********************************NÃO contém spoiler********************************
Autora: S. A. Chacraborty
Editora: Morro Branco / Gênero: Fantasia / Idioma: português / 608 páginas
É em meio as ruínas e poeira das ruas do Cairo, que uma garota portadora de um misterioso dom consegue trazer de volta à vida um lendário guerreiro. Perseguidos por mitológicas criaturas, ambos se unirão em uma jornada de segredos e revelações em que nada é o que parece ser. Com intrigas políticas, desigualdades sociais, um passado a ser desvendado e vinganças a serem concretizadas, A Cidade de Bronze mergulha em um universo complexo onde os elementos fantásticos e os personagens que os conduzem nos fascinam e impressionam pela profundidade e aproveitamento dos mesmos na narrativa.
Sendo um dos livros de fantasia mais elogiados dos últimos anos, o romance de S. A. Chacraborty é uma verdadeira preciosidade e excelente para quem procura uma obra, que muito mais do que entreter, nos leva a desvendarmos com calma um mundo cheio de camadas, que desafiando personagens e leitores, nos imerge em páginas obscuras recheadas de diálogos e comportamentos ambíguos que enriquecem o processo de leitura e nos instiga a devorarmos as páginas como se não houvesse o amanhã.
Com um ritmo narrativo semelhante ao de outras obras do gênero como O Nome do Vento e O Navio Arcano, A Cidade de Bronze toma para si um bom tempo para nos contextualizar e desenvolver o universo, as tramas e os personagens que o compõem, se mostrando como uma obra de ritmo linear e bastante abstrusa, que exigirá talvez do leitor uma atenção redobrada para que tudo seja devidamente compreendido e destrinchado.
Excelente para fãs de narrativas fantásticas áridas, A Cidade de Bronze faz jus aos elogios recebidos e se prova o tempo inteiro como uma narrativa de alto nível. Com três protagonistas e dividido em dois pontos de vista, a trama se desenvolve de maneira interessante, abordando temas como intolerância religiosa, fé, injustiças sociais e manipulações políticas, que mesclados com o fantástico, resultam em uma jornada incrível de pura imersão e entretenimento. Contudo, apesar de todos os elogios mencionados e mais que merecidos, A Cidade de Bronze não conseguiu superar minhas expectativas em dois quesitos. Apesar de apreciar uma construção mais lenta e bem arquitetada, costumo ter preferência por um ritmo narrativo mais equilibrado, em que a ação e desenvolvimento dos elementos textuais caminhem lado a lado (semelhante com o que ocorre em Mistborn e Jardins da Lua). Por mais imersivo e impressionado que estivesse, por vezes, senti falta de cenas mais frenéticas e apresentação de curvas que entregassem um maior dinamismo e anulassem um pouco o sentimento introdutório o qual o romance por vezes me entregou.
Outro ponto a se ressaltar, trata-se dos personagens, que apesar de muito bons, me deixaram com a sensação de que poderiam ser ainda melhores. Dos três protagonistas, dois protagonizam cenas que me incomodam, soando muito como pessoas que optam pelo comodismo ou negacionismo quando colocados frente a certas situações. Seus desenvolvimentos são bons, mas poderiam ser excelentes se ao terminar a leitura eu não ficasse com a estranha sensação de que os mesmos não evoluíram, tendo terminado (após 608 páginas) sendo as mesmas pessoas do início.
Todavia, importante frisar que A Cidade de Bronze é realmente incrível, muito bem escrito, com excelentes descrições e com uma construção de mundo quase impecável. Uma obra que impacta e entrega elementos capazes de nos deixar ansiosos pela continuação. Um trabalho digno de uma autora a ser enaltecida; que com muito assertismo, criou um romance que merece ocupar com maestria um lugar ao lado das grandes obras fantásticas que temos por aí.
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