Mundo das Resenhas
Injustiça: Deuses Entre Nós (Ano Um) Injustiça: Deuses Entre Nós (Ano Um)
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******************************NÃO contém spoiler****************************** Autor: Tom Taylor Colorização: Andrew Elder, Jheremy Raapack, Mike S. Miller (…)  Editora: Panini / Idioma: Português / 424 páginas Superman:... Injustiça: Deuses Entre Nós (Ano Um)

******************************NÃO contém spoiler******************************

Autor: Tom Taylor

Colorização: Andrew Elder, Jheremy Raapack, Mike S. Miller (…) 

Editora: Panini / Idioma: Português / 424 páginas

Superman: O maior super-herói da Terra, O Homem de Aço, a justiça em forma “humana”, protetor dos fracos e oprimidos. Um homem justo e controlado, que nunca abandona ou fere os amigos. Que apesar de tudo, respeita as decisões dos governantes da Terra e que jamais seria capaz de ferir alguém de forma permanente. Mas e se todas essas descrições fossem por água abaixo e o tão famoso herói perdesse o controle e se tornasse uma pessoa perigosa que agisse de forma assustadora e ditatorial? Após um acontecimento aterrador, Superman se torna aquilo que ele sempre abominou… um ser que precisa ser detido. Em “Injustiça: Deuses Entre Nós”, o descontrole toma conta dos heróis, e a linha tênue que separa heróis de vilões passa ser transposta por aqueles que antes eram a personificação do que é ser justo.

Inspirado no jogo de mesmo nome desenvolvido e lançado em abril de 2013 pela NeatherRealm Studios e Warner Brothers Games, a elogiada obra trás questões importantíssimas a serem refletidas e discutidas, além de diferenças significativas quanto à obra original. No jogo vemos combates dinâmicos, com uma jogabilidade mais que bacana (em duas dimensões, com os cenários em três), além da inserção de personagens de “Mortal Kombat”; como é o caso de “Injustice: Gods Among Us: Ultimate Edition”. Já na série de banda desenhada, não temos os personagens da franquia “Mortal Kombat”, apenas os famosos heróis da DC, interagindo entre si e agindo de formas questionáveis. Em um mundo onde Superman comanda os heróis em uma insana tentativa de trazer a paz ao mundo, decretando um cessar fogo mundial; vemos tão importante decisão sendo sustentada por ações absurdas onde os heróis parecem não ter limites; onde as vidas de alguns parecem não significar nada diante de uma causa maior. Com cenas chocantes que despertam medo e horror, vamos acompanhando embates entre Superman e Batman, enquanto vemos o mundo se tornando em algo onde o que devemos temer são os atos daqueles tidos como super-heróis.

A narrativa é instigante e inteligente, onde a construção de tudo que compõe a HQ são impecáveis. A desconstrução das personalidades dos heróis é muito bem desenvolvida e as loucuras abordadas trazem peso à trama e verossimilhança com a realidade. Vemos diálogos questionadores e questões políticas caminhando lado a lado com a linha ficcional da trama. “Injustiça: Deuses Entre Nós”, aborda temas atuais de forma a nos deixar perplexos com suas assertividades. Seria o armamento da população a solução dos problemas de segurança? A vida de uma pessoa vale menos se comparada com a vida de milhares? Discursos de ódio e manipulações da massa de uma nação é a solução para o fim das injustiças políticas, sociais e criminais? Fazer justiça com as próprias mãos é a solução para o extermínio da criminalização? Criminosos não merecem julgamentos justos e / ou uma segunda chance na sociedade? Idolatrar alguém que defende ações radicais não seria o mesmo que alimentar um fanatismo predatório?

O enredo da referida HQ é feroz, poderoso e amargo. O desenvolvimento é fascinante, nos diverte e nos deixa horrorizados. É difícil encararmos as atitudes de Superman sem sentir repulsa. É complicado acompanhar o apoio inquestionável de Mulher-Maravilha diante de atrocidades cometidas pelo homem de aço. Mas também é complicado apoiar o Batman sem também nos questionarmos acerca de suas decisões. Apoiar a ressocialização de criminosos que podem vir a cometer novos crimes (alguns hediondos) não nos tornariam em cúmplices indiretos de tais crimes? Sermos benevolentes  ou compreensíveis com ações de guerra não nos torna em pessoas amortecidas diante das atrocidades políticas e militares? O que é ser um herói quando as ações de tais pessoas são pífias diante dos acontecimentos maiores do mundo?

Os traços e aparências dos personagens de “Injustiça” é baseado nos “Novos 52”. O jogo contou com a supervisão dos escritores Justin Gray e Jimmy Palmiotti, responsáveis por manterem as vozes dos personagens e construírem uma narrativa convincente. Já a HQ foi escrita e desenvolvida por Tom Taylor, roteirista também de “Guerra nas Estrelas”. A arte é incrível, assim como a colorização, que é realizada por artistas diversos. E caso você não saiba, “Injustiça: Deuses Entre Nós” seria adaptada nos cinemas através do diretor Zack Snyder… daí a explicação do pesadelo de Batman no filme “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”, assim como serve de explicação para a enigmática fala na primeira aparição de Flash para Batman.

“Injustiça: Deuses Entre Nós” é uma preciosidade e uma HQ tão fenomenal que me deixou não só viciado na leitura, como me deixou embasbacado com sua força e reflexões. Uma história que não deixa a desejar em nada, e que trabalha com profundidade todas as camadas que a compõe. Uma obra-prima para se ler e reler.

[stellar]
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Fernando Lafaiete

O que vocês devem saber sobre mim? Me Chamo Fernando Henrique Lafaiete, mas vocês podem me chamar de China. Apelido este, dado pelos meus melhores amigos. Sou viciado em leitura, sou poliglota, auditor de hotel, professor de inglês, fã de fantasia, fã de livros policiais, fã de YA, fã terror e fã de clássicos. Luto ao máximo contra o preconceito literário que alimenta a conduta dos pseudo-intelectuais e sou fã de animes e qualquer coisa que envolva super-heróis. Amo escrever todo tipo de texto, em especial resenhas. Espero que minhas opiniões sejam de alguma valia para todos que tiverem acesso as mesmas. Sou sempre sincero e me comprometo a dividir minhas opiniões da maneira mais verdadeira possível. Agradeço o convite para fazer parte do grupo de resenhistas do site e que minha presença aqui seja duradoura.

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