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Macunaíma: O retrato cultural de uma nação Macunaíma: O retrato cultural de uma nação
******************************NÃO contém spoiler****************************** Macunaíma: O Herói Sem Nenhum Caráter Autor: Mário de Andrade Editora: Penguin Companhia / Gênero: Clássicos brasileiros / Idioma: Português /... Macunaíma: O retrato cultural de uma nação

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Macunaíma: O Herói Sem Nenhum Caráter

Autor: Mário de Andrade

Editora: Penguin Companhia / Gênero: Clássicos brasileiros / Idioma: Português / 232 páginas

Bordão do protagonista: “Ai que preguiça!”

Considerado um dos grandes nomes do movimento modernista no Brasil, Mário de Andrade juntamente com Oswald de Andrade e Manuel Bandeira formam a Tríade modernista responsável por consolidar novas formas de expressão artística em nosso país. Com “Macunaíma”, o clássico satírico e de cunho político e social, o autor causa uma ruptura cultural, se distanciando do que era feito anteriormente; apresentando uma obra que tem por objetivo construir e reafirmar todo o significado nacional de ser. Ressignificando nossa forma de enxergar os pilares nacionalistas e os movimentos artísticos e linguísticos. A obra apresenta um personagem imperfeito que caracteriza de forma verossímil as características do povo brasileiro. Macunaíma, o personagem título, índio, proveniente de uma tribo amazônica e preguiçoso, se vê desesperado ao perder um importante amuleto (muiraquitã) dado por sua amada. Ao descobrir que o valioso objeto se encontra em São Paulo, embarca com seus dois irmãos em uma viagem fantástica para readquiri-lo. Seus comportamentos desde o início da narrativa são questionáveis, o que o diferencia e muito de Guarani, outro importante personagem indígena de nossa literatura, criado por José de Alencar.

A obra de Andrade causa estranheza e dificuldade por apresentar distorções de espaço e tempo, não respeitando uma certa linearidade quanto a narração, reforçado por movimentações inverossímeis e surreais dos personagens, mistura de termos indígenas, termos regionalistas, neologismos e linguagem coloquial. Além de diálogos com personagens folclóricos e diversos simbolismos. O que torna “Macunaíma” em um retrato cultural rapsódico, que nos possibilita embarcarmos em uma leitura única, cheia de particularidades e mágica; apesar de toda a dificuldade que deste processo provém. Pertencente da “Semana de Arte Moderna” de 1922, a obra só foi de fato publicada em 1928. O autor mergulha nos aspectos literários europeus, absorve suas características, as remodela e cria um novo quadro artístico, que enriquece e dá origem a um novo e mais significativo modelo literário nacional.

Todo o desenvolvimento  é extremamente imersivo e toda a mágica da escrita transborda das páginas. Momentos lúdicos atrelados a ingenuidade do personagem com momentos ambíguos faz de “Macunaíma” uma preciosidade. Uma obra fantástica, esquisita, mas que me fez feliz do início ao fim. Em vários momentos cheguei a me emocionar com as descrições apresentadas e com a forma singular do personagem central de enxergar o mundo. Uma história rítmica, semelhante a poesia e a fábulas, capaz de encantar os leitores que se permitirem se encantar pela estranheza da obra. “Macunaíma” é uma narrativa crítica, cômica, fantástica e que ocupa um importante espaço em nossa literatura. Uma obra de arte que trouxe a identidade cultural que o nosso país precisava.

Se você deve ou não ler “Macunaíma”? Inegável que a resposta não poderia ser outra senão que uma positiva. Devo parafrasear Monteiro Lobato e um trecho retirado da edição da Câmera para o clássico aqui resenhado.

“Um país se faz com homens e livros”. “Podemos extrapolar e dizer que os sonhos de uma nação se tecem em sua literatura. A cada nova leitura dessas obras (as clássicas), os sentidos ali registrados se renovam, iluminando  o passado, contrastando-se com o presente e enriquecendo as aspirações para o futuro. Assim, mais que a história, a literatura é o testemunho palpitante de um povo.”

 

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Fernando Lafaiete

O que vocês devem saber sobre mim? Me Chamo Fernando Henrique Lafaiete, mas vocês podem me chamar de China. Apelido este, dado pelos meus melhores amigos. Sou viciado em leitura, sou poliglota, auditor de hotel, professor de inglês, fã de fantasia, fã de livros policiais, fã de YA, fã terror e fã de clássicos. Luto ao máximo contra o preconceito literário que alimenta a conduta dos pseudo-intelectuais e sou fã de animes e qualquer coisa que envolva super-heróis. Amo escrever todo tipo de texto, em especial resenhas. Espero que minhas opiniões sejam de alguma valia para todos que tiverem acesso as mesmas. Sou sempre sincero e me comprometo a dividir minhas opiniões da maneira mais verdadeira possível. Agradeço o convite para fazer parte do grupo de resenhistas do site e que minha presença aqui seja duradoura.

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