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Por que tão ruim? Poderia começar esta crítica de diversas maneiras, mas achei apropriado iniciar com uma indagação que demonstra com clareza minhas dúvidas e desapontamentos em relação a nova série de super-heróis do momento. Inspirada nas HQ’s de Mark Millar, O Legado de Júpiter veio com a promessa de ser a pedra no sapato da concorrente Amazon Prime, batendo de frente com o estrondoso sucesso The Boys. Mas tamanha audácia não se concretiza quando o que temos é na verdade apenas um protótipo mal planejado de uma narrativa que poderia ter dado certo, se não fosse sustentada por infames decisões que apenas a rebaixa e a transforma em uma série que oscila entre o mediano e o ruim.
Mesclando os dois arcos dos quadrinhos – O Legado de Júpiter e Círculo de Júpiter – a suposta adaptação da Netflix apresenta a princípio um de seus poucos pontos fortes, entregando uma estrutura narrativa que trabalha bem as duas linhas temporais, explorando personagens e suas respectivas relações de maneira muito mais concreta e clara do que ocorre em suas histórias originais. Dando aos telespectadores a possibilidade de se contextualizar e entender de maneira mais plausível alguns acontecimentos, O Legado de Júpiter se desenvolve de forma a não deixar tantas peças desconectadas de maneira desconfortável e sem sentido, prejudicando a compreensão preliminar de quem decidir assistir aos oito episódios da série.
Entretanto, O Legado de Júpiter não empolga, é enfadonha, arrastada e repleta de deturpações e exageros. Não esperava encontrar uma adaptação fiel e muito menos algo que superasse e muito os arcos originais. Já bastante medianos, tanto Legado quanto Círculo apesar de rasos e mal desenvolvidos poderiam ter sido destrinchados, analisados e unidos de forma a dar origem a um roteiro mais equilibrado e menos piegas do que o que nos foi infelizmente disponibilizado.
Com efeitos especiais aquém do esperado – alguns dignos de séries B – e cenas de ação mal coreografadas e que dão preguiça, O Legado do Júpiter deixa no ar já logo nos primeiros episódios a questão: Qual o sentido de toda essa encheção de linguiça? Com um ritmo capaz de curar qualquer insônia, a série parece caminhar sem sair do lugar. Diálogos, dilemas e situações são arrastados e repetidos até a exaustão. Os personagens são insuportáveis, por vezes apáticos e incapazes de despertar qualquer sentimento além da indiferença (pelo menos foi este o meu caso).
O Legado de Júpiter se resume a uma série de decisões equivocadas, narrativas desperdiçadas, dramaticidade excessiva e personagens deturpados e mal aproveitados. Uma trama incapaz de mostrar a que veio e que me deixou com a sensação amarga de que perdi tempo com algo que não me agregou em absolutamente nada; cujo desperdício foi tamanho, que nem me entreter conseguiu. Mais uma história que entra em meu rol de decepções do ano, que por ter consumido mais do meu precioso tempo do que as últimas desgraças que assisti, será avaliada com uma nota ainda menor. Se eu pudesse voltar no tempo, O Legado de Júpiter seria uma das adaptações que eu com muito prazer, sorriso no rosto e um suspiro de alívio, desveria sem a mínima chance de sentir aquele sentimento chamado arrependimento.
https://youtu.be/78QltZcT7Ws