**********************************NÃO contém spoiler**********************************
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Autor: André Aciman
Editora: Intrínseca / Idioma: Português / 272 páginas
Muito pensei se valeria ou não a pena colocar em palavras meu descontentamento em relação a Me Encontre; a suposta continuação de Me Chame Pelo Seu Nome do autor Andre Aciman. Não que o referido livro seja ruim ou que não valha a pena a leitura. Todavia, levando em consideração a grandiosidade e toda carga emocional de seu predecessor, é inevitável não me colocar na infame e indesejável posição de um leitor decepcionado. O livro que tem por vez a missão de dar continuidade à poética e elogiada narrativa do autor – que em seu primogênito relata o amor de duas pessoas que se permitem serem o que desejam ser, sem amarras ou despropositais julgamentos – perde fôlego e quase se estagna em meio a uma narrativa que apesar de entregar outros facetas deste tão singelo sentimento, não encanta e nem impacta na mesma proporção.
Dividida em duas partes, a trama se desenrola pelo ponto de vista de um personagem já conhecido – o pai de Elio – que aqui conquista maiores proporções narrativas, tomando para si a díficil tarefa de encantar os leitores; que ao invés de reencontrarem as tão fascinantes almas apaixonadas do livro anterior, terão agora a sua frente o árduo desafio de se acostumarem e se reencantarem com uma nova narrativa, dessa vez envolta na jornada de “novos personagens”, cuja paixão inflama logo nas primeiras páginas, e que apesar de decepcionante, explora com afinco e de maneira bastante satisfatória esta nova e verossímel relação.
Contudo, apesar de não se perder em sua abordagem, o romance sofre pela não cativante narrativa, que muito mais do que apenas um desenvolvimento lírico e poético, não nos entrega toda a voracidade esperada, e que por este motivo, me foi uma leitura morosa e sem grandes apegos emocionais. Por mais que eu tenha passado muito tempo ruminando sobre minhas opiniões na vã tentativa de conseguir classificar e organizar de forma mais direta minha experiência, não consigo classificá-la de forma mais palpável do que uma jornada enfadonha e muito aquém de minhas expectativas.
Esta tão indelével sensação, me deixou com um amagor muito parecido com os oscilantes sentimentos dos apaixonados, cujo amor não correspondido, dilacera. Fiquei realmente pensativo se o problema era eu ou o livro. Por que o mesmo não me deixou extasiado ou pensativo sobre as diversas facetas do amor como eu desejava que tivesse acontecido? Por que não terminei o livro me sentindo saciado e desejando desesperadamente encontrar minha alma gêmea? Onde foi que errei como leitor? Por fim, terminei a leitura me sentindo apenas aliviado de ter me decepcionado sem ter detestado a fundo a leitura. O que não passou de uma pífia satisfação, que serviu apenas e exclusivamente para satisfazer o básico do básico do que esperava encontrar.
Em resumo, Me Encontre serviu ao menos para reafirmar o talento de André Aciman em retratar com assertivas descrições os sentimentos humanos sobre as diversas relações que nos sustentam e nos moviventam, mostrando com muito lirismo que o amor é de fato o sentimento dos sentimentos, sendo o cerne de nossas almas, capaz de mostrar que a vida vale a pena e que todos devemos e merecemos ser amados.