*****************************NÃO contém spoiler******************************
Se espera e deseja encontrar um anime de samurai com milhares de cenas de lutas de espada, com uma trilha sonora empolgante e com a cultura japonesa explorada com profundidade e em destaque, esqueça Yasuke, a nova aposta da Netflix no mundo das animações japonesas. Produzido em parceria com o estúdio Mappa, o responsável pelos estrondosos sucessos – justificáveis devo dizer – Ataque dos Titãs e Jujutsu Kaisen, Yasuke parece não saber que caminho seguir.
Com um protagonista mediano e “mal trabalhado”, o anime não aproveita o fundo histórico e seus elementos, preferindo uma outra linha temporal, aplicando decisões que o transformam em apenas mais um anime de fantasia, onde o genérico predomina e onde os excessivos elementos fantásticos tomam para si o grande protagonismo da narrativa. Perdendo a chance de trabalhar a cultura japonesa da época dos samurais e as honras que os moviam, Yasuke se desenvolve e se mantém do início ao fim no clichê da luta do bem contra o mal, em uma jornada de autoconhecimento onde mocinhos e vilões parecem perdidos em meio a uma guerra sem sentido.
Os personagens apesar de bastante carismáticos, soam muitas vezes como deslocados, não tendo suas origens e culturas adversas exploradas, tornando-se desta forma, mais alguns dos elementos que se misturam e se perdem na bagunça apresentada. Não que Yasuke seja ruim – decepcionante talvez seja – mas entrega uma trama insossa, com boas relações e bons diálogos; mas extremamente genérico e esquecível.
Tendo que proteger a jovem Saki, que por algum motivo passa a ser perseguida por enigmáticos vilões que desejam o misterioso poder que possui, Yasuke precisa superar seu passado e construir ao lado da simpática mocinha um mundo melhor para se viver, onde o mal seja vencido e extinguido de vez. Em meio a robôs gigantes, metamorfos, magos e samurais possuídos, o anime se desenvolve por vezes de maneira morosa, sem grandes aprofundamentos e se tornando um pouco mais empolgante apenas em seus dois últimos episódios.
Nenhuma cena de ação me foi memorável, nenhum momento me fez sorrir e me empolgar com o que estava acompanhando, e nada me fez entender o porquê de não ter sido explorado a história real do único samurai negro que se tem conhecimento. Yasuke é o tipo de anime que perdeu a oportunidade de ser excelente e único, sendo na verdade, apenas mais um entre tantos outros, mediano e muito abaixo dos demais animes do estúdio Mappa.
ESTÉTICA E TRILHA SONORA
Bastante elogiadas pela maioria, a estética e questões técnicas de Yasuke não me surpreenderam. São boas e bem comuns. Um espelho do que já vi em vários outros animes e bem longe de serem magníficas. Em meio a tantas críticas aprazíveis neste aspecto, esperava encontrar algo no nível de Demon Slayer. Encontrei algo bom, mas nada que justifique tantos elogios.
E o que dizer da trilha sonora? Composta por 22 faixas e produzida por Flying Lotus, a musicalidade do anime parece não fazer sentido. Além de lentas, as músicas parecem não se encaixar adequadamente as cenas. Pecam em não trazer a epicidade que alguns momentos de fato necessitam e as vezes se assemelham a músicas de ninar; já que ao invés de epolgaram e elevarem o nível das cenas (em especial as de ação), as mesmas dão sono. Das 22 faixas, posso dizer que gostei de 2. Uma delas inclusive não utilizada no anime. No geral, é um anime legalzinho, pra se ver sem grandes expectativas, já que trata-se de um anime que não se esforça em não ser algo realmente esquecível.