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Com o lançamento da série “The Umbrella Academy” pela Netflix, a série de HQs criada por Gerard Way (vocalista e co-fundador da banda My Chemical Romance) ganhou os holofotes e passou a ser procurada com mais afinco pelos fãs do gênero. De “desconhecida”, passou a ser comentada em sites e canais especializados, sendo inclusive encarada como leitura quase obrigatória… uma história de super-heróis fora da curva Marvel comics e DC comics. Mas o que muitos não sabiam é que nada de tão fabuloso seria encontrado.

Gerard Way entrega a nós leitores uma estória que bebe e muito da fonte das narrativas absurdas, muito difundida e muito valorizada graças a grandes nomes da literatura como Franz Kafka, autor de “A Metamorfose. ” E não somente no início que se dá pelo nascimento de crianças, filhas de mulheres que começaram o dia com seus úteros vazios e do nada se viram dando à luz da maneira mais esquisita possível, como por diversos outros elementos que vão dando a cara conforme a estória vai sendo desenvolvida.

Mas vamos lá… umas das primeiras coisas que me animaram logo que me deparei com a capa do primeiro arco “The Umbrella Academy: Suite Apocalipse”, foram os nomes Gabriel Bá e Dave Steward, artistas que admiro e muito. Os traços de são fenomenais e sempre me surpreendem. Gosto de analisar cada canto da página me deliciando com os detalhes dos ambientes e com os traços das fisionomias dos personagens, bastante cartunescos. O talento de unido com o talento de Steward, um excelente colorista (o mesmo de Black Hammer), transforma as páginas em uma arte que traz satisfação a quem as admira. Mas o roteiro de Way… Ah, esse roteiro! É fraco e chega a causar um desiquilíbrio mais que incômodo.

O roteiro de “Suíte Apocalipse” é raso, mal estruturado e repleto de buracos. O passado das crianças que nascem em condições atípicas e que são adotadas e treinadas para salvaram o mundo de um suposto fim do mesmo, passa longe de ser consistente. É mal inserido e mal explorado pelo autor, o que acarreta em atitudes pouco convincentes. As relações entre os “irmãos” e as rupturas familiares não causam empatia, o que prejudica e muito o final do arco, que me soou muito como algo apressado e bem pouco impactante.

“The Umbrella Academy: Dallas”, o segundo arco, é tão raso quanto, mas pelo menos consegue ser mais divertido. Mistura ficção-científica com momentos muito bons de ação, recheados de momentos tensos protagonizados por vilões psicopatas. Me agradou bem mais e me fez nutrir um pouco de esperança nesta série que até então estava sendo hypada (por mim) muito mais pela série da Netflix do que pela qualidade da mesma (opinião que ainda permanece comigo). Mas mesmo tendo me divertido mais, fiquei com a nítida sensação de que o autor não sabia para onde estava indo. Sensação esta, que ganhou peso quando terminei de ler “The Umbrella Academy: Hotel Oblivion”, o terceiro arco, que é uma verdadeira tragédia.

A série como um todo é um quebra-cabeça formado por peças que não se encaixam. Apesar de fatos de um arco aparecerem nos arcos subsequentes, nada faz muito sentido. Tanto os mocinhos quanto os vilões são unilaterais ao extremo e os acontecimentos surgem do nada sem que haja o mínimo de contextualização e desenvolvimento. Os elementos narrativos vão sendo jogados, os diálogos são deslocados e as aventuras causam confusão. Nada faz sentido… tudo nonsense demais, até para uma estória ficcional de narrativa absurda. Nem as referências a X-men, a Black Hammer e a Watchmen conseguem salvar “The Umbrella” do naufrágio.

Temas como dependência química, divórcio, relações disfuncionais, dependência emocional e deficiência física, são tratados com descaso e com muita irresponsabilidade. Nada é problematizado como deveria ser. E antes que digam: “Mas é uma HQ de aventura descompromissada, que foi criada para divertir, apenas isso. ” Eu os respondo, diversão e problematização podem caminhar lado a lado sem que um atrapalhe o outro. E se o autor se propõe a inserir determinados assuntos, ele deve sim pensar em como irá retratar esses aspectos dentro da estória, sempre levando em consideração seu público alvo.

“The Umbrella Academy” pode sim te divertir; entendo que cada um tem uma opinião. O fato de eu não ter gostado (na verdade, aproveitei apenas o 2° arco), não significa que o mesmo irá ocorrer com você. Mas para mim a criação de Gerard Way foi uma leitura confusa e chata que quase me fez desistir de ver a série (que ainda estou assistindo). Será certamente a única coisa que lerei do quadrinista, porque depois de “The Umbrella Academy”, passarei longe de qualquer coisa que ele escrever.

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