******************************NÃO contém spoiler*******************************
“Mistborn” é o tipo de fantasia capaz de destruir um leitor de todas as maneiras possíveis. A fantasia épica de Brandon Sanderson faz parte do imenso universo criado pelo autor conhecido como Cosmere… Onde várias narrativas e universos se interligam de alguma maneira. Mas não se preocupem, não há a necessidade de se ler na ordem para que as trilogias, séries e livros standalones sejam compreendidas. Cada narrativa funciona de maneira própria, algo bem parecido com o que Stephen King faz em seu universo compartilhado.
“Mistborn” é sensacional e épico em um nível absurdo. Trata-se de um universo dominado por um tirano conhecido por Senhor Soberano, que governa um mundo onde não há luz do sol e que das nuvens despencam cinzas como se o mundo estivesse em constante decadência, se ruindo aos poucos. Este poderoso líder escraviza os menos favorecidos e é detentor de um poder capaz de mudar tudo ao redor. Com a intenção de derrubar o governo imposto, Kelsier, um Nascido da Bruma, escapa de uma das maiores prisões existentes e começa a liderar uma resistência formada por membros com capacidades diversas.
O sistema de magia é inovador e nos instiga de maneira impressionante. No começo parece complexo, mas aos poucos tudo vai fazendo sentido e nos puxa para dentro da história de maneira tão visceral, que parece que fazemos parte do grupo liderado pelo personagem central. A famosa e elogiada alomância, é um sistema de magia que funciona através da ingestão e queima de metais no organismo, onde cada metal dá a seu usuário um tipo de dom. Os Nascidos da Bruma são raros e os únicos capazes de queimar todos os metais existentes. Outras formas de magia provenientes da alomância também existem e funcionam através de outras vertentes, mas todas relacionadas com metais. (Para se fazer entender a complexidade destes sistemas, eu teria que escrever um texto só sobre eles, o que não é o objetivo no momento).
O universo de “Mistborn” será formada por 4 eras, que contemplam 4 trilogias e um livro extra. A primeira era é formada por “Mistborn: O Império Final”, “Mistborn: O Poço da Ascensão” e “Mistborn: O Herói das Eras. ” Se passa em um mundo definido por muitos como medieval apocalíptico. A segunda era é um vitoriano Steampunk, a terceira será um contemporâneo e a quarta era um space-opera. Através do passar dos anos vamos acompanhando não somente a evolução do mundo, mas também a evolução da magia que vai se adaptando e se readaptando as novas realidades, e isto é fenomenal.
É na primeira era que conhecemos Vin, a protagonista que sempre aparece na lista das melhores personagens femininas já criadas, além de aparecer na lista de favoritas da maioria dos leitores de fantasia. O desenvolvimento dela é impecável e deve ser encarado como uma aula de desenvolvimento narrativo. É poderosa, inteligente, determinada e muitas vezes louca. Correr não é com ela, o negócio é pular sozinha no meio do campo de batalha e mostrar pra todo mundo como é que se faz. São momentos alucinantes que me fizeram bater palmas de pé para esta personagem.
“Mistborn: O Império Final” é aquele livro que nos deixa anestesiados. Quando terminei de lê-lo, fiquei encarando a parede tentando entender como alguém é capaz de criar algo tão fabuloso. O segundo volume é tão incrível quanto, apesar de possuir alguns momentos morosos demais, relacionados com o relacionamento amoroso da protagonista. O terceiro livro chega ao ápice do que é ser épico. Tem um final que é pura emoção e que nos faz entender de vez (na verdade, reforça o que já é óbvio desde o primeiro volume) o porquê de Sanderson ser considerado um dos principais escritores de fantasia da atualidade.
Não existe um personagem desinteressante e nada é inserido por acaso. O que não fizer sentido após o final da primeira era, fará sentido conforme vamos lendo as eras vindouras. O vilão é imponente e chega a assustar não somente os personagens, mas também os leitores. Os seres mágicos pertencentes deste universo, fascinam e quando revelações sobre eles começam a ser entregues a nós (os meros mortais), nossa cabeça explode, o famoso blow mind.
“Mistborn” é uma das melhores trilogias de fantasia que já li, e me deixou tão impactado que fiquei sem reação me sentindo completamente vazio quando finalizei a leitura. Leio muita fantasia e nem todas que se denominam épicas de fato são. Mas “Mistborn” merece este título, e me deixou com uma sensação parecida com a que tive quando li “Senhor dos Anéis. ” A sensação de que certas obras merecem ser colocadas em um altar tamanho suas magnitudes. Top 3 para mim de fantasia atuais, assim como Sanderson é para mim top 3 de melhores autores de fantasia da atualidade. Não percam tempo… se ainda não leram, corram ler. “Mistborn” é de fato épico!
[…] o que senti enquanto lia a trilogia “Mistborn” de Brandon Sanderson (Confira a resenha clicando AQUI) e a duologia “Six of Crows” de Leigh Bardugo. As semelhanças param por aí… apenas […]