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*****************************NÃO contém spoiler****************************

(ANÁLISE DA OBRA E SEGUNDA OPINIÃO – CONFIRA A PRIMEIRA RESENHA POSTADA DE “O CONDE DE MONTE CRISTO” CLICANDO AQUI)

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Alexandre Dumas, o grande artista literário que através de sua escrita moldou narrativas que encantaram gerações, e que retratou a importância da literatura que o consagrou como o maior escritor de entretenimento francês; fez de “O Conde de Monte Cristo” uma obra que ultrapassou a linha tênue que separa e diminui a história apenas como algo concebido para entreter.

A obra em questão tem uma importância tão grande, que antecede o magistral “Os Miseráveis” de Victor Hugo (Confira minha resenha clicando AQUI e confira e resenha de uma versão resumida e postada de “Os Miseráveis” clicando AQUI), como uma das quatro principais obras-primas de importância histórica, quando o assunto é o retrato democrático e social da França. Um calhamaço de leitura fácil, que nos hipnotiza e nos leva a uma jornada grandiosa, que tem por objetivo, apresentar um protagonista que busca vingança aqueles que outrora lhe fizeram mal.

Edmond Dantès é um personagem encantador, que nos assusta tamanha a sua audácia, sua inteligência e sua sede por justiça. Após ser vítima da armação de três personagens que lhe invejam por motivos diversos, é preso injustamente no dia de seu noivado e passa quatorze anos enclausurado em uma das piores prisões da época. Com a ajuda do destino, consegue escapar, se torna milionário e ressurge das cinzas, como a mitológica ave grega, para se vingar de todos aqueles que foram os forjadores de seu sofrimento. Um tema que fascina a sociedade de maneira geral, que vê nesta jornada a chance de encarar a aplicação da justiça divina que tanto anseia, aplicada de forma humana. Mas é importante nos atermos à importância de outra grande obra-prima para a concretização da obra de Dumas.

Não é à toa que o protagonista deste monumento literário se chama Dantès. Assim como Dante de Alighieri, o personagem central de Dumas passa por três estágios bem distintos que podem ser encarados como o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, muito bem apresentados em “A Divina Comédia.” (Confira a resenha de “A Divina Comédia” clicando AQUI). Uma jornada de desconstrução e aprendizado psicológico que traz peso narrativo e nos faz refletir sobre os meambros da vingança como forma de libertação. Não se trata apenas de uma obra sobre vingança, mas sim este tema atrelado a libertação espiritual de um ser injustiçado.

“O Conde de Monte Cristo”, como entretenimento, tem a força de fluir como um rio tempestuoso, que nos leva a devorarmos as milhares de páginas em uma velocidade que surpreende. Estruturado como um romance de folhetim, os capítulos curtos possuem ganchos que te impedem de abandonar com facilidade a leitura e te forçam a continuar a ler, com a sede de descobrir qual o próximo passo a ser dado pelo justiceiro, que como um Deus, manipula e tece os caminhos a serem percorridos por aqueles que foram seus predadores, mas que agora se tornaram a caça.

O romance tem personagens tridimensionais, que são magistralmente bem trabalhados, e que nos entregam diálogos fascinantes, situações magníficas e que nos levam a um labirinto narrativo pouco visto nos romances. O desenrolar da trama é cheio de curvas, voltas e reviravoltas que nos deixam impressionados pela capacidade criativa de Dumas, independente das polêmicas que lhe envolvem como romancista.

As comparações com o grande poema épico da literatura italiana, são vários, e reforçam minha teoria de que o robusto romance aqui resenhado, nada mais é que o outro lado da moeda de “A Divina Comédia.” É o poema transformado em romance convencional, que transporta os círculos concêntricos de Alighieri, para a estrutura social francesa, alimentada pela poder monetário que dá força aos meros mortais de exercerem o papel de deuses sociais e de juízes carcerários.

É uma obra-prima que vai muito além do esperado de um romance folhetinesco, mas que apesar de trazer reflexões palpáveis e significativas, não perde a graça e nem se envergonha de ser o que é. Um livro que foi criado com o objetivo de divertir, de envolver e de surpreender, sendo acessível e menos pesado no que tange digestões mentais, o que o difere e muito com a grande outra obra já citada, a magistral histórica “Os Miseráveis.” 

Pra quem tiver oportunidade e interesse, leia “A Divina Comédia” antes de embarcar na jornada tecida por Dumas. É fascinante constatar e “reencontrar” os personagens épicos caracterizados de forma romantizada. Desde os animais que interrompem a progresso de Dante Alighieri, apresentados como os algozes do Dante de Dumas, até Virgílio representado como o abade Faria, o homem que irá lhe servir como mentor.

Apesar de suas amarras como escritor, Alexandre Dumas insere em “O Conde de Monte Cristo” mesmo que de forma mais leve, críticas sociais, políticas e psicológicas. Uma obra que foi taxada em sua época como subliteratura e que hoje é uma das obras mais importantes já escritas. A verdadeira grandeza literária eternizada, que nos enriquece como leitores, como críticos e como cidadãos.

CONFIRA ABAIXO UM VÍDEO SOBRE A OBRA NO CANAL LITERATURA FUNDAMENTAL:

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