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******************************NÃO contém spoiler******************************

Gênero: Terror psicológico / terror slasher

Roteiro, direção e produção: Jordan Peele

Elenco: Lupita Nyong’o, Winston Duke, Shahadi Joseph, Evan Alex, Madison Curry, Elizabeth Moss, Tim Heidecker e Kara Hayward

Data de lançamento: 21/03/19 // Duração: 1h56min

Produtoras: Blumhouse Productions e Momkeypaw Productions

“Portanto, assim diz o Senhor: Eis que trarei o mal sobre eles, de que não poderão escapar; e clamarão a mim, mas eu não os ouvirei. — Jeremias 11:11”

Eu nunca imaginei que “Nós”, o novo filme do diretor Jordan Peele, o mesmo do famigerado “Corra!”, vencedor do Oscar de melhor roteiro original, seria um filme tão complexo e tão crítico como ele de fato é. Um filme de terror bastante inovador e muitas vezes confuso. Traz elementos do famoso terror slasher, consolidado graças a filmes como a franquia “Sexta-feira Treze” e “O Massacre da Serra Elétrica”, juntamente com um ar semelhante (apenas em um primeiro momento) com “Os Estranhos” do diretor Bryan Bertino.

Esperava encontrar um bom filme de terror, mas me vi assistindo algo que explodiu minha cabeça de forma que chegou um momento que eu já não estava entendendo mais nada. O roteiro de Peele é repleto de camadas complicadas e exige tanta atenção, que fiquei com medo até de piscar e perder algo importante da trama. Trata-se da estória de Adelaide, uma criança que durante um passeio com os pais em um parque de diversão acaba se distanciando dos mesmos e se vê perdida em um labirinto, tipo casa dos horrores, onde acaba se deparando com uma garota igual a ela, presa em um espelho e com um olhar diabólico, o que a assusta e faz com que a traumatize. Anos depois acompanhamos a mesma personagem indo viajar com a família (os dois filhos e o marido) para o mesmo local que tal trauma surgiu. Coisas estranhas começam a acontecer, e o auge se dá quando uma família aparece durante a noite na calçada da casa da protagonista. Uma família esquisita, psicótica e assassina; e o pior de tudo, tais criminosos são eles mesmos. São as versões diabólicas dos personagens centrais. Foi neste momento que comecei a criar diversas teorias… algumas foram sendo destruídas conforme o filme ia sendo desenvolvido, outras iam ganhando força, ao mesmo tempo que eu me via cada vez mais perdido, não entendendo nada, ao mesmo tempo que entendia tudo.

O terror de “Nós” é bem mais psicológico e não temos em momento algum jump scare. Confesso que senti também uma sensação de claustrofobia e um medo que não era exatamente medo. Desconforto talvez seja a palavra mais correta a ser utilizada. Jordan Peele joga referências artísticas, bíblicas (como o primeiro trecho citado nessa resenha) e nos entrega uma trama de crítica social bem arquitetada e de maneira bem assustadora. É um filme que irá falar sobre preconceito, intolerância social e o medo de enfrentarmos os nossos lados sombrios. Como fugir de um inimigo que supostamente é você mesmo? Como escapar de alguém que pensa e age como você?

O filme levanta diversas interpretações e possui explicações completamente absurdas e que não fazem sentido algum. Talvez esse seja o ponto negativo mais significativo que tenho para citar. “Nós” não possui diálogos expositivos de maneira exacerbada, mas tem pontos chaves que apresentam diálogos que explicam sem explicar, que ao meu ver, mais atrapalham do que ajudam. Pois levantam perguntas que o diretor não responde de maneira satisfatória. São questões que se tornam pontas soltas e que fazem com que o filme fique ainda mais confuso. Eu o assisti três vezes, tentando absorver o máximo que eu pudesse… e ainda estou sem entender algumas questões, e continuo achando algumas situações, conforme já mencionado, BEM absurdas e sem pé nem cabeça.

Mas e a direção e as atuações?

Lupita Nyong’o como Adelaide (a protagonista) está espetacular em um nível absurdo. Tanto em sua versão boa como em sua versão maligna, a atriz dá um show de interpretação. Winston Duke, como o marido da personagem central, também está muito bem no papel e apesar de seu personagem ter sido o que mais me irritou, por ser literalmente bunda mole, é bem interpretado. Shahadi Joseph e Evan Lex como os filhos da família estão tão espetaculares quanto. Aliás, suas versões malignas são de arrepiar. E em relação a todos eles, o que dizer dos olhares unidos com a excelente trilha sonora? Os atores se expressam tão bem, que os momentos em que não estão falando me assustaram muito mais do que os momentos de correria e de diálogos. Achei todos eles excelentes. As piadas no meio do filme quebram um pouco os momentos de tensão, mas não achei de todo ruim, consegui relevar. Os personagens coadjuvantes são mal explorados e me soaram jogados no roteiro, de maneira bem descartável. O caos que se instaura pelo país (não posso entrar em detalhes para não dar spoiler) é o ponto mais mal explorado de todos e mais uma coisa sem sentido e mal explicada. A direção de Jordan Peele é boa e o diretor é audacioso; gostei bastante de perceber que ele se propõe a se diferenciar e não cria obras que se perdem no meio da mediocridade, passando longe de ser mais do mesmo. O diretor consegue extrair o melhor dos atores e sua direção é bem afiada. O tempo de tela de cada personagem (do núcleo principal) é bem dividido e não há desiquilíbrio quanto a isso. A trilha sonora também muito me agradou. Pra ser bem sincero com vocês, eu não sei se gostei ou não do filme. O achei bem interessante e intrigante, isso posso afirmar sem medo de errar. Uma boa pedida pra quem procura um filme que traga algo a mais do que apenas o velho e clichê terror que já conhecemos.

CONFIRA O TRAILER LOGO ABAIXO:

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