Histórias que davam filmes. Esta, é a premissa desta antologia de 10 contos, que abraça diversos géneros: fantasia, ficção científica, terror, sobrenatural, romance, comédia, suspense, espionagem, drama, guerra, infantil e policial. Com enredos fluídos e envolventes, personagens fortes e desfechos surpreendentes, estes contos, são capazes de desafiar a imaginação do leitor.
Já imaginou um livro que não se prenda a apenas uma história? Que te faz flutuar pelas páginas com os mais diferentes gêneros literários e com personagens que te levam ao extremo do amor e ódio?
É o que encontrei lendo “De Conto a Romance”, do autor Carlos Galinho Pires, com 10 contos que te fazem literalmente questionar se os personagens estão ou não fazendo o que é certo e quem será o próximo enganado.
Ao iniciar a narrativa somos apresentados ao personagem Rómulo. Com 8 anos ele percebeu, da pior maneira possível que, quando pensava em alguma coisa, ela podia acontecer. Com essa constatação ele nunca mais foi o mesmo, tomando sempre cuidado ao pensar em algo, pois não queria mais ferir as pessoas.
“Desde esse dia Rómulo nunca mais foi o mesmo. Passou a ter muito cuidado em tudo o que pensava. Quando alguém adoecia ele pensava que aquela pessoa poderia melhorar e de facto tal acontecia. Mas seriam coincidências? Só quando chegou ao secundário é que se voltou a lembrar daquilo que ele considerava de poder”.
O destino não permitiu que Rómulo ficasse sem usar “seu poder”, como ele acredita, e uma série de acontecimentos o coloca em situações de tirar o fôlego.
O destino não brinca apenas com Rómulo, situações curiosas também rondam Michael, um garoto de 6 anos norte-americano que, em sua primeira aula de caligrafia, surpreende a professora e a si mesmo ao saber escrever não só o alfabeto de seu idioma, mas diversas línguas distintas.
“A professora dirige-se ao seu lugar e confirma que de facto terminou o exercício com uma antecedência impressionante. E todas as letras foram corretamente desenhadas, como se já as conhecesse muito bem. No entanto algo de estranho está no rodapé da folha. Caracteres que parecem pertencer ao alfabeto cirílico, chinês, árabe e outro aparentemente inventado, ou que ela simplesmente desconhece”.
E assim a vida dos dois personagens se cruza no futuro com uma revelação que deixa o leitor de boca aberta. Incrivelmente escrito, com mistério e romance, os contos não deixam a desejar e, a cada página lida, a sensação é de prender a respiração, sem saber ao certo o que acontecerá com os personagens e como se livrarão do conflito descrito.
“Não basta escrever, é preciso sentir e acreditar. Não é possível alterar destinos contra a vontade de quem os escreve. Apenas usando o destinuom, mas mesmo aí, é necessário que o Escriba seja inspirado por outro, tal como Anael vos estava a fazer”.
Para você que adora uma história recheada de mistério e revelações surpreendentes, onde o destino não para de pregar peças e proporcionar reviravoltas impressionantes, eu recomendo a leitura. Após ler, deixe a opinião nos comentários.
Mais sobre o autor:
Carlos Galinho Pires
Nasceu em 1987, dividiu a infância e a adolescência entre a cidade da Guarda e a aldeia de Vale de Estrela. Atualmente reside no Porto. Na escola, o seu exercício favorito de Língua Portuguesa era a composição, que usava para domesticar a sua imaginação fértil. No entanto, só mais tarde, já na faculdade, a criatividade irrequieta se manifesta, quando é incentivado pelos colegas a escrever regularmente num blogue de humor. Cada vez com mais gosto pela arte da redação, é após frequentar um curso de escrita criativa que descobre que não pode viver sem ela, e começa a escrever contos de ficção com alguma regularidade. Desde então, este engenheiro informático de profissão nunca mais parou, sendo esta obra a sua 2ª coletânea.
(fonte: Editora Chiado)