Mundo das Resenhas
Meio Sol Amarelo: A obra que precisa ser lida! Meio Sol Amarelo: A obra que precisa ser lida!
4.5
******************************NÃO contém spoiler****************************** Autora: Chimamanda Ngozi Adiche Editora: Companhia das Letras / Gênero: Ficção histórica / Idioma: Português / 504 páginas Falou em Chimamanda... Meio Sol Amarelo: A obra que precisa ser lida!

******************************NÃO contém spoiler******************************

Autora: Chimamanda Ngozi Adiche

Editora: Companhia das Letras / Gênero: Ficção histórica / Idioma: Português / 504 páginas

Falou em Chimamanda Ngozi Adiche eu já começo a leitura esperando o melhor do melhor. Não consigo não me impressionar com a força de sua escrita, que junto com seus personagens perfeitamente bem desenvolvidos nos transporta para uma narrativa crítica, vívida e mordaz. Em Meio Sol Amarelo a autora nos desafia a seguir em frente, deixando nossos sentimentos humanos ebulirem, transformando-se em sentimentos empáticos que irão colaborar para a nossa compreensão do contexto geral da obra. Mesclando a perspectiva de três personagens de identidades completamente diferentes tanto no quesito social quanto no quesito narrativo; Adiche desenvolve uma história poderosa, apaixonante e cruel.

A obra apresenta como pano de fundo a guerra civil da Nigéria que ocorreu entre 1967 e 1970, nos mostrando uma realidade aquém do aceitável. Com diálogos ácidos e irônicos, a autora vai dando voz aos personagens que se situam e se desenvolvem muito mais do que apenas peças de uma narrativa ficcional. Meio Sol Amarelo trata-se de uma obra de relacionamentos, de desenvolvimentos amorosos  e emocionais, de esperança, de crueldade e de ambição. É uma obra que desafia  leitor e personagens a caminharem lado a lado em uma jornada árdua, onde o final pode ou não ser dos mais agradáveis. Com a elegância de uma obra capaz de se tornar um clássico da literatura mundial, a obra de Chimamanda incomoda, nos faz refletir a todo momento e nos transforma.

“E é errado, da sua parte , achar que o amor não deixa espaço para mais nada. É bem possível amar e ainda assim ser condescendente em relação ao que se ama.”

Os personagens são ricos em suas complexidades e camadas e nos surpreende a cada virar de páginas. Olanna, a nigeriana rica cuja relação com a irmã gêmea  não é das melhores, se apaixona por Odenigbo, um professor universitário que sonha com uma revolução que fortalecerá seu país. Kainene, a irmã gêmea de Olanna, uma mulher de personalidade forte e decidida se apaixona por um jornalista branco e americano que sofre a pressão por não ser negro (Aliás, Richard é um personagem fantástico!!). Ugwu, o criado negro e podre de Olanna e Odenigbo se encanta com cada aspecto de um mundo até então desconhecido por ele, onde comida não falta e acesso a conhecimento se torna possível. Todos com suas camadas a serem desvendadas colaboram para o enriquecimento de uma narrativa maravilhosa e rica em detalhes.

Muito mais do que uma escritora feminista, Chimamanda Ngozi Adiche é uma autora de verdades a serem expostas. Verdades estas que vão muito além do âmbito feminista o qual a autora é muito conhecida. Ler uma obra como a aqui resenhada é um desafio que enriquece nossa bagagem literária e nos nos molda como leitores, nos deixando mais críticos, principalmente quanto a questões históricas e sociais, muitas vezes negligenciadas por quem se propõe a registrar os acontecimentos do mundo em geral. Meio Sol Amarelo expõe diversas particularidades sociais, de gênero e de nacionalidade, mostrando que a guera é repleta de sofrimentos distintos e que dizer que o mesmo é igual para todos pode ser um grande erro que muitos insistem em cometer.

“Terra amada e idolatrada do sol nascente

Pátria venerada de heroísmo valente;

Temos de defender a vida ou morrer lutando,

Vamos proteger a alma do inimigo avançando.

Mas se for a morte o preço desse amor,

Então que nos deixem morrer sem temor.”

Indico a autora e a obra de olhos fechados. Meio Sol Amarelo é pra quem deseja conhecer um momento histórico pouco conhecido, mas muito necessário. A realidade do outro pode não ser a nossa realidade, mas conhecê-la faz parte do processo de se construir um mundo melhor, onde respeito e tolerância com o diferente seja um dos pilares de uma nova sociedade a se construir.

[stellar]
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Fernando Lafaiete

O que vocês devem saber sobre mim? Me Chamo Fernando Henrique Lafaiete, mas vocês podem me chamar de China. Apelido este, dado pelos meus melhores amigos. Sou viciado em leitura, sou poliglota, auditor de hotel, professor de inglês, fã de fantasia, fã de livros policiais, fã de YA, fã terror e fã de clássicos. Luto ao máximo contra o preconceito literário que alimenta a conduta dos pseudo-intelectuais e sou fã de animes e qualquer coisa que envolva super-heróis. Amo escrever todo tipo de texto, em especial resenhas. Espero que minhas opiniões sejam de alguma valia para todos que tiverem acesso as mesmas. Sou sempre sincero e me comprometo a dividir minhas opiniões da maneira mais verdadeira possível. Agradeço o convite para fazer parte do grupo de resenhistas do site e que minha presença aqui seja duradoura.

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