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Resenha – As Crônicas dos Kane (Livros 1, 2 e 3) – Rick Riordan Resenha – As Crônicas dos Kane (Livros 1, 2 e 3) – Rick Riordan
Você até pode achar que não, mas “Rick Riordan” sabe escrever muita coisa além de Percy Jackson. E sabe escrever muito bem. Hoje vou falar... Resenha – As Crônicas dos Kane (Livros 1, 2 e 3) – Rick Riordan

Você até pode achar que não, mas “Rick Riordan” sabe escrever muita coisa além de Percy Jackson. E sabe escrever muito bem. Hoje vou falar da série de livros “As Crônicas dos Kane”. Vai ser uma resenha um pouco maior do que as que eu geralmente faço, pois vou falar sobre os três livros da série, então senta que lá vem resenha.

As Crônicas dos Kane é uma série de livros de aventura infanto-juvenil que nos apresenta a Carter e Sadie Kane, dois irmãos que viviam separados e que foram forçados a se unir e lutar contra uma causa muito maior que eles. Que causa? Somente alguns deuses egípcios que queriam destruir o mundo. Acho que essa é a sinopse básica da série inteira. Então eu vou começar a falar dos três livros individualmente.

Resenha do Livro As Crônicas dos Kane A Piramide Vermelha de Rick Riordan“A Pirâmide Vermelha”

No primeiro livros conhecemos Carter Kane e seu pai, o famoso arqueólogo, Dr. Julius Kane. Os dois vivem viajando pelo mundo, em busca de artefatos raros que outrora pertenceram ao Egito Antigo. No começo do livro, eles estão indo ver a irmã mais nova de Carter, Sadie, que, graças a uma disputa acirrada na justiça entre Julius e os avós de Sadie, viveu separada de seu pai e irmão por longos anos. Mas tudo isso iria mudar com a descoberta de que deuses antigos do Egito existiam. E que eles não eram nada amigáveis. A vida de Carter e Sadie corria perigo, então eles precisaram fugir e conhecer lugares inimagináveis para ter uma chance de salvar seu pai, que fora sequestrado por um deus e, talvez, salvar o mundo. Apenas mais um dia normal na família Kane.

Muito bem. Quem já é veterano nas histórias do tio Rick vai encontrar o estio que consagrou ele nas paginas d’A Pirâmide Vermelha. A narrativa rápida, com ação e comédia nas doses certas, sem muita enrolação e personagens que te cativam, ou despertam ódio.

O que eu mais gostei desse livro foi o tipo de narração. Em primeira pessoa, mas com dois narradores. Carter e Sadie revezavam um gravador, contando a sua história para, no futuro, achar possíveis aliados. Então a personalidade da narração (se é que isso é um termo correto na literatura) muda conforme muda o narrador. Carter é mais sério, mais responsável enquanto Sadie é mais agitada, mais impetuosa e, de acordo com vários outros personagens, irritante. E a sacada de um trocar alfinetadas com o outro enquanto grava a história é algo muito legal. Da a entender que aquilo realmente aconteceu e que os irmãos Kane estão gravando algo realmente importante. Outro ponto é que no começo e no final dos livros o autor escreve uma nota, dizendo que recebeu a mensagem e que fez pesquisas, confirmando que tudo aquilo realmente poderia ser real, e incentivando a quem tivesse a magia em si a procurar os Kane, algo totalmente diferente de Percy Jackson, no qual a primeira coisa que o autor escreve é que o leitor não queira ser um meio sangue (algo em que tio Rick falha miseravelmente).

Outra coisa que eu gostaria de mencionar são as diferenças entre a história de Carter e Sadie e Percy e o pessoal do Acampamento Meio-Sangue. Enquanto Percy é um filho de um deus com uma mortal, Carter e Sadie não tem parentesco direto com deuses. Pelo contrário, a Casa da Vida, organização que encontra e treina os magos egípcios ao redor do mundo, ensina que os deuses são todos do mal. A Casa da Vida desenvolveu métodos para lutar contra os deuses e condena quem tem qualquer contato direto com eles, ou segue os seus caminhos e ensinamentos mágicos. Essa separação entre deuses e mortais foi algo bem diferente do que estávamos acostumados. Claro que as coisas mudam ao decorrer do livro, mas ainda assim ver esse preconceito aos deuses egípcios é algo bem interessante.

E outra coisa são os magos. As pessoas que lutam contra os deuses usando magias elementais e hieróglifos de poder. E é legal ver o quão pode ser limitado o poder de um mago, principalmente um mago sem treinamento. E o armamento de um mago é interessante. Um cajado e uma varinha. Ataque e defesa, respectivamente. Tirando uma folha da Bíblia, o cajado de um mago pode ser usado para se transformar em um animal, atacando o inimigo. E sim, tem a referência a Moisés transformando o cajado em serpente. De acordo com o livro, ele foi o primeiro estrangeiro a realizar aquela magia, coisa que era normal entre os magos da Casa da Vida.

Sobre o enredo, foi algo que me cativou muito, pois mesmo sendo simples, era algo genial, no padrão Rick Riordan mesmo. Os personagens secundários eram bem escritos, com personalidade forte e momentos decisivos na trama. Acho que merecem destaque Amós Kane, tio de Carter e Sadie, e Zia Rashid, uma maga pertencente ao Primeiro Nomo, que fica no Egito, o berço da Casa da Vida.

E é claro que não poderiam faltar referências a Percy Jackson. Afinal, nos primeiros capítulos é especificado que as duas histórias se passam no mesmo universo, mas um não interfere no outro, pois como Amós mesmo disse: Outros deuses, outros problemas. É algo sutil, mas que deixa os discípulos do Capitão América emocionados.

O final é algo surpreendente. Claro que eu não vou revelar o final, mas realmente é algo que ninguém esperava, pois toda a trama foi desenvolvida em torno de um inimigo e de repente nada mais importa, pois algo ainda maior está por vir. Mas depois de todo o clímax da história, as últimas páginas servem como um aviso e uma convocação para jovens que sentirem o poder dos deuses, para irem treinar, aperfeiçoar seus poderes e, quem sabe, salvar o mundo.

Resenha do Livro As Crônicas dos Kane O Trono de Fogo de Rick RiordanO Trono de Fogo

Eu já quero deixar claro que se você não leu o primeiro livro, infelizmente haverá spoilers do primeiro livro na resenha do segundo livro. É inevitável que isso aconteça, então se você não quer ver revelações sobre o enredo do primeiro livro, aconselho você a para a leitura por aqui e ir apreciar outras resenhas no nosso site. Mas se você já leu, ou não leu e não liga pra spoilers, prossiga a leitura com fervor.

Depois de fazer um acordo com Set e abrir mão do poder total de Hórus e Ísis, Carter e Sadie tem mais um desafio pela frente: encontrar uma maneira de trazer o deus de volta e impedir que Apófis, a serpente do Caos, saia de sua jaula, na qual ele ficou por milênios, mas que cada vez enfraquecia mais desde que Bastet saiu da jaula, encerrando sua luta milenar contra a Serpente. E enquanto faziam tudo isso ainda tinham que fugir de Desjardins, o Sacerdote-Leitor chefe do Primeiro Nomo e Vladimir Menshikov, um mago russo que queria muito matar os Kane.

Algo que nesse livro eu gostei muito foi a adição dos iniciados. Jovens que haviam recebido o chamado ao fim do primeiro livro e largado tudo para ir à Casa do Brooklyn, seguir o caminho dos deuses, algo que havia sido expressamente proibido pela Casa da Vida, tornando os Kane e seus aprendizes traidores. A variação dos jovens era algo muito interessante. Temos até uma brasileira no meio dos aprendizes. Cleo, que seguia o caminho de Tot, o deus do conhecimento. Mas os outros não ficam para trás. Jaz e Walt, os primeiros a receber o chamado e chegar aos Kane tem a sua participação na trama do segundo livro. O jovem Félix, um garoto de nove anos que tem uma fixação por pinguins e os outros que, mesmo não sendo mencionados aqui não são menos importantes.

A trama consiste em Carter e Sadie procurando um livro para despertar Rá. Mas muita coisa havia mudado, a começar pelos irmãos Kane. Sadie havia ficado mais responsável, apesar de seu comportamento impulsivo. E Carter, bem, depois de descobrir que a garota que ele gostava havia sido trocada por uma réplica, um shabat e entrar em uma busca pela verdadeira Zia, fechou-se mais. Ficou ainda mais sério do que ele era no primeiro livro.

E eu gostaria de usar um paragrafo para falar de Bes, o deus dos anões. Embora ele fosse feio demais, ele foi uma ótima adição ao time, com seu humor e sua utilidade em batalhas, Bes cuidou das crianças enquanto Bastet havia saído em missão.

Mais uma vez o final do livro foi algo épico. Batalhas impressionantes, que abalaram as camadas mais fundas do Duat, algo como o submundo para os egípcios, e um sacrifício vindo de onde era menos esperado. Esse foi o Trono de Fogo. Seguindo a receita de sucesso de seu antecessor e sendo mais um livro ótimo do tio Rick.

Resenha do Livro As Crônicas dos Kane A Sombra da Serpente de Rick RiordanA Sombra da Serpente

Ao exemplo da segunda resenha, teremos spoiler do final do segundo livro aqui, então siga por sua conta e risco.

Chegamos ao ato final das Crônicas dos Kane. Desjardins, em um ato de “redenção”, usou o ritual de execração e impediu a serpente Apofis de sair completamente da sua jaula, mas isso apenas retardou o inevitável. Apofis logo se libertaria e os irmãos Kane precisavam: encontrar um jeito de restaurar a mente do poderoso Rá, descobrir o que aconteceu com algumas almas que estavam no Duat, encontrar um jeito de salvar Walt e fazer os deuses lutarem juntos por um único propósito que é mandar Apofis para um buraco tão fundo no Duat que ele não voltaria por alguns milênios. Tudo isso em apenas alguns dias, claro.

Assim como seus antecessores, A Sombra da Serpente foi escrita com o talento e carinho que Tio Rick escreve seus livros. Esse ultimo livro tem um ritmo até mais acelerado do que os outros, pois temos muita coisa acontecendo, muitas buscas principais e secundárias (quem joga jogos como Skyrim ou The Witcher vai entender perfeitamente essa expressão) e um desenvolvimento de personagens secundários muito maior do que nos livros anteriores. Acho que os personagens que mais se desenvolveram foram Walt e Zia. Walt estava com problemas que não tinham nenhuma solução aparente enquanto Zia ainda estava tentando se encontrar depois de permanecer num sono induzido por algum tempo e acordar com um garoto amando ela incondicionalmente e o novo cargo de “babá de um deus gagá”.

Eu preciso falar sobre duas coisas que aconteceram então vai ter spoiler do livro três nos dois próximos parágrafos. Se você leu os livros, sabe que aquele fdp do Konshu tirou o ren de Bes. Por um bom tempo pensamos que ele nunca mais voltaria a si e ficaria apático sem saber quem ele era. Mas então Sadie começa a estudar um ritual de execração inversa, onde a sombra de uma pessoa é usada para restabelecer seu ren e sua personalidade em geral. Traduzindo, temos o nosso Bes de volta correndo de sunga e gritando BU! por aí.

Seguindo os spoilers, a batalha final foi algo que eu não havia lido nada parecido antes. Todas aquelas lutas em diferentes camadas do Duat contra um mesmo inimigo. Deuses e magos lutando juntos contra um mesmo inimigo, impedindo-o de conseguir se libertar e afundar o mundo no Caos. Certamente para se filmar uma cena dessa seria muito trabalhoso, porém, se bem feita, o resultado final seria muito legal.

Considerações finais

Eu costumo falar que Rick Riordan não consegue largar Percy Jackson e sua mitologia, mas quando ele larga, consegue fazer algo no mesmo nível espetacular. Então recomendo que todos leiam As Crônicas dos Kane. É uma leitura muito agradável que te cativa do começo ao fim.

Então amiguinhos, fico por aqui. Comentem o que vocês acharam da resenha, compartilhem com os seus amigos, curtam nossas redes sociais, não lutem contra os deuses (pelo menos a maioria deles) e se receberem o chamado, corram ate os Kane. Até a próxima.

Resenha da série de livros As Crônicas dos Kane, de Rick Riordan

[stellar]
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Jeff Pereira

Nerd, projeto de escritor, leitor e, nas horas vagas, viajante do tempo.

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