
Sweeney Todd, O Barbeiro Demôniaco de Fleet Street

******************************NÃO contém spoiler******************************
Autores: Thomas Peckett Prest & James Malcom Rymer
Editora: Wish / Gênero: Terror / Idioma: Português / 320 páginas
É em Fleet Street que se localiza uma famosa e misteriosa barbearia. Pertencente a uma figura excêntrica, dona de uma risada assustadora e comportamentos questionáveis, o obscuro lugar é palco de sumiços esquisitos de quem a adentra e alvo de investigações de pessoas que desejam fazer justiça àqueles que nunca mais foram vistos.
Lançado originalmente em 1846 com o título The String of Pearls – O Colar de Pérolas – , se tornando quase que instantaneamente um dos grandes sucessos das Pennies Bloods (publicações diárias semelhante com os romances de folhetim), Sweeney Todd, O Barbeito Demoníaco de Fleet Street encantou os leitores ávidos por estórias sangrentas que ansiavam dia-a-dia pelas continuações da misteriosa narrativa do emblemático barbeiro e suas estranhas atitudes.
Atribuída a Thomas Prest e James Rymer, dois dos maiores e mais famosos escritores da época, a novela gótica navega e se sustenta por situações e diálogos teatrais, em que a comicidade, o excêntrico e o absurdo se destacam e divertem o leitor, indo ao contrário do que gênero a princípio nos propõe. Com personagens carismáticos e um vilão caricato, a trama bastante óbvia – independente de conhecermos ou não o grande ponto de virada da obra – nos imerge em uma leitura agradável em que as páginas voam e as situações revoltam, ao mesmo tempo que não pesam e não nos sobrecarregam.
Classificada de forma categórica como leitura de entretenimento, Sweeney Todd parece não se envergonhar de tal classificação, indo a fundo em tal nomenclatura, nos entregando subtramas que soam tão interessantes quando a principal linha narrativa; de fato nos entretendo e aguçando nossas curiosidades. Por mais que pareçam por vezes descartáveis e levemente cansativas, algumas divagações textuais colaboram para a jornada e solidificações dos personagens e suas respectivas ações.
Possuindo duas famosas adaptações, uma para o teatro e uma para o cinema (protagonizada por Johnny Depp em 2007 e bastante premiada), a narrativa do psicopata de Fleet Street parece ter conquistado o local de uma obra atemporal; em que suas situações e personagens aparentemente datados, soam como elementos que superaram e muito as intempéries temporais, servindo ainda hoje como uma leitura indicável e menos problemática do que se espera de uma narrativa como essa. Se já assistiu ao filme, saiba que ambas as mídias possuem mudanças significativas, que podem inclusive te fazer considerar – talvez – o personagem principal da novela literária bastante raso e superficial. O que sinceramente? Por incrível que pareça não me incomodou.
Gostaria de frisar que Sweeney Todd parece ser uma versão alternativa de Conde Olaf (e vice-versa), o caricato e cômico vilão de Desventuras em série. Com seus maneirismos, comportamentos genéricos e vilanias absurdas, o vilão realmente conquista e complementa bem os demais personagens da trama, que conseguem ser tão divertidos quanto o personagem título. Em síntese, Sweeney Todd é aquele tipo de livro que não surpreende, mas que compensa pela agilidade, pela imersão e pelos personagens. Uma obra que honra o peso que carrega sendo a exemplificação do entretenimento puro e simples.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de aprazível e indicável, Sweeney Todd peca nos momentos finais. O grande clímax é corrido, com explicações e revelações que não me convenceram e com pontas soltas provenientes de subtramas esquecidas. Em suma, é um bom livro, com um final já esperado, mas com páginas finais ágeis além da conta.