
Trilogia Scythe – Neal Shusterman | Vale a pena a leitura? #23

******************************NÃO contém spoiler******************************
Autor: Neal Shusterman
Editora: Seguinte / Gênero: Ficção-científica / Idioma: português / Total de páginas da trilogia: 1.504 páginas
Em um mundo onde a morte é tratada de forma singular, onde morrer de forma natural ou autoimposta não é mais possível e nem permitido, um grupo de pessoas se une e formam uma organização chamada ceifa. O objetivo? Serem os arautos da morte, os responsáveis por decidirem, anunciarem e dar fim a vida àqueles que irão morrer em prol do controle do aumento populacional do planeta. Um equilíbrio necessário para a manutenção do mundo e de todos aqueles que o habitam. No mundo dos ceifadores, em que suicidas são ressuscitados e em que pessoas são assassinadas de maneira permitida, viver pode ou não ser de fato uma dádiva. Criando um mundo em que questões de vida e morte caminham lado a lado em uma narrativa bastante questionadora acerca da humanidade e suas limitamões morais; Neal Shusterman nos entrega uma história impactante sobre empatia, fé, crueldade e ambição.
Em O Ceifador, somos introduzidos em um uma trama que caminha sem pressa, de forma a nos envolver e nos chocar com as “limitações” do ser-humano em um mundo em que a vida é manipulada pelo próprio ser-humano e por uma inteligência artificial que possui dons que beiram o divino. Que direito temos de querer decidir quem deverá ou não viver? Uma questão permanente nos três livros da trilogia, que se desenvolvem de forma bastante inteligente e sagaz. No primeiro livro, somos apresentados a dois jovens aprendizes de ceifadores que precisam lidar com a morte como nunca imaginaram que teriam que lidar um dia, sabendo que apenas um deles se tornará aquele que a humanidade teme, um ceifador. Tendo seus psicológicos e ações muito bem delineados, ambos se tornam personagens carismáticos, capazes de conquistar os leitores do início ao fim de suas jornadas. A escrita de Shusterman não é frenética, sendo por vezes lenta, mas não cansativa. Possui descrições certeiras e um desenvolvimento bem arquitetado. Todos os personagens são bem aproveitados e os vilões são excelentes. Neste mundo, tudo pode sair do controle, quando matar se torna um ato prazeroso para alguns, muito mais do que um ato necessário.
Tendo se tornado um dos maiores hypes da última década – em especial entre o público jovem – a trilogia supracitada de fato surpreende e merece o hype a ela imposta. A qualidade do primeiro volume se elava no segundo, nos apresentando um desenvolvimento ainda mais envolvente, em que adentramos a fundo nas descobertas sobre a Nuvem, a inteligência que todos veneram e que a todos protege a medida do possível. Muito mais imersivo e muito mais audacioso, A Nuvem se prova como uma continuação mais que necessária, deixando os leitores ainda mais desesperados pelo próximo volume. Uma ansiedade difícil de ser controlada quando nos deparamos com o final do segundo livro, que pra mim foi além do excepcional. Uma narrativa que me conquistou ainda mais, e que me transformou em mais um fã do autor, elevando minhas expectativas para o grande desfecho da “série”.
O Timbre, o aguardado e último volume, agradou a maioria (grupo o qual eu me incluo) e se tornou o meu favorito dos três. Um livro que caminha a passos lentos, com representatividade, polivalência, críticas e referências religiosas, trazendo à tona um aproveitando espetacular dos elementos narrativos do universo criado por Neal Shusterman. Alguns caminhos escolhidos pelo autor de fato soam como fáceis demais (conforme alguns afirmam); mas o desfecho me deixou com sorriso no rosto. Durante a leitura sorri, me estressei, roí as unhas, me desesperei e me surpreendi com algumas explicações e revelações as quais nem esperava que me fossem entregues. Consegui aproveitar cada página lida e cada momento como se eu fizesse parte da história. A trilogia Scythe é excelente e uma leitura que vai além de apenas diversão, não ficando na superfície das reflexões que se propõe em abordar. Com personagens humanos, cruéis, questionadores, sociopatas, lunáticos e ambiciosos, a trilogia é o tipo de história que precisa ser lida. Mostra que apesar das interpéries da vida, sempre há uma esperança para a humanidade. A morte pode não ser o final de nossas jornadas e apenas o início de um novo começo.
Adoro suas resenhas, simples assim!!!