitos o grande e esperado desfecho foi a personificação da decepção. Para outros (a maioria) foi um desfecho que fez jus a toda a obra. Pra mim foi um final ok, que condiz com o universo e com a trama. Comecei a leitura de “Darkdawn: As Cinzas da República” com as expectativas bem controladas. Apesar de gostar da trilogia, nunca a considerei excelente. Portanto, não li o último volume no frenesi de encontrar uma obra-prima. Encontrei um bom livro de fantasia, com bons momentos, muitas vezes previsível, com diversas conveniências, com a aparição de romances cujo química me são inexistentes, e com um desfecho e explicações que me agradaram. Gostei dos momentos líricos e da mitologia poetizada. A jornada da protagonista que muitos afirmam ser cansativa, achei tolerável e divertida. As cenas de sexo me são descartáveis e a representatividade inserida pelo autor me soa forçada.
As notas de rodapé obviamente aparecem novamente, mas desta vez de maneira mais equilibrada. O autor quebra a quarta parede e muitas vezes dialoga com os leitores, brincando inclusive com as reclamações recebidas por ele a respeito das detestáveis notas. Os diálogos continuam oscilando (com adultos falando como adolescentes) e as cenas de ação continuam boas. Darkdawn não eleva e nem diminui o nível da trilogia. Pra mim ficou na média. Se ainda está pensando se vale ou não a pena embarcar nessa leitura, te digo apenas que Mia Corvere é uma protagonista que vale a pena conhecer. Dê uma chance a si mesmo de conhecer uma garota que jamais se ajoelhou, jamais cedeu, que nunca, jamais, permitiu que o medo fosse seu destino.