*****************************NÃO contém spoiler********************************
Autora: Taylor Jenkins Reid
Editora: Paralela / Gênero: Romance – drama / Idioma: Português / 320 páginas
Sincero, esse talvez seja o melhor adjetivo a ser utilizado para descrever Depois do Sim, o romance de Taylor Jenkins Reid escrito e publicado originalmente em 2014, antecedendo seus dois maiores e inquestionáveis sucessos Os Sete Maridos de Evelyn Hugo (2017) e Daisy Jones & The Six (2019). Muito diferente de suas aclamadas obras, o romance supracitado entrega uma narrativa mais “real” e mais acessível, possibilitando desta forma, uma maior conexão com a realidade apresentada, o que pode causar em alguns leitores desconfortos, reflexões mais palpáveis e uma experiência que transcenda o simples contato ficcional leitor versus obra.
Retratando inseguranças, decepções e um possível processo de separação proveniente de uma crise conjugal, a autora nos leva a analisarmos como espectadores externos a relação de outrem como se parte do mesmo fizéssemos. Com situações muito próximas da realidade de qualquer relação humana, Reid nos imerge em uma narrativa em que nos coloca em posições de juízes, em que situações, personagens e decisões nos são dadas como peças a serem analisadas de maneiras isoladas e conjuntas, na vã tentativa de entendermos as tão complexas relações humanas que nos movem e nos fazem planejar futuros ainda inexistentes, ou talvez presentes frágeis demais para serem mantidos.
Nada fabuloso e muito menos no mesmo nível das grandes histórias da escritora, Depois do Sim é o simples funcional, que apresenta bons personagens, fluidez, boas questões e um bom desfecho. Com capítulos curtos e agilidade narrativa, a trama nos envolve e se desenvolve a nos deixar pensativos sobre questões como tolerância, respeito, amor e a importância de recomeçarmos.
Com trechos e decisões por vezes questionáveis, a obra coloca em evidência as imperfeições que nos rondam e nos fazem ser falhos. O que transforma Depois do Sim em um claro reflexo da realidade, como se o livro se preocupasse muito mais em retratar o mundo como ele é, do que em agradar seu público alvo com meros caminhos ficcionais e simulativos. Colocando a protagonista em uma posição em que a mesma precisa se analisar como indivídua, se colocando como a responsável pelas rédeas da própria vida, a autora demonstra que o coletivo não pode e nem deve ditar as importantes escolhas que fazemos acerca de quem queremos ser e com quem (e se) queremos trilhar um caminho e construir seu respectivo futuro. Um romance de leitura agradável que mostra que apesar das dificuldades e dúvidas que um relacionamento pode inevitavelmente nos despertar, nunca devemos desistir. Nunca foi dito que seria fácil, talvez por isso valha a pena tentarmos, tentarmos e tentarmos antes de decidirmos que o melhor a se fazer é seguir em frente em busca daquilo que nos fará novamente felizes.
