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******************************NÃO contém spoiler******************************

Obras ou autores citados na resenha:

(Confira a resenha da “Trilogia Mar Despedaçado” clicado AQUI)

(Confira a resenha de A Rainha do Fogo clicado AQUI)

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Depois de ter finalizado a “Trilogia Mar Despedaçado”, fiquei com sentimentos conflitantes acerca de Joe Abercrombie. Gostei demais de vários aspectos da trilogia, principalmente dos personagens e da ambientação. O meu grande problema se deu com o grande desfecho, repleto de reviravoltas e desconstruções narrativas que para mim não foram funcionais. Mas como meu saldo foi muito mais positivo do que negativo, resolvi dar continuidade às obras do autor e foi graças a esta sensata decisão que peguei para ler “O Poder da Espada”, o primeiro volume da “Trilogia A Primeira Lei.” 

Confesso que minhas primeiras impressões não foram assim tão agradáveis. Levei um tempo para voltar a me acostumar com a escrita objetiva e simples do autor. Ainda estava me sentindo impactado com a escrita de Anthony Ryan, que é mais densa, mais descritiva e muito mais elaborada.

“A Primeira Lei” reforça o que eu já havia percebido na trilogia anterior que havia lido. Joe Abercrombie é claramente o tipo de escritor que gosta de criar e desenvolver narrativas que se focam em personagens arruinados tanto fisicamente quanto psicologicamente. São personagens enigmáticos, que despertam no leitor sentimentos conflitantes, e que estão muito mais para anti-heróis do que para heróis.

Sand Dan Glokta é o inquisidor do reino. Responsável por investigar, interrogar, torturar e descobrir traições e corrupções que podem levar ao colapso do reino que ele supostamente deseja proteger. A grande questão é que nem todo mundo parece culpado e tudo pode não passar de um grande jogo de poderes onde ninguém parece estar a salvo. Como um ex-prisioneiro de guerra, torturar e ceifar vidas parece ser o hobby preferido do inquisidor. Um tipo deturpado de vingança.

Paralelo a este estranho personagem, acompanhamos a jornada de tantos outros, que se veem em situações de fuga e que acabam tendo seus destinos cruzados. Um mundo muito bem construído, com bons personagens e com situações que nos intrigam e nos instigam. Os aspectos mágicos também são interessantes e nos deixam com uma pulga atrás da orelha. É um sistema regido por leis que ainda não ficaram muito claras, pelo menos não neste primeiro volume.

Gostei bem mais do que eu estava esperando gostar, mas senti falta de mais cenas de ação e de backgrounds mais sólidos. Como sempre digo, apenas me dizer que determinado personagem sofreu ou que determinada situação ocorreu, não me soam muito funcionais. Gosto de ter o vislumbre destes momentos, de forma a compreender melhor os personagens e suas atitudes. Preciso deste elo de ligação. Espero que passados sejam melhores explorados nos próximos volumes e que personagens femininas ganhem ainda mais espaço. Foi uma leitura imersiva, fluída e que me deixou com vontade de ler o próximo o quanto antes. Uma leitura e um autor mais que indicado para quem gosta de fantasia. Só espero que desta vez Joe Abercrombie me satisfaça por completo.

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