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******************************NÃO contém spoiler****************************

Quando o assunto é quadrinhos, Will Eisner é encarado como leitura obrigatória. Ele não é somente considerado o pai das graphics novels, como inspirou a criação da maior premiação de quadrinhos, que inclusive leva seu nome. Lê-lo deve de fato ser encarado como obrigação.  “Nova York: A Vida na Grande Cidade”, a caprichada edição lançada pela Companhia das Letras em 2009, reúne 4 “graphic novels” deste gigante da nona arte; sendo elas: “Nova York: A Grande Cidade”, “O Edifício”, “Caderno de Tipos Urbanos” e “Pessoas Invisíveis. ” São histórias excepcionais tanto em suas concepções quanto em suas execuções.

(https://www.pinterest.es/pin/162411130294744509/

Will Eisner prova que seu talento em contar histórias beirava o absurdo. Ele prova que era um excelente observador, além de ser um excelente desenhista e um excelente roteirista. Em “Nova York: A Grande Cidade” e em “Caderno de Tipos Urbanos”, o autor cria narrativas que apresentam situações comuns nas grandes cidades. Apesar de parecer pouco interessante lendo o que escrevi, o autor entrega tudo de maneira tão imersiva, que seus textos e desenhos nos puxam para dentro das páginas e faz com que nos sintamos mais um de seus personagens.

Em “O Edifício”, o autor me impressionou. Ele narra a vida de 4 pessoas, todas ligadas de alguma maneira com um prédio famoso da cidade. O desenvolvimento narrativo possui uma carga emocional que entrega ao leitor momentos reflexivos e emocionantes. As jornadas dos personagens são verossímeis e muitas poderão trazer identificações. O desfecho é impecável e eu fiquei tão impactado que esta graphic novel específica se tornou umas das melhores que já li.

“Pessoas invisíveis” é mais um choque de realidade; e junto com as demais histórias nos faz enxergar o que muitas vezes não queremos enxergar. Os textos expõem situações aparentemente absurdas e criticam o descaso do ser-humano com o ser-humano. Lendo, percebemos antes mesmo do autor esfregar em nossas caras, que vivemos nosso dia-a-dia muitas vezes sendo vistos, mas não percebidos. Ou sendo percebidos, mas não sendo vistos. No meio de tanta gente, de tanto empurra-empurra, de tanto barulho, de tantas cobranças, vivemos nossas vidas e tratamos os outros como se nada fossem. Um mendigo, um vizinho, um animal… na correria que se inicia logo pela manhã, todos são normalmente ignorados.

Eisner transforma tudo em personagens; os sons, os cheiros, os movimentos, os locais. É uma viagem completa pela cidade de Nova York, não romantizando nada. Tudo é mostrado com realismo, sentimentalismo e muitas vezes negativismo. Lendo uma HQ como essa, me pergunto como muitas pessoas conseguem encarar quadrinhos como sendo algo desinteressante e leitura para crianças? Agora entendo porque Will Eisner era/é venerado por todos que apreciam uma boa arte.

Suas páginas são como a tela de um quadro onde Eisner é o pintor que brincava livremente com o espaço e explorava a fundo a arte sequencial, mas não a distorcendo, deixando-a confusa. É tudo impressionante! Fico feliz de finalmente ter conhecido este gênio.

 

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