*******************************NÃO contém spoiler*******************************
Autores: Amal El-Mohtar & Max Gladstone
Editora: SUMA / Gênero: Ficção-Cientíca / Idioma: Português / 197 páginas
Razão versus emoção.
Uma nascida da tecnologia. A outra? nascida das sementes do Jardim.
Duas mulheres poderosas e perigosas que de lados opostos lutam uma guerra que desafia tudo e todos, inclusive o próprio tempo. Uma relação conflituosa, estranha, sentimental e apaixonante; que através de linhas temporais diversas se desenvolve naquilo que demais valioso há no mundo; o amor. Uma trama de ficção especulativa que nos desafia a imergirmos na história de duas mulheres, dois seres que muito diferentes entre si lutam uma guerra sem sentido, ao mesmo tempo que tentam entender seus lugares no mundo através de cartas trocadas entre si. Narrativas epistolares que carregam emoção e poesia nas palavras que a compõem, entregando a nós leitores uma trama profunda em sentimentos e percepções individuais sofre afeto, carinho e esperança.
“[…] para ser sincera, o amor me confunde. Eu nunca tinha sentido isso antes. […] Mas quando penso em você, eu quero ficar sozinha junto. Eu quero ficar contra e a favor. Eu quero viver em contato. Quero ser um contexto para você, e que você seja para mim.
Eu te amo, e eu te amo, e quero descobrir juntas o que isso significa.”
É assim que se perde a guerra do tempo dos premiados autores Amal El-Mohtar e Max Gladstone é esquisito e desafiante. Uma obra composta de camadas e mais camadas que dificultam algumas compreensões acerca do que está sendo dito e que entrega uma estrutura narrativa que enriquece a emoção proposta, mas que enfraquece tanto quanto as demais camadas explanativas do romance em questão. Tudo é descrito de forma bastante simples, de maneira que a construção de mundo e características das personagens são confusas. Não entendemos exatamente que guerra elas travam e que seres habitam este universo.
A obra não trata-se de um texto raso, apesar de muitas vezes flertar com tal significação. A filosofia e metáforas empregadas na trama elevam o nível textual, já que nos entrega questões existencialistas e indagações sobre diversos outros aspectos sobre o que nos movimenta e nos motiva dia-a-dia. Contudo, É assim que se perde a guerra do tempo deixa a desejar quando não explora os demais aspectos do mundo apresentado, nos entregando apenas o básico para que nos contextualizemos ao longo da leitura. O que me deixou com uma sensação de desequilíbrio, que me incomodou.
A escrita por vezes pode parecer rebuscada, complexa, mas nada que seja impossível de ser compreendida. É um romance sáfico peculiar, que certamente não será para todo mundo e que para alguns exigirá uma releitura. Um livro que me emocionou em alguns momentos, mas que não conseguiu despertar em mim alguma ligação emocional com as personagens que movimentam a história. Uma trama “profunda e rasa” ao mesmo tempo. Que sozinha – devido sua escrita e profundidade sentimental – justifica os prêmios recebidos (Nebula, Locus e Hugo), mas que me deixou com sentimentos conflituosos sobre seu conteúdo no geral. Em suma, É assim que se perde a guerra do tempo é um romance que prova sem deixar dúvidas ao leitor que o amor é capaz de tudo, inclusive de vencer o próprio tempo.