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******************************NÃO contém spoiler******************************

 

RESENHA POSTADA ORIGINALMENTE NO SKOOB NO DIA 05 DE  SETEMBRO DE 2017

 

Autor: Stephen King

Editora: SUMA / Gênero: Terror / Idioma: Português / 1.103 páginas

Ler “IT: A Coisa” foi uma experiência única e mais do que prazerosa. Sem sombras de dúvidas este livro é uma das melhores histórias que já li. Tanto no quesito técnico de escrita quanto no quesito ligação emocional que eu tive com os personagens. Esta obra não é considerada a grande obra-prima do medo à toa. O livro é tão imersivo que as 1.103 páginas voam. E quando eu terminei de lê-lo, senti um vazio gigantesco.

 MAS DO QUE SE TRATA?

Assim como alguns outros livros do autor, “IT: A Coisa” irá se passar na cidade fictícia de Derry, na região do Maine. É nesta pacata cidade que crianças começam a sumir, e dias depois seus corpos são encontrados mutilados. Durante estes eventos, sete crianças acabam tendo contato com uma força sobrenatural, mas por sorte ou não, acabam sobrevivendo.

Bill (O garoto traumatizado), Bev (a garota abusada emocionalmente pelo próprio pai), Ben (O garoto gordo que sofre bullying na escola), Richie (O engraçadinho da turma), Mike (O garoto que é perseguido por ser negro), Eddie (o garoto doente) e Stan (o judeu da turma). Estas crianças acabam se unindo contra esta força maligna que assombra a cidade que moram.

Este famoso ser da literatura é Pennywise, um “palhaço” que atraí e muitas vezes se alimenta de suas próprias vítimas.  Ele não é apenas um palhaço assassino. É uma criatura que assume a forma de nossos piores medos. Durante a leitura fui surpreendido por perceber que apesar de ser considerada a grande obra prima do medo, “IT” é muito mais um livro sobre amizade do que uma história de terror. A amizade que se forma entre os protagonistas é sensacional e possui muito amor e confiança envolvidos. Estas relações são magnificas e muito bem exploradas na narrativa. King prova que com fé e união tudo pode ser superado. A maneira que ele vai apresentando e desenvolvendo os personagens é de deixar qualquer pessoa de queixo caído. Este é o típico livro que pode e merece ser considerado uma das perfeições narrativas da literatura mundial.  São muitos personagens, mas nenhum é desenvolvido de maneira rasa ou insatisfatória.

O livro possui sim alguns momentos bem tensos, mas em minha opinião, o terror é apenas um detalhe e é facilmente superado pelas emoções humanas apresentadas.  Os personagens coadjuvantes são muitas vezes mais assustadores do que o próprio “palhaço. ” King além de mostrar a união dos personagens centrais; também irá falar e mostrar até aonde a crueldade do ser humano pode chegar. Alguns personagens são tão ruins que cheguei a sentir ódio, asco e um medo incontrolável. “IT: A Coisa” é um livro sobre preconceitos, crueldade, amizade, amor, confiança e superação de traumas e medos.

 NOTAS DE REFERÊNCIAS:

A amizade apresentada e o clima da história me lembraram bastante a série “Stranger Things” e o livro/filme “Os Goonies. ” Aliás, preciso reforçar que existem coisas e situações extremamente semelhantes entre a série supracitada e a obra de King. Sobre a amizade da história, eu nem sei qual eu amo mais, se a amizade aqui encontrada, ou se a amizade de “Stranger Things” ou de “Harry Potter”. Queria muito fazer parte do clube dos ótarios. O clube formado pelos personagens do mestre do terror.

O TERROR DE IT E DE OUTROS CLÁSSICOS DO GÊNERO

Como citado anteriormente, “IT” não me soou assim tanto como um livro de terror pesado e angustiante. Se comparado com outros livros do autor, “Misery” e “Escuridão Total sem Estrelas” me causaram mais incômodo neste aspecto. Embarquei na leitura esperando encontrar um livro que fosse me deixar arrepiado e com muito medo. Mas eu me diverti muito lendo e cheguei a rir em diversos momentos. Claro que pra quem tem fobia de palhaços, o impactado será muito maior.

Achei o clima de terror do livro parecido com o clima de “O Exorcista. ” O clássico de William Peter Blatty também passa um clima de tensão, mas não chega a assustar. Pelo menos foi o que ocorreu comigo.  No quesito terror, eu ainda acho “O Bebê de Rosemary” muito mais assustador. Quando terminei de ler o clássico de Ira Levin, senti uma energia negativa. O livro é desenvolvido e termina de maneira tão estranha que cheguei a ficar arrepiado e assustado durante a leitura. Algo que não aconteceu com “IT.” Ainda assim, a história de King é superior se formos avaliar a obra como um todo. Isso é inegável!!

KING, STOKER & CHARLES DICKENS

Pra quem deseja lê-lo, devo mais uma vez reforçar que o rei do terror é extremamente prolixo. Na obra em questão sua prolixidade está no auge.  Stephen King tem uma escrita muito parecida com a escrita de Bram Stoker em “Drácula. ” Ele desenvolve a história de maneira lenta e vai apresentando os personagens tranquilamente. A construção do suspense e os acontecimentos vão sendo desenvolvidos sem demonstrar um pingo de pressa. Ele é detalhista e descrições não faltam. King também já afirmou em algumas entrevistas e também no livro “Sobre a Escrita” que Charles Dickens e o seu grande clássico “David Copperfield” serviram de inspiração para a criação e desenvolvimento dos personagens e da história da obra aqui resenhada.

De fato, a quantidade de personagens e a maneira que a história se desenvolve realmente lembra a escrita do maior escritor da literatura inglesa. “IT” é o livro mais Dickensiano de King. Stephen King afirma que Charles Dickens é o William Shakespeare dos romances. E eu afirmo que King é o Dickens do terror!

ESTILO NARRATIVO

Stephen King apresenta um texto que brinca muito com a linha temporal da história. Acompanhamos os personagens ainda crianças em 1958 e em 1985, 27 anos depois. A narrativa intercala entre passado e presente. Quase no final do livro o autor brinca com este aspecto da história e vai intercalando de maneira genial as linhas temporais de maneira simultânea. Os capítulos se ligam de um jeito que nunca vi em nenhum outro livro. Fantástico!

CURIOSIDADES SOBRE A OBRA

1 – No filme Donnnie Darko, a mãe do personagem principal é vista durante uma cena lendo uma versão do livro “IT.”

2 – King iniciou a escrita de “IT” em 1981, finalizou a obra em 1985 e a mesma foi publicada pela primeira vez em 1986.

3 – Durante as primeiras exibições da adaptação de 1990, algumas pessoas passaram alguns dias tendo pesadelos com palhaços.

4 – O livro tem uma ligação bem forte com a série “A Torre Negra. ” Não posso dizer que ligação é essa porque seria spoiler.

5 – Os protagonistas de “IT” aparecem em outras obras do autor.

6 – Durante o trabalho de Marketing da nova adaptação (essa de 2017), as autoridades da Pensilvânia se mostraram extremamente preocupadas.  Segundo relatórios da polícia, o filme está fazendo com que a criminalidade aumente. Muitas pessoas vestidas de palhaços estão cometendo atos de agressões e vandalismo no país. O alerta na Pensilvânia é: “Fuja de qualquer pessoa vestida de palhaço. E não fique nas ruas depois de escurecer. ”

7 – O livro “IT” finaliza e inicia o novo ciclo de Stephen King como escritor. Segundo críticos literários, depois deste livro, os que foram escritos posteriormente não possuem o mesmo estilo e nem o mesmo nível dos romances anteriores.  (*Discordo desta afirmação. Pois “Misery” foi escrito depois e é um baita livro, não devendo nada para livros como “O Iluminado”, “Cujo” etc…)

8 – O ator Jonathan Brandis que interpretou o personagem Bill na adaptação de 1990 se suicidou em 12 de novembro de 2003 com 27 anos.  A idade a qual o ator morreu assombra alguns fãs da obra. Pois é de 27 em 27 anos que Pennywise ressurge na história.

 

ADAPTAÇÕES

IT: 1990

A adaptação de 1990 é considerada até hoje um dos maiores clássicos do cinema e do terror. A atuação de Tim Curry como Pennywise é aclamada por fãs e críticos. Assim que terminei de ler a obra, fui correndo assistir este famigerado filme. E o que eu achei?? Para uma adaptação dos anos 90 ela até que é bastante fiel. Mas o filme em si não me agradou. Não gostei da escolha de elenco, não gostei das atuações e não gostei dos cortes realizados. Achei o enquadramento da câmera horrível. Muitas vezes o rosto dos atores é cortado e os closes são desnecessários.

A tão elogiada atuação de Tim Curry também não funcionou comigo. Achei muito caricata e nem um pouco assustadora. O Pennywise do filme é engraçado e enquanto eu assistia, cheguei a rir todas as vezes que ele aparecia. Pra mim o palhaço assassino funcionou muito mais como alívio cômico do que um elemento de terror.  Tudo no filme é amenizado e isso faz com que ele passe longe de ser um bom filme. Claro que tudo isso tem a ver com a época que ele foi produzido. Mas devido a fama desta adaptação eu esperava bem mais da direção e das atuações. Nota: 7

Adaptação de 2017 – IT: A Coisa Parte I:

Não falarei muito aqui sobre esta adaptação atual. Mas posso afirmar que o filme é excelente. A escolha do elenco foi fenomenal e o filme é maravilhosamente bem dirigido. Possui alguns momentos cômicos que são muito bem inseridos e que causam um bom equilíbrio com as cenas de jump scare. Existem algumas mudanças em comparação com o livro, mas eu as achei bem pertinentes e bem necessárias. Gostei muito de tal adaptação e espero que a continuação seja tão boa quanto.

***

Assim como grandes clássicos como “A Divina Comédia”, “David Copperfield”, “Os Miseráveis”, “O Sol é Para Todos” entre outros… “IT” é um livro que todo mundo deveria ler pelo menos uma vez na vida! Uma obra genial, muito bem escrita, com excelentes personagens e com excelentes temas abordados.  Um livro que mostra que o amor e a fé das crianças são coisas imensuráveis e que nunca devemos desistir de viver. Com Fé tudo pode ser vencido!

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A PARTE ABAIXO CONTERÁ SPOILER. PRECISO COMENTAR SOBRE ALGO QUE ME INCOMODOU. MESMO DEPOIS DE TER PESQUISADO MUITO E LIDO UM ARTIGO MARAVILHOSO SOBRE A OBRA; NÃO MUDEI MINHA OPINIÃO SOBRE O QUE OCORRE NO FINAL! PRA QUEM NÃO LEU A OBRA, ACONSELHO A NÃO LER A PARTE ABAIXO***

O QUE ME INCOMODOU?

A cena de sexo entre a Berverly de 12 anos com seus outros 6 amigos no final do livro.

POR QUE ME INCOMODEI?

A Beverly é a única personagem feminina que tem espaço e peso dentro da narrativa. Arrumar uma solução sexual envolvendo a “única” mulher da história foi algo que não me agradou e o qual eu achei completamente desnecessário. Em minha opinião, tal momento me pareceu bem deslocado e destoou e muito de toda a narrativa.

Li alguns artigos sobre tal situação, e alguns afirmam que tal cena é um dos momentos mais bonitos da história. Segundo alguns críticos, o momento em que Beverly decide entregar sua virgindade a seus amigos com a intenção de reforçar o laço de amizade entre eles é o momento que prova que o sexo não deve ser visto como uma obrigação ou como algo doloroso para as mulheres. O sexo deve ser visto como algo bonito que deve ser compartilhado com quem você confia e ama. O momento da relação sexual entre os personagens é o momento que prova que a amizade entre os protagonistas é algo que está acima da compreensão de muitas pessoas. É também o momento que marca a passagem de menina para mulher de Beverly. O momento da perda da inocência da personagem. Apesar destas afirmações, a maneira que eu fui educado, não me permite enxergar este momento como emocionante ou bonito. Não me senti confortável lendo tal cena e achei que King poderia ter arrumado uma solução mais convincente.

De qualquer maneira, este livro se tornou um dos meus livros favoritos da vida; e até o presente momento é o meu livro favorito do referido autor. Leitura mais que indicada!!

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(CONFIRA A PRIMEIRA RESENHA PUBLICADA  DE IT: A COISA CLICANDO AQUI)

(CONFIRA A RESENHA DE A INCENDIÁRIA CLICANDO AQUI)

(CONFIRA A RESENHA DE DAVID COPPERFIELD CLICANDO AQUI)

(CONFIRA A RESENHA DE OS MISERÁVEIS CLICANDO AQUI)

(CONFIRA A RESENHA DE A DIVINA COMÉDIA CLICANDO AQUI)

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