******************************NÃO contém spoiler******************************
Autor: Robert Jordan
Editora: Intrínseca / Gênero: Fantasia / Idioma: Português / 800 páginas
“Um dia houve uma guerra tão definitiva que rompeu o mundo, e no girar da Roda do Tempo o que ficou na memória dos homens virou esteio das lendas. Como a que diz que, quando as forças tenebrosas se reerguerem, o poder de combatê-las renascerá em um único homem, o Dragão, que trará de volta a guerra e, de novo, tudo se fragmentará. ”
Em um universo que mistura aspectos de diversas culturas e mitologias, “A Roda do Tempo”, a aclamada e extensa série de Robert Jordan, seu opus Magnum, é considerada por muitos e de forma incontestável a sucessora de “O Senhor dos Anéis” de J. R. R. Tolkien. Abordando temas filosóficos e trabalhando com afinco o dualismo espiritual, a obra da alta fantasia apresenta uma jornada longa em busca de um escolhido que tem por objetivo derrotar o grande vilão da estória no local que dá nome ao primeiro volume, “O Olho do Mundo. ” A construção narrativa de Jordan tem por objetivo nos imergir em um universo de poderosas mulheres, perseguições obscuras, a constante ameaça do renascimento da personificação do mal na forma de um poderoso mago (claramente inspirado em Satã), que outrora foi aprisionado pelo Criador quando tudo se originou; além da jornada sustentada por amizades e descobertas.
A grande questão é: “O Olho do Mundo” é de fato tudo o que dizem? Ao começar a ler a pós-fantasia Tolkieana, não consegui conter minhas expectativas. O que pode ter sido um erro. Esperava encontrar uma escrita que me deixasse embasbacado e que me impactasse tanto quanto ou até mais do que a de outros grandes escritores, como a de Steven Erikson (Jardins da Lua), Robin Hobb (O Navio Arcano e A Saga do Assassino) e até mesmo a de George R. R. Martin (As Crônicas de Gelo e Fogo). Mas confesso que achei a escrita de Jordan mediana. Suas descrições não me passaram emoção. Quando leio as obras dos autores supracitados, consigo sentir o cheiro do sangue dos campos de batalha, o cheiro do suor dos personagens, o cheiro da brisa do mar e assim por diante, o que demonstra o poder imersivo de suas narrativas. Com Jordan senti uma certa indiferença. Não consegui me imergi nas páginas, e por mais que eu tentasse, a sensação de que estava faltando alguma coisa não me abandonou. As cenas de ação foram as que mais me incomodaram. Achei mal descritas, de forma que não consegui me importar com o resultado das mesmas. Os personagens também me soaram pouco carismáticos e alguns até torci para que morressem, na vã intenção de haver alguma inclinação no tão linear desenvolvimento.
Por mais que eu não tenha achado “O Olho do Mundo” tão magnífico como a maioria das pessoas parecem achar, continuo achando que tal série acabará se tornando uma de minhas favoritas. Quero ver mais ação, mais poderes e desenvolvimentos mais interessantes. A morosa jornada do primogênito de “A Roda do Tempo” me cansou e os inimigos me soaram sem graça. Não temos criaturas fabulosas e seres que tragam um ar mágico para a narração do autor. O que difere e muito a jornada de Jordan da de outras famosas jornadas como a que temos em “O Hobbit”, “Senhor dos Anéis” e em “A Fúria do Assassino. ”
Mas não me deparei apenas com coisas incomodas…
A estrutura narrativa me agradou. A polivalência do autor nos possibilita acompanharmos outros personagens, outros povos e outros perigos. A trama possui elementos interessantes, como o sistema de magia, o fato de haver um local onde vivem mulheres poderosas que são temidas por alguns e reverenciadas por outros, portais e mistérios acerca do universo como um todo. “O Olho do Mundo” é uma obra extremamente introdutória e bem prolixa. E devo ressaltar que em nenhum momento Robert Jordan me soou machista (Glória a Deus!).
As mulheres de Jordan são interessantes e caminham lado a lado dos personagens masculinos, o que muito me agradou. Não temos sexualizações deslocadas, diálogos sem nexo que reforcem a inferioridade feminina e nem mocinhas indefesas sendo estupradas ou salvas de formas inorgânicas. Temos um bom equilíbrio de gênero, o que deveria servir de exemplo para alguns autores atuais. Alguns momentos e diálogos me deixaram curioso para o que irei encontrar nos próximos volumes; mas por enquanto o que posso dizer além do que já disse, é que “O Olho do Mundo” ficou MUITO abaixo das minhas expectativas. Uma obra aclamada que me deixou com a pulga atrás da orelha… onde foram parar os elementos sensacionais que todos afirmaram que eu iria encontrar?
Alguns já me deram a clássica resposta: “Você leu errado, leia de novo! ”
Mas independentemente do que tenha ocorrido, darei continuidade na leitura da série. Que Robert Jordan me convença que vale a pena investir em sua série de 14 imensos volumes. Que os próximos livros me façam me arrepender das palavras aqui ditas. Da “Roda do Tempo” eu só espero uma coisa. Uma série que seja épica em um nível que eu seja incapaz de assimilar. Que o Dragão Renasça, que a guerra se inicie e que o mundo de novo se fragmente!
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