******************************NÃO contém spoiler******************************
Em tempos de tanta polarização política e artística, achei engraçadas as reações fervorosas e revoltadas do público com o mais novo filme do Superman dirigido por James Gunn. Woke, Superman para todes, fracote, filme para crianças e entre tantas outras descrições “pejorativas” foram disseminadas internet a fora com a intenção de desvalidar o novo início do universo estendido DC nos cinemas.
De um lado, os fãs do falecido universo de Snyder. Do outro, conservadores irritados com o lado político do filme; que revoltosos, o classificaram como woke e fizeram campanha para que ele flopasse. Mas então? O filme é de fato ruim e um desrespeito com o legado do maior herói de todos os tempos? O assisti na estreia – sim, só agora a vida me permitiu parar e vir compartilhar minha opinião com vocês – e confesso que apesar de ressalvas, saí aliviado e feliz com o que vi. Não se trata de um filme perfeito, mas o principal ele entrega e entrega com perfeição: o renascimento da essência do personagem, além de assumir o que ele é; um filme de quadrinhos para fãs de quadrinhos.
Importante salientar, que fora o Superman de Injustiça e algumas versões alternativas de multiversos, o Homem de Aço passa longe de ser um super-herói sisuso, que deixa pessoas morrerem sem peso na consciência, que nunca apanha de nenhum outro personagem ou que não se importa com os outros de nenhuma maneira. Apesar das críticas, gosto bastante da versão de Zack Snyder, mas é inegável que ele deturpou de maneira antecipada todas as principais características do herói – foi afobado. Já o novo Super de Gunn, é o oposto do que tínhamos anteriormente. É a esperança em forma “humana”, é um filme colorido, ágil e divertido, em que o protagonista se deixa sorrir, se questiona e se preocupa com os outros… É a transcrição quase perfeita das HQ’s.
Entretanto, sofre pela excessiva agilidade e com o excesso de personagens, que não desenvolvidos, podem causar estranheza ou até mesmo decepcionar alguns. Os acontecimentos são tão frenéticos, que apesar de bons, não chegam a marcar, não se tornam memoráveis. As interações entre os personagens são excelentes, muito pela certeira escalação de seus intérpretes e pela segura direção de James Gunn. O lado politíco é bem inserido e conversa muito bem com o atual momento que enfrentamos. E é sério que colocar o Super como imigrante incomodou tanta gente assim? Os que reclamaram já leram alguma HQ do herói ou estão apenas embarcando na onda dos haters?
Outro ponto importante que preciso frisar, é que o filme não possui equilíbrio. É de fato excessivamente infantil, o que me incomodou em certos momentos. Me pareceu que o desepero do diretor em se distanciar do Snyderverso era tanto, que ele não conseguiu ser sútil e pesou a mão. Em relação ao Super supostamente só apanhar no filme, nem me aprofundarei nesse quesito, já que em minha humilde opinião, tratasse de um discussão tão supérflua, que a deixarei em standby.
Em suma, não é perfeito, mas cumpre bem o papel de ser um filme inicial e divertido. E que acima de tudo, sirva também de parâmetro para que o diretor e sua equipe façam as arestras necessárias para que na vindoura continuação ele seja uma adaptação mais equilibrada e menos desesperada. Afinal de contas, aquela máxima nunca falha: o menos é mais.