
Trilogia A Rebelde do Deserto: Vale a pena a leitura?

******************************NÃO contém spoiler******************************
“A trilogia A Rebelde do Deserto” da autora Alwyn Hamilton, promete entregar uma trama cheia de reviravoltas, com uma protagonista forte, boas cenas de ação e bons vilões. Além da pitada clássica das fantasias YA, o romance. Mas a autora fica somente na promessa? Negativo. O primeiro livro da trilogia, o homônimo “A Rebelde do Deserto”, traz uma narrativa frenética que nos impressiona devido a agilidade de Hamilton em construir um universo instigante que te prende desde o primeiro parágrafo.
Amani Al’Hiza, a protagonista, é poderosa e determinada. Não desejando se casar e almejando uma vida bem diferente da que seus tios desejam para ela, a mesma resolve se disfarçar de homem na intenção de participar de um campeonato de tiro. Não se trata apenas de uma garota desejando se passar por um homem em uma vã tentativa de rebeldia. Ela é uma exímia atiradora e é a partir desta decisão tomada pela personagem central, que as coisas começam a acontecer.
Desertos, personagens poderosos, criaturas místicas, lendas, muito tiro e um vilão a ser derrotado. O universo é mágico e esta magia é tanta que chega a trasbordar das páginas. É tudo muito bem descrito e a autora não perde tempo com cenas enfadonhas. O primeiro livro nos agracia com um início fantástico e ainda assim, consegue ser “superado” pelos sucessores. “A Traidora do Trono”, o segundo volume, muda de cenário e vem para consolidar o universo, expandindo tudo para tramas políticas, onde o centro de boa parte dos acontecimentos passa a ser as mulheres. Os diálogos, as reviravoltas reservadas pela autora e as cenas alucinantes de ação, me fizeram roer as unhas enquanto passava a madrugada lendo.
A equipe formada pelos personagens que se unem para derrubar o governo opressor, é incrível e suas habilidades nos fascinam. Algo bem parecido com o que senti enquanto lia a trilogia “Mistborn” de Brandon Sanderson (Confira a resenha clicando AQUI) e a duologia “Six of Crows” de Leigh Bardugo. As semelhanças param por aí… apenas neste déjà vu, quanto ao grupo de antagonistas que acompanham a protagonista.
“A Heroína da Alvorada” é um livro que acredito ser o mais amado entre os fãs da trilogia, mas por incrível que pareça, não me agradou tanto quanto eu imaginei que fosse me agradar. É um bom desfecho (excelente para a maioria), mas que para mim, não passa de um final repleto de decisões convenientes, recheado de obviedades e sem muita audácia por parte de Alwyn Hamilton. Esperava algo mais surpreende e queria muito que a autora tivesse se arriscado um pouco mais. Algo que infelizmente não acontece, mas que ainda assim não tira toda a magia desta trilogia que é incrível e que merece ser lida.
Os cenários são um show à parte. A vila da poeira, o deserto de Miraji, o castelo do sultão, são tão bem construídos e desenvolvidos, que se tornam tão personagens quanto. Eles transcendem suas funções de apenas locais de passagens narrativas, se tornando algo muito mais palpável. Mais um acerto da autora, que além de tudo isso, ainda finaliza com um romance bem pertinente, que não cansa, não atrapalha o plot principal e não enfraquece a mocinha da vez.
A escrita de Alwyn Hamilton é consistente, cheia de curvas, planejada e bem equilibrada. Para quem deseja assim como eu se preparar para ler o clássico “As Mil e uma Noites”, acredito que esta série é um bom começo. Nos situa bem neste universo desértico e apresenta inspirações bem inseridas referentes ao clássico citado. Uma série que é muito indicada, em especial, para quem ama fantasia tanto quanto eu. Frenética e árida. Apaixonante e misteriosa. Desesperadora e fascinante. Tudo que uma boa fantasia precisa ser. Terminei a leitura com a certeza de que Hamilton ganhou mais um fã. Espero que você se torne um também.
Ps. Após a trilogia há um livro extra de contos denominado “Contos de Areia e Mar” que abordam assuntos mencionados na trilogia. Uma pequena expansão que vale a pena, principalmente para quem anseia por explicações adicionais.
[…] (Confira o primeiro “Vale a pena a leitura?”, a resenha da trilogia “A Rebelde do Deserto” clicando AQUI) […]