O Labirinto do Fauno: A Inocência tem um poder que o mal desconhece.
ResenhasResenhas de Livros 10 de janeiro de 2020 Fernando Lafaiete 0
******************************NÃO contém spoiler******************************
Autor / Autora: Guilherme del Toro & Cornélia Funke
Editora: Intrínseca / Idioma: Português / Tradutora: Bruna Beber / Gênero: Fantasia / 320 páginas
Nos agraciando com um contexto histórico bem introduzido e estruturado, a autora cria um conto de fadas apaixonante, sempre respeitando a obra original e não distanciando os universos do cinema e da literatura. Dois mundos que se unem e se complementam em uma trama fantástica e mais que imersiva. Como seria se durante a guerra civil da Espanha (1936 – 1939) uma garotinha descobrisse um mundo paralelo cuja princesa de fabuloso lugar fosse ela? Brincando com o poder da inocência e instigando o senso crítico do leitor, Funke apresenta de forma delicada e ao mesmo tempo feroz uma narrativa completa que vai de momentos sensíveis – inerentes a imaginação de uma criança – até momentos tensos e bem descritos de violência desproposital (no sentido nonsense e humano da palavra). A obra é um quebra-cabeça narrativo repleto de mistérios impossíveis de serem lidos sem nos apaixonarmos pelos mesmos como se ainda fôssemos crianças. Afinal de contas, que criança nunca sonhou em embarcar em uma aventura como essa?
O Labirinto do Fauno vai muito além do realismo mágico. A obra tem a capacidade de criar elos emotivos tanto com um público mais infantil quanto com um público mais maduro; já que trata e apresenta temas complexos que talvez uma criança não capte com tanta facilidade. A escrita é simples, sem muitos floreios e descrições excessivas. Os personagens são cativantes e todo o cerne do plot principal nos vicia, o que torna quase impossível interrompermos a leitura até lermos a última página. E se pensa que por ter assistido ao filme a leitura da obra será entediante, engana-se! Cornélia Funke é uma contadora de histórias fabulosa.
“Porque é na dor … a voz do padre ainda ressoava em sua cabeça … que encontramos o sentido da vida e reencontramos o estado de graça que perdemos ao nascer.”
Tanto o filme quanto o livro provam o poder da fantasia em seu estado lapidado. Sendo poético, mágico e político; com discursos narrativos bem equilibrados e com críticas atemporais. O Labirinto do Fauno é uma obra que prova com excelência que a inocência tem um poder que o mal desconhece.
[stellar]
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