INSCREVA-SE NO NOSSO CANAL DO YOUTUBE, RESENHAS DE LIVROS, FILMES, SÉRIES E ANÁLISES

anuncie aqui

Autor: Ailton Krenak

Editora: Companhia das Letras / Literatura indígena / 64 páginas

No dia 12 de março de 2019, Ailton Krenak, o famoso escritor indígena, proferiu em Portugal a palestra intitulada “Ideias Para Adiar o Fim do Mundo”. Assim como quem decide ler as transcrições expostas no livro, e assim como os participantes do evento, acredito eu; me perguntei quais seriam as ideias compartilhadas e que reflexões elas suscitariam. Afinal de contas, qual a razão de adiarmos um fim que “desconhecemos”? O mundo está de fato acabando e não nos demos conta disso?

Com uma escrita bastante simples e por vezes metafórica, o autor expõe de forma irônica e bastante provocativa questionamentos acerca de nosso descaso com o ambiente que nos cerca. Desrespeitando culturas, ancestralidades e nos colocando no centro de tudo, ignoramos a natureza, a tratando exclusivamente como um meio para alcançarmos um fim. Entre ambições que alimentam dia-a-dia o capitalismo enraizado na sociedade, nos preocupamos com nossos meios lucrativos sem percebermos que enquanto vivemos, o mundo morre.

As percepções e debates propostos por Krenak, nos deixa pensativos sobre nossas arrogâncias humanas e o quanto nossas ideias egocêntricas  podem vir a prejudicar a todos, incluindo as novas gerações. Que mundo deixaremos para os que hoje nascem? Que ideias perpetuamos todos os dias e quais comportamentos podemos mudar a fim de preservarmos o mundo que habitamos? Talvez seja o momento para pararmos pra pensar sobre tão importantes indagações. A obra publicada pela Companhia das Letras em 2019 também traz as transcrições de “Do Sonho e da Terra”, palestra de 6 de maio de 2017, onde o autor se aprofunda em questões sobre povos indígenas e o quanto eles são constantementes ignorados e ridicularizados, tendo suas formas de enxergar o mundo como algo a se tranformar em piadas. O livro é finalizado com “A Humanidade Que Pensamos Ser”, a transcrição da entrevista dada pelo autor para os jornalistas Rita Natálio e Pedro Neves no ano de 2017 em Lisboa. No referido bate-papo o autor reforça a ideia que dá início a este paragráfo: “Que mundo deixaremos para as próximas gerações? Que tipo de humanidade somos?”

“Como justificar que somos uma humanidade se mais de 70% estão totalmente alienados do mínimo exercício de ser? […]”

Considerado uma das maiores lideranças da população indígena do nosso país, Ailton Krenak é um exemplo de homem, de escritor, de pensador e de criador de ideias capazes de nos mudar, por dentro e por fora. Enquanto vivemos nossas vidas sem pensarmos no amanhã que seja o além do nosso amanhã (um comportamento quase nulo na sociedade atual, onde o egoísmo prevalece), o mundo chora a lenta morte que o consome. O mundo se aproxima sim cada dia mais de seu fim, e salvá-lo só depende de nós. Se o mundo chora, iremos chorar com ele. Se o mundo sangra, sangraremos com ele. E se o mundo quer viver, lutaremos e viveremos com ele. Ailton Krenak tem razão e apesar das diversas adversidades do dia-a-dia, devemos alimentar ideias que adiem o fim do mundo!

O vídeo abaixo é longo, mas vale a pena. Ailton Krenak dá um show de sabedoria.

Compartilhe
Share
Share
0
Adoraria ver seu comentário ♥x