
Drácula: A Última Viagem do Deméter | André Ovedral

*********************************NÃO contém spoiler********************************
Explorando com uma suposta profundidade e detalhadamente o capítulo VII do romance de Bram Stoker, André Ovedral – roteirista e diretor – de Drácula: A última viagem do Deméter, se propõe a nos entregar uma narrativa angustiante que antecede os principais acontecimentos do famoso clássico do horror. Com tomadas claustrofóbicas e diálogos e movimentos de câmeras ágeis e por vezes abruptas, o mais novo filme vampiresco do universo Stokeniano, navega em águas sombrias, que se sustentam mais pelo terror embutido no roteiro do que por qualquer outro elemento que eu pudesse citar.
Se aproveitando da liberdade artística, Ovedral nos apresenta novos personagens e um novo Drácula, que aqui carece de uma atuação mais significativa e que se respalda pelo horror mais puro e simples, que apesar da superficialidade do roteiro em quase sua plenitude, ainda consegue nos entregar o que talvez seja o mais assustador Drácula já visto em uma adaptação.
Com situações absurdas que escancaram a pobreza do enredo e a imbecilidade dos personagens, A última viagem do Deméter dúvida de forma escrachada da inteligência do público e entrega o básico; não inovando, não surpreendendo e pecando até mesmo em personagens que sofrem pela falta de desenvolvimento e de carisma. Se analisado de maneiro simplória, o mais novo filme do diretor de filmes como A Autópsia e Mortal, entrega boas cenas de terror e a tão necessária tensão, que é o mínimo que se pode esperar de um filme do gênero.
Com atuações que se mesclam entre o mediano e o medíocre, o filme em questão infelizmente passa longe de ser uma obra digerível que se faça por merecer as mais básicas das manifestações de satisfação. Não foi o pior filme que já vi, mas me decepcionou pela expectativa que tinha e por ser a adaptação parcial de uma obra literária magnânima.
Pra quem procura algo que valha a pena ser visto e que mais se aproxima de honrar a obra de Stoker, a adaptação de 1992 protagonizada por Keanu Reeves e Winoma Ryder, ainda permanece como a melhor entre tantas as outras que vieram depois. No mais, A última viagem do Deméter deve ser visto com zero expectativas e se possível, no sofá de casa; pois por mais que tenha bons sustos, não vale o ingresso do cinema.