Cemitérios de Dragões – Raphael Draccon
O que dizer de um livro de um mundo fantástico escrito por um brasileiro? Esse foi o segundo livro deste estilo que comecei a ler, e é o primeiro que completei. Não sei o que ocorreu, mas parece-me que faltou algo. Não que o livro seja horrível e que ninguém deve ler essa obra. Muito pelo contrário, o livro é bom, deve ser lido, mas não me cativou como eu gostaria.
A história tem tudo para ser algo inovador, o ambiente em que é passado o enredo é totalmente conhecido por todos que viveram nos anos 90 enquanto criança e até adolescente. Há muitas referências conhecidas e outras tantas desconhecidas por mim. A ação do livro é boa, mas confesso que às vezes me perdi entre um movimento e outro, às vezes tinha que voltar para saber quem tinha feito a ação ou quem recebeu o golpe. Digo que a ação do livro é boa porque há partes em que alguns protagonistas estão fugindo e essa aventura é narrada de um modo muito bom, mas quando há ação direta entra a narrativa fica um pouco confusa e às vezes realmente não sabia quem estava fazendo o quê.
As criaturas do “universo” são bem detalhadas, são tão detalhadas que às vezes pareciam personagens de outros universos. Um exemplo são os homens rãs, já vi esses bichos no desenho “Caverna do Dragão”. Quando leio coisas que já são conhecidas por mim ou totalmente retirados de outros cantos dá a impressão, para mim é claro, de que faltou originalidade. Nada contra com inspirações ou tributos, mas quando algo é totalmente retirado de outros cantos parece que perde a graça. Mas tudo bem, todo autor pode retirar suas ideias de outros cantos. Às vezes da certo, outras vezes não. E também não há como agradar a todos quando se escreve um livro. Ainda mais quando se tem no livro os Power Rangers. O livro claramente nos mostra como seria a história dos primeiros patrulheiros.
Achei o primeiro capítulo muito interessante, ainda mais quando somos jogados num mundo com os “dracônicos”, seres que cuidam de escravos de várias espécies de todos os cantos do universo. E é nesse canto de escravos que conhecemos o primeiro protagonista, um militar que simplesmente surgiu por ali. Como esse é um militar dos EUA, foi logo analisando o local e, assim que ele teve uma chance, fez a rebelião. Os outros também apareceram da mesma maneira, ou seja, do nada. Então a equipe é composta por um norte americano, uma irlandesa (lutadora de mma), um brasileiro (nerd e descendente de japonêses), uma africana (que sofria violências por ser mulher) e um francês (praticante de parkour e dublê). Até aí tudo bem. E também tudo bem se eles sofreram nas suas vidas, isso acontece. Mas poxa, na hora em que os caminhos deles se cruzam na história e todos viram Rangers, ou “morfam”, achei meio forçado. Foi simplesmente do nada. Eles estavam lá e aparece o Derik (ranger vermelho) e faz suas estrapolias de ranger perto dos outros. Então os outros que estavam por perto simplesmente perguntam se tinham outras roupas iguais, e aí Derek entrega os uniformes. Entregou do nada. Eles pediram e Derik tinha uniformes sobrando. Muito fácil e conveniente, afinal, o Derik acabara de conhecer os caras.
Isso que mencionei acima é uma prova do que se vê no livro. Muitas cenas forçadas para conseguir dar continuidade na história, momentos trágicos que não precisavam estar lá ou cenas de lutas extensas demais que seriam melhores se fossem resumidas. Sem dizer também que às vezes nem sabemos quem é quem na história, isso deve ser (em minha opinião) a falta de carisma das personagens envolvidas na história. Demorei para identificar-me com alguns.
Enfim, esse foi o primeiro livro aqui no MDR que li que não fez muita diferença em ter lido. Não que o livro seja horrível e tals, mas é que não foi feito para mim. Ou seja, eu não fui o público alvo esperado.
[…] Eu particularmente sempre encontrei dificuldades em imaginar os mundos de fantasias épicos, assim como este também e como este clássico de Tolkien. Só que com esta nova experiência foi algo totalmente diferente! […]