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*****************************NÃO contém spoiler******************************

Poderia listar milhares de motivos para convencê-los a assistrem Euphoria, o sucesso estrondoso do canal HBO protagonizado por Zendaya. Fiquei dias após terminar a primeira temporada tentando organizar meus sentimentos e ideias para uma possível crítica. Mas o que dizer de uma série que me emocionou e me deu arrepios do início ao fim? Por qual motivo Euphoria foi considerada uma série polêmica e por qual razão ela tanto incomoda? Com diversos temas considerados tabus pela sociedade que se nega a enxergá-los ou encará-los de frente, Euphoria incomoda por não inviabilizar e nem invisibilizar temas tão importantes como pedofilia, agressão física e emocional, pornografia, dependência química, sexualidade, gordofobia, transexualidade, transfobia, homofobia, empoderamento feminino, relacionamentos abusivos, depressão  e nudez.

Não há espaço para que tão importantes assuntos sejam mascarados. As cenas e situações expostas ao público incomodam e nos forçam a refletir sobre os nossos papéis na sociedade. Mesmo voltada para um público mais jovem, Euphoria não atenua as abordagens, indo a fundo nas mesmas através de personagens que nos causam uma ebulição de sentimentos, da repulsa a veneração. Com uma montagem excelente, a série vai introduzindo personagem a personagem de forma inteligente, mesclando o presente e o passado de forma que entendamos como suas personalidades foram formadas ao longo do tempo. O panorama narrativo é fascinante e bastante amplo, de maneira que as relações e acontecimentos não deixam dúvida quanto aos seus impactos emocionais e psicológicos, seja na linha narrativa dos personagens ou no próprio telespectador.

Acompanhar as diversas jornadas apresentadas é uma tarefa árdua que pode servir de gatilho caso você tenha um estado emotivo frágil ou caso não esteja preparado (a) para abordagens tão áridas como as que irá encontrar em Euphoria. A história de Rue, uma jovem que sofre de depência química ganha um peso ainda maior quando seu destino se cruza com o de Jules, uma jovem transexual que precisa lidar com seus desejos sexuais e inseguranças de ser quem é. No meio de tramas sofre relacionamentos familiares, a descoberta do amor e o peso da juventude, vamos encarando episódio e episódio os dramas e traumas das demais personas que orbitam ao redor das protagonistas e que possuem tanto peso ou até mais do que elas próprias.

Os movimentos de câmera que exploram o cenário como um todo, trazem tridimensionalidade para as cenas e nos faz enxergar o cenário de forma muito mais ampla ou as vezes distorcida, colaborando com as viagens psicológicas dos perosnagens, se fundindo com seus estados mentais. A fotografia da série e a sonoplastia da mesma é algo díficil de explicar. É tudo tão espetacular que logo nos primeiros episódios fica nítido que Euphoria está em outro patamar, já que tanto as atuações quanto os elementos técnicos da mesma a elevam e muito se comparada com outras séries cujas abordagens também são o universo adolescente. Zendaya me surpreendeu tanto como a personagem central que em vários momentos cheguei a ver e rever suas cenas mais de três vezes cada uma. O que não é um caso isolado, já que todos os atores estão assustadores nos papéis que executam.

E o que dizer da grande polêmica envolvendo as milhares de cenas de nú masculino frontal?

Sinceramente? Em pleno 2019 (ano em que estreou) as pessoas ainda se chocam com nudez? Se impressionam e se revoltam por verem de forma explícita pênis e mais pênis em uma série para o público juvenil? Pra mim tal polêmica é sem sentido e trata-se da falsa negação de que os jovens não lidam com a nudez todo santo dia. Como se nossa sociedade fosse formada de jovens puritanos que não sabem o que é receber ou enviar um nudes para alguém. Nudez nem deveria ser um aspecto a ser polemizado. A série retrada o universo jovem como ele é… repleto de inseguranças, pornografia, desejos sexuais e muitas vezes regado de drogas (que funcionam para muitos como uma vávula de escape, como ocorre com a protagonista). Euphoria não é uma série de floreios e nem uma série feita para agradar as “famílias tradicionais”. Ela claramente foi feita para incomodar, para escancarar as hipocrisias que nos rondam e para nos fazer entender que a sociedade a qual fazemos parte é torta, obscura e repleta de situações difíceis de digerir. Euphoria é muito mais do que uma série; é um soco no estômago. Talvez por isso ela seja tão necessária.

 

 

 

 

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