Caroline… Ops, “Coraline”
Comecei a ler e pensei que era uma história infantil, então antes do primeiro capítulo fui dar uma pesquisada sobre “Coraline” e vi muitos comentários que diziam que, embora fosse um livro infantil, continha uma história macabra. Fiquei mais curiosa ainda e fui ler.
Coraline, a nossa protagonista, é uma criança que como todas as outras é super curiosa e com uma tendência a exploradora. Um belo dia, descobre uma porta na sua sala de estar que abre para uma parede de tijolos e fica intrigada com aquilo. Uma porta que abre pra uma parede? Qual o sentido disso?
A garota decide explorar quando sua mãe sai de casa, mas dessa vez quando ela abre a porta, a parede de tijolos desapareceu e a sua frente está um corredor escuro. Qualquer outra criança teria medo, mas não nossa corajosa Coraline e ela decide explorar. E é no mundo do outro lado dessa porta que tudo assume um ar macabro.
No começo, eu ainda estava cética que uma história para crianças seria de terror, achava que o que Coraline encontraria do outro lado da porta seriam realmente monstros… Mas monstros bonzinhos. Como eu estava enganada.
O enredo é envolvente e o livro curtinho, então eu mesma li em poucos dias.
Se livre de preconceitos do tipo: “ah, não vou ler porque é livro de criança” e leia. Embora seja um conto destinado ao público infantil pode muito bem ser lido por um adulto e aplaudi-lo no final.
A ousadia de “Neil Gaiman” de envolver terror numa história para crianças é incrível, mas no fundo, tudo que o autor quer passar é a importância da coragem e do amor.
Leiam e surpreendam-se.
Publicado pela Rocco em 2003, o livro, que chega ao cinema pelas mãos de Henry Selick (O estranho mundo de Jack), tem ilustrações de Dave McKean, parceiro de longa data de Gaiman. A história ganhou ainda uma versão em graphic novel, ilustrada por P. Craig Russel, que a Rocco traz para o Brasil até o fim de 2009. Cultuado escritor de histórias em quadrinhos para adultos, Neil Gaiman influenciou o mercado editorial a seguir um caminho sofisticado para atrair cada vez mais público.
Sandman, graphic novel campeã internacional de vendas, por exemplo, cujo protagonista homônimo é o mais venerado personagem dessa seara, recebeu inclusive o World Fantasy Award, prêmio até então inédito para o gênero. A história de Coraline é de provocar calafrios. A narrativa dá muitas voltas e percorre longas distâncias, criando um ‘outro’ mundo onde todos os aspectos de vida são pervertidos e desvirtuados para o macabro. Ao mesmo tempo sutil e cruel, o autor gosta de desafiar as imagens simples dos livros infantis tradicionais. As crianças vão se deliciar com o frio que correrá em suas espinhas durante a leitura e ficarão até agradecidas por existir um escritor que finalmente se recusa a tratar com condescendência uma plateia ávida por empolgantes contos de terror. No livro, a jovem Coraline acaba de se mudar para um apartamento num prédio antigo. Seus vizinhos são velhinhos excêntricos e amáveis que não conseguem dizer seu nome do jeito certo, mas encorajam sua curiosidade e seu instinto de exploração.
Em uma tarde chuvosa, a menina consegue abrir uma porta que sempre estivera trancada na sala de visitas de casa e descobre um caminho para um misterioso apartamento ‘vazio’ no quarto andar do prédio. Para sua surpresa, o apartamento não tem nada de desabitado, e ela fica cara a cara com duas criaturas que afirmam ser seus “outros” pais. Na verdade, aquele parece ser um “outro” mundo mágico atrás da porta. Lá, há brinquedos incríveis e vizinhos que nunca falam seu nome errado. Porém a menina logo percebe que aquele mundo é tão mortal quanto encantador e que terá de usar toda a sua inteligência para derrotar seus adversários.”