
The Wicked + The Divine (Vol 1 e 2): “A reciclagem do tema reencarnação.”

******************************NÃO contém spoiler******************************
A CADA NOVENTA ANOS DOZE DEUSES REENCARNAM COMO PESSOAS JOVENS. ELES SÃO AMADOS. ELES SÃO ODIADOS. E EM DOIS ANOS TODOS ELES MORREM. O ANO É 2014. ESTÁ ACONTECENDO DE NOVO. ESTÁ ACONTECENDO AGORA.
Com pluralidade cultural e mitológica, The Wicked + The Divine nos agracia com referências ao mundo pop, trazendo a tona críticas pertinentes a respeito da alienação e veneração desproporcional dos jovens da atualidade em relação aqueles que escolhem venerar. Com um tema já bastante recorrente; como a reencarnação de deuses; a premiada obra de Kieron Gillen e ilustrada por Jamie Mckelvie, apresenta a nós leitores doze deuses que reencarnam no mundo atual como jovens adolescentes astros da música pop. Criticados por alguns e endeusados por tantos outros, precisam lidar com suas iminentes mortes que ocorrerá dois anos após se descobrirem deuses reencarnados. Qual o motivo de tais reencarnações e por que elas ocorrem apenas de 90 em 90 anos?
Os dois primeiros encadernados – The Wicked + The Divine & The Wicked + The Divine: Fandemônio – lançados no Brasil pelo selo Geektopia da editora Novo Século focado em quadrinhos, reúnem os 10 primeiros volumes – 5 cada um – em edições de capa dura. A trama se foca em Laura, uma adolescente fã dos deuses mencionados, que se vê diante de uma oportunidade única; conhecer uma de suas artistas favoritas pertencente do famoso panteão dos deuses. Tudo vira de cabeça para baixo quando todos durante uma entrevista de Amaterasu – deusa xintoísta do sol – juntamente com os demais deuses e jornalistas, são atacados por assassinos que acabam sendo mortos por Lúcifer, rainha do inferno da mitologia judaica-cristã. Durante seu julgamento, Lúcifer erroneamente acaba fazendo uma brincadeira inapropriada com o juiz, explodindo a cabeça do mesmo. Ou pelo menos é isso que todo mundo acredita, mesmo ela jurando inocência. Laura sendo a única a acreditar que sua mais recente amiga é de fato inocente, embarca em uma jornada investigativa com a intenção de achar o verdadeiro culpado.
Os traços e colorização são magníficos, e as referências ao mundo pop, principalmente no visual dos personagens, são bacanas e muito identificáveis. Se inspirando em artistas como Madonna, Rihanna, David Bowie entre outros, a HQ dialoga com perfeição com seu público alvo, apresentando uma abordagem pós-moderna, “reciclando” um tema já bastante conhecido pelas pessoas imersas no mundo geek. Os acontecimentos e revelações são legais e os personagens carismáticos. Contudo, não achei tudo isso que dizem e pra mim foi uma experiência mediana de leitura. Não consegui me apegar emocionalmente com a história e em minha opinião faltou dinamismo e acontecimentos mais frenéticos. Pretendo dar continuidade na série, mais por curiosidade do que por ter gostado como gostaria que tivesse acontecido. Vida e Morte são temas recorrentes que levantam a reflexão sobre vivermos como se não houvesse o amanhã. The Wicked + The Divine é uma HQ cheia de diversidade de todos os tipos; abordando de maneira respeitosa as mitologias que se propõe apresentar. Levando a nós leitores a navegarmos em uma jornada cheia de discussões e mistérios sobre nosso papel no mundo e na vida daqueles que nos cercam.
PRÊMIOS
The Wicked + The Divine foi vencedor do British-Awards como melhor quadrinho de 2014. Foi também nomeado em 2015 para o Eisner Awards nas categorias melhor nova série, melhor artista e melhor colorista.