******************************NÃO contém spoiler******************************
Um grupo de corajosas e ambiciosas pessoas, uma missão suicida, uma área isolada e repleta de mortos-vivos e zumbis organizados e quase conscientes de suas ações. A nova empreitada de Zack Snyder – diretor da aclamada versão de Liga da Justiça do HBO MAX – prometeu muito no hypado trailer; deixando muitos empolgados, alguns esperançosos e outros incrédulos. Com a tão aguardada estreia vindo à tona – já estando, na verdade, entre nós – , a pergunta que fica é: vale a pena?
Como um admirador do trabalho do respectivo diretor, devo frisar que apesar de seus vícios e cafonices, suas obras costumam muito me agradar, mesmo que invariavelmente eu costuma ter ressalvas sobre quase todas. Com uma trama que recicla diversos elementos do gênero, Army of the Dead não vem com o objetivo de se posicionar como uma obra-prima digna de angariar os famosos e cobiçados prêmios cinematográficos. Com a clara intenção de ser o mais puro, brutal e sanguinário entretenimento Snyderniano, a nova aposta da Netflix consegue com esmero se colocar como um bom filme de ação; com acertos e falhas, mas ainda assim um bom filme.
A trama que gira em torno de um grupo que aceita entrar na isolada e infestada Las Vegas com a intenção de resgatar um valor milionário, entrega um ritmo e personagens muito bons. Alguns apesar de estereotipados e por vezes com pouco tempo de tela, convencem e nos entregam bons momentos, diálogos interessantes e carisma. As cenas de ação, os cenários, os efeitos especiais e a fotografia também são agradáveis, alguns em um nível surpreendentemente elevado e outros medianos.
O roteiro derrapa em alguns momentos, ressaltando obviedades provenientes de clichês e abordando momentos bizarros demais, que mesmo para um filme de zumbis, se torna um estranho bizarro ao extremo, que ao invés de agradar, se torna algo desconexo da narrativa. A falta de bom senso em criar linhas narrativas capazes de se unirem para responderem importantes questões da trama, também deixam a desejar, já que algumas sequer são bem trabalhadas, deixando muitas questões em aberto.
O elenco, encabeçado por Dave Bautista – O Drax do universo cinematográfico Marvel – é muito bom, com atores que possuem química e que interagem de forma orgânica e equilibrada. Todos estão muito bem em seus respectivos papéis e não há exagero em suas atuações. Bautista demonstra ser de fato um bom ator e consegue carregar com tranquilidade o peso de ser o protagonista. Os exageros à la Snyder se destacam pelas decisões costumeiras regadas de bizarrices, por uma ou duas cenas em que os efeitos especiais oscilam e na trilha sonora (onde quase sempre há os exageros e deslizes na filmografia do diretor).
A costumeira parceria entre Snyder e Junkie XL nos apresenta mais uma vez uma boa seleção sonora, mas que peca por em determinados momentos não se encaixar adequadamente em certas cenas, aparentando um exagero descontrolado. Em outros momentos, acerta em cheio em elevar a epicidade das cenas, se mesclando com as boas sequencias de ação.
E o que falar da estética do filme? No geral, a mesma me soou bem equilibrada e sem o costumeiro e criticado ar obscuro presente nos filmes da DC arquitetados pelo diretor supracitado. Temos cenas bem claras, um bom enquadramento de câmera, cores vivas e o escuro bem utilizado, sem tomar proporções desordenadas.
Em suma, Army of the Dead nada mais é do que um bom filme dirigido por Zack Snyder; com todos os seus vícios e exageros, que se consagra mais uma vez em seu portfólio como mais um divisor de águas, amado por alguns e detestado por tantos outros (nada de novo em se tratando de um filme de Snyder). Em relação a comparação, em minha percepção Army of the Dead supera Madrugada dos Mortos do mesmo diretor, mesmo que sejam filmes “muito diferentes” entre si. Amem ou odeiem, a verdade é que Snyder é ousado e criativo, sendo Army of the Dead uma obra que faz valer a pena as 2h28min de duração.
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