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Um Conto de Natal – Charles Dickens | O que a obra de Dickens nos ensina? Um Conto de Natal – Charles Dickens | O que a obra de Dickens nos ensina?
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**********************************NÃO contém spoiler****************************** Autor: Charles Dickens Editora: Antofágica / Tradutor: Leonardo Alves / Gênero: Literatura fantástica / Idioma: Português / 312 páginas O que... Um Conto de Natal – Charles Dickens | O que a obra de Dickens nos ensina?

**********************************NÃO contém spoiler******************************

Autor: Charles Dickens

Editora: Antofágica / Tradutor: Leonardo Alves / Gênero: Literatura fantástica / Idioma: Português / 312 páginas

O que pensamos quando o assunto é natal? Talvez em biscoitos no forno, mesa farta, reunião com amigos e familiares, muitas risadas, união, (brigas em família? rsrs), planos e esperança para um novo ano? Costumo pensar em tudo isso e como um bom leitor que sou, penso também em Charles Dickens; o famoso autor inglês que em 1843 deu à luz ao que viria se tornar não apenas um clássico da literatura universal, como se tornaria a narrariva que transformaria o natal na celebração familiar que conhecemos hoje. Com muita magia, lições para a vida toda, críticas sociais e muita emoção, Dickens encanta pela simplicidade e pela jornada de amadurecimento do personagem central, que em sua rabugice e negação em enxergar o lado bom da vida, insiste em viver uma vida incolor; e que mesmo sendo uma pessoa desagrável, nos encanta desde a primeira página.

Muito mais do que apenas uma história natalina, Um Conto de Natal (Também conhecido como Um Cântico de Natal e Uma Canção de Natal) trata-se de uma narrativa crítica sobre humanidade e a importância de mudarmos nossos comportamentos enquanto ainda há tempo. Ebener Scrooge, o rabugento protagonista de Dickens, exemplifica com perfeição parte da parcela da população que coloca a ambição e o egoísmo acima de tudo, desprezando qualquer sentimentalismo ou reflexão positiva sobre a vida e seus alicerces. Com agilidade o autor nos prende, nos puxa para sua encantadora narrativa, nos diverte, nos força a refletirmos e nos modifica como seres-humanos, nos tornando ainda mais humanos do que éramos ao iniciarmos a leitura. A jornada de Scrooge que ao ser visitado por três fantasmas que o leva em uma viagem que o tranformará, é muito bem desenvolvida, pensada e poderosa, nos emocionando de forma certeira sem soar exagerado. No final das contas, nos redimimos e mudamos tanto quanto ou até mais que o protagonista. A verdadeira força narrativa de Dickens é irrefreável, e não se transformar ao longo e após a leitura, é uma tarefa que classifico como impossível.

Com grande apelo infantil, Um Conto de Natal é uma história para toda a família e para qualquer época do ano (claro que ler no natal tem um gostinho especial). Em tempos tão nebulosos, talvez muitos estejam se perguntando: Temos motivo para comemorar? Temos alguma real razão para celebrarmos o natal em um ano em que tantas vidas se foram? Por que comemorar quando muitos não terão nem o que colocar na mesa? Questões reais. Questões difíceis de se refletir e dilemas dolorosos que temos que encarar com dor no peito e lágrimas nos olhos. Talvez exatamente por isso, que Um Conto de Natal se faça tão necessário. Em meio as adversidades da vida, agora é o momento de nos unirmos, sermos mais solidários, respeitarmos as dores alheias, dividirmos o pão de cada dia, nos abraçarmos e nos amarmos mais. Não devemos deixar que a dor e o medo nos afogue e nos faça perder a energia de vivermos. A narrativa de Dickens talvez seja o pontapé inicial que alguns estejam precisando para se recolocar perante a vida, mudando a forma de se relacionar com outrens, percebendo que não precisamos viver no preto e no branco, a vida pode (e deve) ser colorida. Devo parafresear Leonardo Alves, o tradutor da edição da editora Antofágica e dizer que Um Conto de Natal é realmente uma leitura agradável para tempos difíceis. Se existe uma definição melhor que esta, a desconheço.

O LEGADO NATALINO DE DICKENS E AS INFLUÊNCIAS QUE CAUSOU:

Não sei se ao escrever Um Conto de Natal Dickens tinha noção da real proporção do texto que tinha em mãos. Sempre me pego pensando o que grandes autores tinham em mente quando escreveram suas narrativas atemporais. Sabiam que haviam escrito algo que sobreviveria o tempo, que mudaria comportamentos e que seria algo que ultrapassaria as camadas primárias da literatura? Acho difícil colocar em discussão (se é que existe alguém com coragem e assertimos para tal) a importância real do conto a qual aqui me refiro. A narrativa de Dickens não apenas foi um sucesso estantâneo, como modelou a forma de comemorarmos o natal, trazendo críticas sociais ferrenhas, diversas referências bíblicas e lições que se perpetuaram e continuam se perpetuando gerações a gerações.

Sem sombras de dúvidas, quando me perguntarem o que se ler no natal, o texto dickensiano em questão será a primeira indicação que darei, não tem como ser diferente disso. Sua força é tamanha que a famosa narrativa influenciou ao longo de décadas milhares de obras e personagens famosas que amamos e que guardamos em nossos corações. Gosta de Tio Patinhas? Então saiba que o mesmo é inspirado no protagonista de Dickens, o que fica claro em seu nome em inglês (Scrooge McDuck). Encontramos também referências e inspirações em obras como Pica-Pau, Shrek, no filme O Expresso Polar, Na HQ Batman: Noel, em um episódio de Doctor Who (intitulado A Christmas Carol), em um episódio do desenho Flintstones que também leva o título da obra em inglês, no filme O Grinch e por aí vai. O legado de Um Conto de Natal é real e inquestionável; uma obra de suma importância para os apreciadores da literatura de alto nível que muito mais do que nos divertir, também nos ensina. Apesar das dificuldades que todos nós enfrentamos esse ano e que enfrentaremos nos anos vindouros, digo de forma sincera que desejo um feliz natal à todos e que Deus abençoe à todos nós!

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Fernando Lafaiete

O que vocês devem saber sobre mim? Me Chamo Fernando Henrique Lafaiete, mas vocês podem me chamar de China. Apelido este, dado pelos meus melhores amigos. Sou viciado em leitura, sou poliglota, auditor de hotel, professor de inglês, fã de fantasia, fã de livros policiais, fã de YA, fã terror e fã de clássicos. Luto ao máximo contra o preconceito literário que alimenta a conduta dos pseudo-intelectuais e sou fã de animes e qualquer coisa que envolva super-heróis. Amo escrever todo tipo de texto, em especial resenhas. Espero que minhas opiniões sejam de alguma valia para todos que tiverem acesso as mesmas. Sou sempre sincero e me comprometo a dividir minhas opiniões da maneira mais verdadeira possível. Agradeço o convite para fazer parte do grupo de resenhistas do site e que minha presença aqui seja duradoura.

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