The Umbrella Academy (HQs): Vale a pena a leitura? #06
HQ'sResenhas 7 de março de 2019 Fernando Lafaiete 0
******************************NÃO contém spoiler******************************
(CONFIRA A RESENHA DA SÉRIE BLACK HAMMER CLICANDO AQUI)
(CONFIRA A RESENHA DE WATCHMEN CLICANDO AQUI)
***
Gerard Way entrega a nós leitores uma estória que bebe e muito da fonte das narrativas absurdas, muito difundida e muito valorizada graças a grandes nomes da literatura como Franz Kafka, autor de “A Metamorfose. ” E não somente no início que se dá pelo nascimento de crianças, filhas de mulheres que começaram o dia com seus úteros vazios e do nada se viram dando à luz da maneira mais esquisita possível, como por diversos outros elementos que vão dando a cara conforme a estória vai sendo desenvolvida.
Mas vamos lá… umas das primeiras coisas que me animaram logo que me deparei com a capa do primeiro arco “The Umbrella Academy: Suite Apocalipse”, foram os nomes Gabriel Bá e Dave Steward, artistas que admiro e muito. Os traços de Bá são fenomenais e sempre me surpreendem. Gosto de analisar cada canto da página me deliciando com os detalhes dos ambientes e com os traços das fisionomias dos personagens, bastante cartunescos. O talento de Bá unido com o talento de Steward, um excelente colorista (o mesmo de Black Hammer), transforma as páginas em uma arte que traz satisfação a quem as admira. Mas o roteiro de Way… Ah, esse roteiro! É fraco e chega a causar um desiquilíbrio mais que incômodo.
O roteiro de “Suíte Apocalipse” é raso, mal estruturado e repleto de buracos. O passado das crianças que nascem em condições atípicas e que são adotadas e treinadas para salvaram o mundo de um suposto fim do mesmo, passa longe de ser consistente. É mal inserido e mal explorado pelo autor, o que acarreta em atitudes pouco convincentes. As relações entre os “irmãos” e as rupturas familiares não causam empatia, o que prejudica e muito o final do arco, que me soou muito como algo apressado e bem pouco impactante.
Temas como dependência química, divórcio, relações disfuncionais, dependência emocional e deficiência física, são tratados com descaso e com muita irresponsabilidade. Nada é problematizado como deveria ser. E antes que digam: “Mas é uma HQ de aventura descompromissada, que foi criada para divertir, apenas isso. ” Eu os respondo, diversão e problematização podem caminhar lado a lado sem que um atrapalhe o outro. E se o autor se propõe a inserir determinados assuntos, ele deve sim pensar em como irá retratar esses aspectos dentro da estória, sempre levando em consideração seu público alvo.
“The Umbrella Academy” pode sim te divertir; entendo que cada um tem uma opinião. O fato de eu não ter gostado (na verdade, aproveitei apenas o 2° arco), não significa que o mesmo irá ocorrer com você. Mas para mim a criação de Gerard Way foi uma leitura confusa e chata que quase me fez desistir de ver a série (que ainda estou assistindo). Será certamente a única coisa que lerei do quadrinista, porque depois de “The Umbrella Academy”, passarei longe de qualquer coisa que ele escrever.
[stellar]
No comments so far.
Be first to leave comment below.