******************************NÃO contém spoiler******************************
Como entender a mente dos jovens? Como não se perder em seus dilemas e em suas constantes descobertas e ebulições psicológicas e sexuais? Como lidar com situações muitas vezes constrangedoras em um mundo onde a cobrança externa e pessoal tomam proporções exorbitantes? Em Sex Education, mais um dos inúmeros sucessos da Netflix; série britânica criada por Laurie Nunn e que estreou em 11 de Janeiro deste ano, acompanhamos Otis (Asa Butterfield), um jovem desajustado, virgem e filho de uma terapeuta sexual; uma mãe protetora e viciada em relacionamentos casuais. Tendo que lidar com sua fobia ao sexo, o jovem se vê unido a Maeve (Emma Mackey), uma garota de personalidade forte e inteligente que o convence a se tornar o terapeuta sexual da escola. E é aí que todo o humor da série transborda e ganha o protagonismo da trama. Se gosta de American Pie e das inúmeras outras comédias de besteirol americano que existem por aí e que fizeram sucesso nos anos 90 e 2000, Sex Education é para você!
Com um roteiro pra lá de engraçado, vamos sendo apresentados aos personagens de maneira dinâmica onde comédia e drama andam lado a lado e onde cada situação nos diverte, nos faz dar altas gargalhadas e que nos fazem sentir inclusive vergonha alheia. Nos apegamos aos personagens, torcemos por eles e os deciframos ao longo dos episódios. Mas não é só de comédia que vive a criação de Nunn. Temos abordagens como homofobia, feminismo, literatura, Bullying, pressão parental e descobertas sexuais de todos os tipos. Não espere encontrar cenas leves onde situações são apenas mencionadas. Temos cenas de masturbação, sexo oral, e imagens de genitálias masculinas e femininas. Mas nada de forma vulgar e desrespeitosa que nos façam ter vontade de abandonar a série.
Os diálogos são bons e a direção é quase impecável. Alguns cortes de uma cena para outra poderiam ter sido evitados, mas nada disso atrapalha o desenvolvimento da trama ou da obra no geral. Os atores estão a vontade em seus respectivos papéis e a interação entre eles é incrível, o que colabora para a imersão do telespectador, quebrando a visão puramente ficcional. Mas não é só de elogios que vive a série, afinal de contas, ela é de fato MUITO boa, mas não é perfeita. Falta aprofundamentos em assuntos importantes que são apresentados e trabalhados de forma muito superficial e muitas vezes negligente. Algo que deve e precisa ser mudado na próxima temporada.
A série apresenta personagens marcantes os quais tive vontade de ter como amigos na vida real. Como não adorar Eric (Ncuti Gatwa), o melhor amigo do protagonista que além de negro ainda é homossexual? Como não amar Aimee Gibbs (Aimee Woods), a garota mimada, mas que demonstra por diversas vezes ser uma pessoa de bom coração? Como não amar Jean (Gillian Anderson), a mãe do personagem central, que é protetora, engraçada e muitas vezes sem noção? Sinceramente? Gostei de todos os personagens, dos centrais aos coadjuvantes.
Sex Education é mais uma aposta certeira da Netflix, cuja minha ansiedade só aumenta para o lançamento da segunda temporada. Devo dizer que concordo com a crítica especializada que afirma: “”indecente, sincera e surpreendentemente sábia, Sex Education é uma brincadeira barulhenta através de um grupo de adolescentes cujas desventuras sexuais são tão cuidadosamente pensadas, que os adultos poderiam aprender uma coisa ou duas a partir deles”.
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