Mundo das Resenhas
Sociedade J.M Barrie – Barbara J. Zitwer Sociedade J.M Barrie – Barbara J. Zitwer
Se há uma coisa que eu gosto muito é um bom livro, ou um bom romance. Sim, aqueles livros que se aprofundam em cada... Sociedade J.M Barrie – Barbara J. Zitwer

Se há uma coisa que eu gosto muito é um bom livro, ou um bom romance. Sim, aqueles livros que se aprofundam em cada personagem, nos fazendo, assim, pensar como eles, ou pelo menos entender suas motivações e ações. Outra coisa que um romance não deixa de lado é uma enrolação no enredo. Afinal, se vamos começar a entender mais da psique de um personagem, nós precisamos saber de toda a vida do personagem, pois tudo isso pode fazer parte da trama. O que vi no livro Sociedade J.M. Barrie foi basicamente o que descrevi ali em cima. Podemos dizer até que esse livro é um belo exemplo de como um romance deve ser escrito. Em momento algum eu vi algum exagero, ou então algum momento mágico, que só acontecem em contos de fadas. Tudo o que acontece com os personagens do livro pode muito bem acontecer com qualquer pessoa. Essa estrutura lembra romances clássicos do século XIX, incluindo Madame Bovary. Mas esse comparativo é feito apenas pela estrutura do livro.

Barbara J. Zitwer, com sua narrativa envolvente, nos prende a cada linha, criando uma expectativa para a chegada de algo extraordinário que pode acontecer, mas que, na verdade, não é bem assim que as coisas acontecem.

Qual seria o enredo desse livro, então? É bem simples. Joey é uma arquiteta de 37 anos que nunca saiu de Nova York e sempre morou no mesmo apartamento. A vida de Joey era mediana, até que, por sorte, intervenção divina ou ação do destino, foi convidada para participar da reforma da mansão de J.M. Barrie, o autor de Peter Pan. Sua vida vira um caos quando é convidada para a reforma, pois tudo irá mudar, a começar pela distância que haveria entre Joey e seu pai. Joey embarca em um avião rumo à Inglaterra, para a cidade de Costwolds, onde terá experiências incríveis.

Todo o livro é focado na vida de Joey, a arquiteta que, do dia para a noite, recebe a tarefa de supervisionar uma obra maravilhosa, que tem um peso muito grande para as suas memórias de infância. Não é difícil, para nós, imaginar o quão incrível seria receber um convite para supervisionar uma obra na casa de seu autor favorito. Só que, no meio de tudo isso, alguns empecilhos iriam surgir. A começar pela viagem a Costwolds, uma cidadezinha no interior da Inglaterra. Sabemos que, mesmo atualmente, cidades pequenas no interior possuem alguns receios a mudanças, afinal, aquele povo se conhece há anos, sempre se vendo pelo menos umas seis vezes por dia. Uma forasteira, vinda da América, supervisionar a obra da construção mais importante de cidade deve ser um motivo de controvérsias e até aversão por parte dos moradores locais.

E foi exatamente isso que aconteceu com Joey. Desde o momento em que pôs os pés em Costwolds, os moradores da pequena cidade hostilizaram a estrangeira que viria para reformar a mansão onde Peter Pan foi criado. Realmente deve ter sido um choque para todos, pois eles pensaram que dessa reforma surgiria um shopping ou algo do gênero.

E quanto aos outros personagens? Bem, temos Ian e sua filha, Lily, os caseiros da mansão. Ian é descrito como um viúvo atraente, de acordo com as mulheres da cidade, e sua filha é uma típica adolescente que está passando por um período complicado, após perder sua mãe. Nessa parte, também, surgem as velhas senhoras da Sociedade J.M Barrie. Elas são nada mais que senhoras octogenárias que nadam no lago próximo a mansão (detalhe: gostam de nadar somente no frio, assim garantem a vida nelas). Esse momento é muito agradável, pois é quando as experiências das senhoras começam a surgir nas páginas e descobrimos suas amarguras e felicidade. São esses fatos que geram o ritmo da história. Mas o que me chamou a atenção é que tudo praticamente acontece em volta da mansão, e isso é legal de saber, porque é como se as histórias fossem chamadas pela mansão, para assim ela sempre ter histórias, ainda mais uma casa que é tão antiga que nem os moradores mais velhos conseguem acompanhar a idade da mansão. Ao menos é essa a impressão que tive quando lia o desenrolar das histórias.

Outro assunto que gostaria de tratar aqui é a buchada, sim aquela que muitos fogem para não comer, o curioso que na Irlanda eles comem buchada também, destaquei a o trecho desse momento para vocês:

[testimonials user=” email=” name=” position=” photo=”]”Ele pegou um copo e serviu vinho para Joey.

— Sente-se ali.

Joey obedeceu, dando uma espiada ao redor. Aquele era, certamente, o lugar da casa onde Ian e Lily passavam a maior parte do tempo. Duas cadeiras estofadas ficavam próximo do fogão e armários abertos mostravam uma variedade de louças e xícaras sem pires. Um sofá meio gasto com uma pilha de almofadas e uma cortina com enfeites de tricô dominavam a parede oposta.

— O que você está fazendo? — perguntou Joey. — O cheiro é ótimo.

— Buchada de carneiro.

— O quê?

— Nunca comeu bucho de carneiro? — indagou Lily surpresa. — Você está brincando.

Joey balançou a cabeça.

— Bom, eu vivia num casulo.

— Sei. Em Nova York — comentou Ian ironicamente.

— Não cozinho muito — admitiu Joey. — Eu gosto, mas… não aprendi.

— Ainda está em tempo — disse Ian com um leve sorriso, passando para ela o livro de receitas que estava aberto sobre a mesa. — É o prato nacional da Escócia. Dê uma olhada.

Joey pousou seu copo e leu a receita que Ian tinha indicado. Ela leu os primeiros ingredientes listados:

1 bucho de carneiro

1 fígado de carneiro

1 coração de carneiro

1 língua de carneiro

250 g de toicinho

Joey parou de ler. Ele estava brincando! Estava usando gordura de porco? Ian, ocupado em cortar as ervas, nem olhou para ela. Joey continuou lendo:

3 cebolas médias cortadas

250 g de aveia tostada

1 colher (chá) de sal

½ colher (chá) de pimenta-do-reino

ervas frescas picadas”[/testimonials]

Não sei a vocês, mas eu não ficaria a vontade com essa receita na minha frente, mas de acordo com a protagonista, o gosto foi muito bom.

Outra parte que gostaria de destacar é quando Joey ajuda Lily com seu vestuário, já que as duas vão fazer uma viagem para Londres:

[testimonials user=” email=” name=” position=” photo=”]”Às seis e quinze do dia da tão esperada viagem, Lily apareceu no apartamento de Joey usando a mesma saia à qual Ian fora tão contrário que ela usasse cerca de dez dias atrás. Tomariam o trem em meia hora.

— O que você acha, tudo bem? — perguntou Lily. — O meu pai queria que eu trocasse de roupa, mas ele disse que eu poderia usar se você dissesse que tudo bem.

Joey fez de conta que estava realmente considerando a questão. Porém não estava. Embora Lily fosse uma linda menina que podia usar qualquer coisa, a saia a fazia parecer um pouco desleixada.

Podia usá-la sem problemas por ali, mas estava indo a Londres. Joey sabia o tipo de atenção que despertaria, e não tinha certeza de que Lily saberia lidar com isso. Ela deu alguns passos para trás e espiou a saia.

— Dê uma volta.

Lily virou-se com um olhar esperançoso no rosto.

— Hummm — hesitou Joey.

— O que foi?

— É um pouco curta, querida. Está tudo perfeito, mas assim vai acabar atraindo uma atenção indesejada na cidade. O que me diz do seu jeans preto aveludado? É tão bonito.

— Com o quê?

— Exatamente com o que já está vestindo. Vai ficar perfeito.”[/testimonials]

Esse trecho é fundamental para certas coisas que acontecem no decorrer da história, porém não vou contar o que é, para não estragar a surpresa de quem lê.

Mas é isso aí turma! O livro tem muitas coisas que podemos achar, cada história é praticamente única e necessita ser lida para nos emocionar. Vale muito a pena ler cada página dessa obra.

[stellar]
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Neto Pires

Não sou imune a erros, sou muito desligado e desajeitado, mas dá pra viver.

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