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E se de fato o diabo existisse e com ele todo conjunto fundamentador da teoria cristã? E mais, e se viesse a tona o lado exigente do senhor das trevas ao descobrir-se que ele prioriza o treinamento de seus colaboradores espirituais por meio de setores especializados que visam a queda do “Inimigo” – Deus –  através de ataques sutis e profundamente avassaladores a sua criação, especificamente, àquela que foi projetada a Sua imagem e semelhança?

Clive Staples Lewis, força geradora de todo mundo de Nárnia, de maneira inexplicável, teve acesso a correspondências entre um mentor e seu aprendiz. No entanto, o mais curioso está no fato de o mentor se tratar do demônio Maldanado/Fitafuso/Parafuso – vide tradução – que por meio de cartas, tenta introduzir seu mais novo aluno, a quem trata por sobrinho, na sutil arte de um “tentador”.

Ao todo, contam-se trinta duas missivas recheadas de observações, repreensões e conselhos de diferentes naturezas aplicados a diversos contextos da existência humana, priorizando o ganho de almas para banquetes e o primordial, afasta-las do Criador. Ignora-se a identidade do indivíduo alvo de “Vermelindo” – o aprendiz -, no entanto, toda sua vida, bem como sentimentos, fraquezas, potencialidades, ideologias, vínculos, a influencia da guerra – sim, temos como contexto a I Grande Guerra – entre outros, são discutidos em prol de convertê-lo para o time do chamado “mestre”.

Embora tomado como um instrumento apologético, “Cartas de um diabo a seu aprendiz “ – tradução do original “The screwtape letters” – é capaz de envolver não somente os adeptos ao cristianismo. Mesmo os não adeptos, são levados a profundas reflexões sobre a espiritualidade humana de maneira racional. Conceitos filosóficos que entremeiam o existencialismo humano como a condição, suas dúvidas, frivolidades, temores, vazios, etc.

De maneira irônica e cômica, Lewis retrata situações e questionamentos que são comuns a cristãos, budistas, mulçumanos, hinduístas, ateus e demais. Daí provém a denominação ecumênica atribuída a seus escritos. Vale lembrar que o próprio autor, por muito tempo, considerou-se ateu, crítico ferrenho da ideia de ligação entre “religiosidade e inteligência”, para ele, a religião anulava qualquer manifestação de ideias lúcidas e inteligentes. A amizade com Tolkien, autor da saga “Senhor dos anéis”, influenciou de maneira consistente nesta mudança de pensamento.

Com o passar do tempo, foi percebendo que grandes pensadores, os quais ele admirava bastante, tinham a religião sempre ao lado e se dedicavam a discuti-la e explora-la como forma de buscar respostas a suas indagações.

Em suma, a experiência pessoal do autor nos faz refletir sobre as diferentes possibilidades de interpretação do mundo, bem como suas bases e projeções. Além do mais, as cartas de “Fitafuso” são, no mínimo, inusitadas, portanto, se não for pela compatibilidade de crenças, leia pela simples e pura curiosidade.

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