
The Old Guard (Original Netflix): Só mais um filme de “super-heróis”?

******************************NÃO contém spoiler******************************
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Direção: Gina Prince-Bythewood
Gênero: Ação / Elenco: Charlize Theron, Chiwetel Ejiofor, Kiki Layne, Harry Melling (…) / Duração: 2hs
Qual o preço a se pagar por ser imortal? O mais novo lançamento da Netflix – The Old Guard – o filme de ação protagonizado por Charlize Theron, chega com a intenção de responder tão enigmática questão. Baseada na HQ de mesmo nome do quadrinista Greg Rucka, a trama vendida por muitos como uma história de super-heróis, se desenvolve da forma menos convencional possível, fugindo das fórmulas de “vamos salvar o mundo” para algo mais profundo, mais reflexivo e menos frenético do que os filmes de ação com heróis que vemos por aí. Trata-se de um filme sobre adaptação, aceitação e autoconhecimento, que desafia o telespectador a questionar sua mortalidade, nos colocando frente a frente com diálogos repletos de questões existencialistas.
Se já leu algo de Rucka, deve saber que a intenção do quadrinista quase sempre passa longe de cenas de ação desenfreadas, vilões caricatos e tramas vazias. O foco quase sempre é em desenvolver suas personagens, trabalhando seus psicológicos e os contextos os quais elas estão inseridas. Por isso é importante frisar que é exatamente isso que você irá encontrar na adaptação produzida pela Netflix. Aliás, como adaptação está espetacular! Com cenas quase idênticas da HQ, The Old Guard apresenta bons diálogos, boas atuações, boas cenas de ação, boas caracterizações e bons efeitos especiais. Segue o mesmo ritmo do material original, o que pode ser encarado por muitos como algo enfadonho e pouco envolvente. O ritmo narrativo me agradou bem mais na adaptação do que quando li a HQ. Consegui me envolver e me preocupar com as personagens mesmo já sabendo todos os desdobramentos da trama; o que me impediu de ser surpreendido, mas que ainda assim conseguiu me agradar.
Os atores possuem química, a direção está muito boa e o filme possui representatividade. Entretanto, o plot não se perde no meio de problematizações desconexas, transformando a obra em apenas mais um filme lacrador ou de cunho político, cheio de debates sobre preconceitos, feminismo e afins. O foco e objetivo de The Old Guard é nos colocar no centro da discussão mortalidade versus imortalidade, nos deixando à mercê de diversos assuntos como bioética, relações familiares e amizade. A trilha sonora está bem colocada e surge em momentos oportunos, colaborando com a imersão das cenas de ação.
Não indico a leitura das HQs, a não ser que você faça questão de conhecer a obra original. Contudo, indico o filme. Me diverti, gostei de quase tudo o que vi e estou ansioso para a continuação. Não espere superpoderes, personagens uniformizados e cenas de ação à la Marvel. Encare The Old Guard como um filme de ação, para se assistir, refletir e se divertir. E não como um filme de super-heróis feito para os fãs do universo cinematográfico de Kevin Feige. Se for com essa expectativa, a decepção será quase certa. O que posso dizer sem medo de errar é que concordo com a maioria das descrições da crítica especializada. The Old Guard é sangrento, charmoso, “surpreendente”, envolvente, e apesar de nos exigir certa disposição para irmos até o final, vale a pena o tempo investido. Uma obra bem dirigida e bem adaptada. Em tempos de quarentena devemos exigir algo mais do que isso?
https://youtu.be/pv1EWu4mTTA
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