******************************NÃO contém spoiler******************************
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Direção e roteiro: Simon Kimberg / Gênero: Ação, fantasia, drama e heróis / Produtoras: 20th Century Fox, Marvel Entertainment, Bad Hat Harry Productions, TSG Entertainment e The Donners’ Company / Produção: Simon Kimberg, Lauren Shuler Donner e Hutch Parker / Duração: 1h54min
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Desde que “X-Men: Fênix Negra” estreou, só venho ouvindo críticas atrás de críticas, normalmente negativas. Sou muito fã dos heróis em questão, mas nunca fui fã dos filmes. Vejo problemas desde “X-Men: O Filme” lançado em 2000. Portanto, nem posso dizer que Fênix Negra me decepcionou, pois fui assisti-lo sem nenhuma expectativa. O fato é que diante de tantas críticas destrutivas, achei que fosse encontrar algo tão ruim, que me fizesse odiar esse filme tanto quanto odiei Capitã Marvel, Quarteto Fantástico e Venom. Mas encontrei um filme nulo, cheio de problemas, mas que não me despertou um desgosto incontrolável.
O filme possui direção e roteiro de Simon Kimberg, o mesmo diretor do desastroso “X-Men: O Confronto Final”, e é aí que começa os problemas. Por que escolher a mesma pessoa que já havia errado nos cinemas contando a mesma história? Kimberg definitivamente não é um bom diretor. O que ele faz em Fênix Negra é reciclar muitas das cenas presentes em sua primeira e fracassada abordagem. O filme tem um roteiro cheio de furos que não dá espaço para que os personagens sejam bem trabalhados, além de desconsiderar na cara dura elementos já pré-estabelecidos nos filmes anteriores; o que acarreta em uma adaptação repleta de incongruências. O que já causa confusão em quem entende o universo e os personagens a fundo, imagina em quem não é esse tipo de telespectador (leitor assíduo das HQs)?
O filme não é de todo ruim como muitos afirmam. Ele é superior a muito filmes de super-heróis que muitos defendem com unhas e dentes simplesmente por fazerem parte do universo cinematográfico Marvel. E não estou dizendo que ele é bom, apenas que é um filme ok e esquecível, mas não terrível. A trama possui diversas referências a HQ e entrega muitos fan-services, o que é bacana. As atuações são fracas, mas não por culpa dos atores, mas sim por culpa do roteiro que foca demais no drama e perde a chance de focar em outros elementos presentes na clássica narrativa, como comicidade, momentos românticos e momentos de ação de tirar o fôlego. Sophie Turner não está fantástica no papel principal, mas se esforça e entrega algo que é até bom perto do desastre que é o roteiro; algo como tirar leite de pedra. Adoro Jennifer Lawrence como atriz, mas sua Mística não me desce desde “X-Men: Primeira Classe.” Abordar tal personagem como sendo boa, me soa esquisito e como uma descaracterização desrespeitosa a personagem. Ciclope (Tye Sheridan) de líder dos heróis nas HQs, é tratado desde 2000 nos filmes como um qualquer, soando muitas vezes como um personagem deslocado… o que infelizmente se repete em Fênix Negra. Magneto (Michael Fassbender) está apagado e toda sua imponência e arrogância não aparecem no filme, assim como sua relação com o professor Xavier (James McAvoy) que é praticamente inexistente. A raça alienígena presente na adaptação é mal apresentada e explorada, o que a torna quase como um elemento descartável. Está presente apenas para substituir o papel exercido pelo Clube do Inferno nas HQs; o de ser o bando de vilões que manipulam a protagonista para usar seus poderes; papel dessa vez que cabe a Jessica Chastain, interprete de Vuk, líder dos aliens D’Bari, também presentes na HQ “A Saga da Fênix Negra. ” Tendo inclusive um de seus grandes problemas como civilização citado da mesma forma como o da HQ de Chris Claremont. E aqui devo dizer que ouvi muita gente reclamando que Chastain interpreta uma personagem que nem nome possui. Estão errados! O nome dela é citado em uma conversa breve entre os aliens. Sendo assim, não é culpa do diretor se as pessoas já assistem o filme com má vontade e não prestam atenção no que estão vendo, certo?
As cenas de ação possuem sim problemas de time, e quando várias lutas acontecem ao mesmo tempo, isso fica evidente. Muitas pessoas reclamaram disso, e eu devo concordar. Mas não acho que tais lutas são tão mal coreografadas assim. Já me deparei com cenas piores em outros filmes de ação. O fato dos personagens utilizarem o uniforme clássico também é legal e o filme apresenta um professor Xavier no mínimo interessante, que foge um pouco do líder perfeito, se mostrando um pouco mais humano no que tange a ficção, trazendo mais identificação social. Temos bons embates entre Fênix e outros personagens, o que mostra o quão poderosa a personagem de fato é, mesmo que não tenhamos vistos cenas intergalácticas icônicas, onde ela destrói planetas e contém forças cósmicas.
Fênix Negra sofre de problemas internos, como os já citados, mas também sofre de problemas externos. O fato de ter sido lançado após “Vingadores: Ultimato” foi um erro irreparável da Fox. Após a magnifica conclusão de uma das eras mais marcantes da Marvel, fica realmente difícil não se incomodar com a conclusão insossa dos X-Men na Fox. Outro ponto também que impactou negativamente é a má vontade do público, que logo após a compra da Fox pela Disney não via a hora da saga se encerrar de uma vez para termos o quanto antes os X-Men no MCU. As pessoas ou já vão assistir ao filme com uma tremenda má vontade e já o classificam como ruim nos primeiros minutos de exibição (me deparei com vários comentários desse tipo no cinema) ou nem sequer saem de casa, optando muitas vezes por assisti-lo de forma piratiada. O desfecho é agridoce, mas é o mesmo da HQ, por este motivo achei bacana e convincente. O grande final que este filme representa poderia sim ter trazido de volta personagens da franquia, unindo um grupo grande de heróis na luta contra uma “inimiga” em comum. Poderíamos ter visto um final grandioso, mas nos foi entregue mais do mesmo. Um filme fraco, que diverte em alguns momentos, mas que deixa a sensação que desde que estreou em 2000, a jornada dos X-Men na Fox é a clássica jornada onde todos nós nadamos para morrermos na praia.