******************************NÃO contém spoiler******************************
O Predador: A Caçada, o mais novo filme do caçador alienígena, surge com a intensão de revitalizar a franquia e nos trazer novos ares e personagens que se conectem com situações e discussões atuais, elevando a obra a um novo patamar. Recheado de filmes genéricos que apenas divertem aqueles que não procuram profundidade e reflexões, a franquia parece agora ter encontrado o caminho certo a seguir desde de Predador de 1987 dirigido por John Mactiernan e protagonizado por Arnold Schwarzenegger.
Dirigido por Dan Trachtenberg (diretor de Rua Cloverfield 10) e protagonizado por Amber Midhunter, o mais novo longo de ação e horror se aproveita das exuberantes paisagens e excelente trilha sonora para nos imergir em uma caçada alucinante em que caça e caçador se mesclam em boas cenas de ação, que bem dirigidas nos conecta com a personagem central de forma visceral, pouco vista em filmes do gênero.
Com cenas e diálogos em sua maioria previsíveis, O Predador: A Caçada consegue fugir da superficialidade óbvia devido a diversos aspectos – em sua maioria do bom roteiro – que o sustentam como um bom filme de ação; tornando tais ressalvas em algo apenas pontuais, mesmo que de fato não o sejam.
Acompanhar a nativa indígena Naru em busca de seu grande objetivo – a de se tornar uma caçadora – enquanto enfrenta a resistência da tribo que faz parte, torna a narrativa em algo mais palpável, em que discursos feministas são inseridos com esmero, sem deixar o filme piegas e desconexo com a proposta que rodeia o icônico personagem título. Questionamentos que permearam público e crítica antes mesmo de seu lançamento – acerca da protagonista e seu físico – caem por terra quando cenas e situações são construídas de forma a não “endeusar” a personagem central. Trachtenberg explora afinco os medos, inseguranças e persistência da heroína de forma a humanizá-la o suficiente para que absurdos não tomem conta do roteiro de forma desenfreada.
Se por um lado o novo filme bebe da fonte e referências do clássico de 1987, por outro, aqui temos uma roupagem atual que funciona e traz a reinvenção da obra de forma mais que certeira. Talvez peque apenas nas constantes cenas que “fragilizam” demais a personagem, o que atrapalha de leve o arco final, em que o grande conflito se torna talvez um pouco anticlimático. No mais, O Predador: A Caçada é um bom recomeço pra franquia, que prova que diferente do que muitos acreditavam, ainda há muito a ser explorado. Trata-se de apenas mais um filme de desconstrução cultural? Talvez. Mas também um bom filme que vale o hype e que está além de nomenclaturas respaldas apenas pelo preconceito sustentado pelo machismo. Afirmo sem medo de errar, vale a pena e como vale!