******************************NÃO contém spoiler******************************
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Autores e ilustradores: Benjamin Pecy, Scot Eaton, Chee, Wayne Faucher…
Editora: Panini / Idioma: Português / Gênero: Super-heróis / 414 páginas (19 volumes)
Foi em 2011 com “Flashpoint” que a DC Comics “se destruiu” e se reconstruiu; desenvolvendo um novo arco para suas histórias batizado de “Novos 52. ” Com novas abordagens e com seus personagens modificados, a poderosa empresa dos quadrinhos se viu diante de um dilema não esperado; sua nova fase não estava agradando nem os novos leitores da editora e muito menos os antigos (o que fazer em uma situação como essa?). Mesmo com críticas ferrenhas por parte daqueles que insistiam em ler os quadrinhos, tal fase durou cinco anos, dando em 2016 espaço para que uma nova fase começasse a surgir, a tão falada e também criticada por muitos, “DC Renascimento. ” Com a proposta de trazer de volta a essência de seus personagens, “DC Renascimento” deveria funcionar como uma renovação, mas não como um reboot. A cronologia se manteria, mas com a inserção de novos personagens, o reaparecimento de personagens já consagrados e novos elementos narrativos. Mas é tudo muito mais complexo do que já parece… pois temos arcos que antecedem e muito o “Renascimento”, como o arco “A Guerra de Darkside”, onde temos a revelação por parte do Batman da existência de três Coringas (há a teoria onde muitos acreditam/afirmam que veremos essa abordagem nos cinemas, com Joaquim Phoenix, Jared Leto e segundo rumores Macaulay Culkin *Não acredito que isso acontecerá), assim como temos a existência de mais de um Superman e por aí vai. São vários acontecimentos importantes que possuem peso na era “Renascimento”, já que a mesma é uma continuação dos fatos e não um reboot como muitos acreditam.
Apesar de muitos detestarem tal fase da DC, não a vejo de maneira tão negativa assim. Temos boas histórias, histórias medianas e histórias ruins. “Jovens Titãs / Novos Titãs: DC Renascimento” é uma das medianas. Temos a apresentação de Damian Wayne, filho do Batman sendo apresentado como o novo Robin, e indo atrás de integrantes para que seja formada uma “nova” equipe dos jovens heróis. E é partir daí que tudo se inicia. Enxergo este arco como um arco de relacionamentos familiares. Temos em um primeiro momento o novo líder dos jovens heróis tendo que lidar com alguns problemas, sendo um deles o fato de ser filho de um dos três grandes heróis de todos os tempos; o sombrio Batman (Superman e Mulher Maravilha completam a poderosa Trindade). O peso desta relação o sufoca e faz com que ele sinta a necessidade de se provar o tempo inteiro. Assim como temos os problemas dele com os integrantes de sua equipe, além dele ter que lidar com outra grande questão; seu avô é um vilão, um dos grandes arqui-inimigos de seu pai.
Meu grande problema é exatamente esse… Termos Damian como protagonista. Nunca fui fã deste personagem. Ele é egocêntrico, egoísta, perturbado e despreparado pra ser líder. Sua personalidade me incomoda e seus traços não colaboram. Ele me parece muitas vezes como um sociopata. É um personagem sem carisma e que muitas vezes mais cansa do que me instiga a continuar a leitura. Os demais heróis são bacanas, mas não os enxergo com tanta energia assim. As cenas de batalhas são curtas e sofrem cortes abruptos. Um erro grave de roteirização, já que estes momentos deveriam funcionar como um impulso e não como um elemento anticlimático que transforma o processo de leitura em algo muitas vezes enfadonho. A colorização é boa, mas os traços nem sempre.
Em “Jovens Titãs: DC Renascimento” não temos uma narrativa linear (o que é comum nas histórias em quadrinhos de heróis). Durante a leitura nos deparamos com o início de novos arcos que irão continuar e ser finalizados em outros arcos da editora. Isso ocorre por exemplo quando do nada temos a introdução e várias menções a “Titãs: O Contrato de Lázaro” que acaba não passando disso… uma breve introdução. Em vários momentos temos sinalizações em notas de rodapé que nos informam quando devemos interromper a leitura, ir para a leitura de um novo arco, para só depois continuarmos a ler “Jovens Titãs: DC Renascimento. ” Ficou confuso? Pois é… Ser leitor de quadrinhos de super-heróis não é fácil. Mas não se preocupem, não é um bicho de sete cabeças como muitos acreditam. Eu normalmente leio o arco todo, faço anotações dos outros arcos mencionados e só depois os leio, para que desta forma todas as pontas soltas sejam atadas. Nunca segui essa loucura de começa, para, pula para outro arco, volta a ler o arco anterior, inicia outro etc. Leio quadrinhos há anos e sempre li como mencionei. Mas é claro, cada um tem um processo de leitura. O que quero deixar claro é: Você não precisa ler “Novos 52” para só depois ler “DC Renascimento. ” Esta fase é uma continuação, mas também é um novo começo.
Os Jovens Titãs desta fase são adolescentes tentando se encontrar. São Jovens que não conseguem entender seus papéis como super-heróis. São heróis que formam uma equipe desajustada. São heróis que não conseguem lidar com o peso de seus poderes e com o peso da imagem já construída dos heróis clássicos. Robin (Damian Wayne) sofre com o legado do Batman. Kid-Flash com o peso do Flash, Aqualad com o peso de ser filho de quem é (não citarei de quem para não dar spoiler) e assim por diante. Temos também fillers descartáveis, que parecem não acrescentar nada, a não ser para funcionarem como mais um elemento que enfraquece o ritmo de leitura.
“Jovens Titãs: DC Renascimento” é um (re) começo fraco. Diverte em alguns momentos, mas me deixou com a sensação de que está faltando alguma coisa. Só li até o presente momento as 19 primeiras HQs que estão no primeiro box; mas darei continuidade na leitura. A DC renasceu como uma fênix. Mas em se tratando dos Jovens Titãs, se continuar do que jeito que está, precisará morrer para renascer de novo.
OS 19 VOLUMES LIDOS: