********************************NÃO contém spoiler********************************
CONFIRA A CRÍTICA E RESENHA DE THE BOYS – SÉRIE E HQs(1ª TEMPORADA) CLICANDO AQUI
***
Com a chegada em um futuro próximo da série live-action de Legado de Júpiter pela Netflix, muitos se questionam se essa não será a The Boys da Netflix, o contra-ataque da gigante de streaming contra a rival Amazon Prime. Mais uma série de super-heróis que promete agradar ao fãs do gênero e aos desavisados do rolê; que possui uma temática já bastante conhecida, mas que se bem trabalhada promete ser mais um acerto da criadora de Stranger Things. Contudo, a criação de Mark Millar navega por caminhos mais suaves e equilibrados se analisarmos e compararmos ambas as obras. Enquanto em The Boys lidamos com super-heróis que subvertem a lógica heróica e representam um lado sanguinário, egocêntrico e distorcido dos heróis – onde questões midiáticas e sexuais tomam grandes proporções da trama – em O Legado de Júpiter temos uma pegada e discussões mais filosóficas, misteriosas e aprazíveis sobre conflitos de gerações, o impacto dos heróis na sociedade (principalmente no que tange questões políticas) e sobre as consequencias de nossas ações como um todo, sejam elas atuais ou do passado.
Com uma narrativa que apresenta um grupo de humanos que durante a descoberta e exploração de uma ilha adquirem super-poderes, vemos através de um salto no tempo a pressão que os novos heróis sofrem em tentarem ou não carregar o legados dos pais; os famosos heróis que juntos ajudaram a manter a paz na sociedade e a criar um mundo melhor para se viver. Com diversas referências a personagens como Superman e Darkseid, Millar nos entrega uma trama necessária sobre o peso de sermos quem somos e de quem queremos ser. O Legado de Júpiter, o arco formado por duas graphic novels de 136 páginas cada uma, toma para si a responsabilidade de apresentar uma trama de heróis, anti-heróis e vilões que moldam o mundo a seu bel-prazer, seja através do bom exemplo ou por vias tortas como o ditadorismo. Não temos tempo para nos apreciarmos com mais vigor as camadas que os tornam heróis; pois aqui, temos personagens que brincam com esta lógica e levantam dúvidas no leitor. Mark Miller cria um enredo que joga muitos elementos na narrativa sem necessariamente trabalhar cada um deles com profundidade; o que pode acarretar em uma sensação de uma trama divertida, mas linear e simples demais em sua composição.
Cada personagem exece com afinco – quase sem nos deixar na dúvida – o papel que foram criados para exercerem. Os mocinhos são mocinhos e os vilões são vilões; não há dúvida para quem devemos torcer e a trama é bastante óbvia. Trata-se de uma jornada em que o desfecho já sabemos muito antes que ele ocorra. A graça de O Legado de Júpiter é exatamente essa, torcermos e lermos na pressa de chegarmos no momento em que os caras maus terão o que merecem. As amizades entre os heróis e alguns conflitos psicológicos que os formam são apenas alguns pilares (as vezes frágeis demais) que ajudam no caminhar da trama e nada mais além disso. Algumas cenas chocam pela brutalidade, mas nada que irá deixar amortecido os leitores e fãs de The Boys. Os personagens são bacanas e possuem carisma, o que deixa a leitura leve e fluída. O desfecho apesar de ser bastante esperado, compensa toda a jornada e lava nossas almas de leitores justiceiros, mesmo que muita coisa fique no ar, realmente sem uma explicação satisfatória. O que não é de fato um ponto negativo se você se propuser a ler o arco prólogo intitulado Círculo de Júpiter, que assim como sua predecessora (ou antecessora, dependerá da ordem que você as ler), também é formada de duas graphic novels de 136 páginas cada uma.
Diferente do que vemos em O Legado de Júpiter, em “Círculo” acompanhamos a velha guarda em ação, a interação entre a equipe, os conflitos entre eles, questões mais palpáveis sobre sexualidade e paternidade e algumas explicações de situações e fatos que em O Legado são apenas mencionadas. Esta continuação, por assim dizer, traz uma maior dimenção para o enredo e uma maior tridimensionalidade aos personagens. Tudo parece fazer mais sentido e as páginas tomam conta de de transformar os pilares abstratos em algo mais concreto para os leitores.
Todavia, apesar de ser mais sólido e dar conta de sair da superfície entregue em O Legado de Júpiter, a sequência em questão não vai nas profundezas do que esta história poderia ser. É um bom complemento e apesar de se tratar de uma narrativa mais lenta, satisfaz. No geral, as graphic novels de Mark Miller formam mais uma trama de super-heróis confusos que se desvirtuam enquanto tentam descobrir o peso de serem quem são.
TRAÇOS E PALETA DE CORES:
O traço de Frank Quitely (artista bastante conhecido por colaborações com Grant Morrison) é bem agradável e funciona de forma orgânica com o texto de Miller. Até mesmo quando nos deparamos com a mudança de artista quando pegamos Círculo de Júpiter para lermos, percebemos o quanto os traços de Chris Sprouse (artista vencedor de dois prêmios Eisner por Tom Strong) por vezes mais quadrado do que os de Quitely conversa e caminha bem com o trabalho de seu colega; assim como os traços de Wilfredo Torres. Os três traços são bacanas e trazem estéticas parecidas apesar de suas particularidades. A paleta de cores é focada em cores mais roxeadas e as vezes foscas, que também funcionam e são bem escolhidas e aplicadas (reflexo do bom trabalho de Peter Doherty e Ive Svorcina). Bons trabalhos que complementam muito bem o texto de Mark Miller, dando vida aos personagens do famoso quadrinista.
As 4 HQs que compõem todo o enredo da história definitiva de super-heróis de Mark Miller (como ele mesmo gosta de dizer):
[…] CONFIRA A RESENHA DE O LEGADO DE JÚPITER E CÍRCULO DE JÚPITER (HQ’s) CLIXANDO AQUI […]
[…] O LEGADO DE JÚPITER & CÍRCULO DE JÚPITER (HQ’S) […]