**********************************NÃO contém Spoiler**********************************
Autor: Brandon Sanderson / Editora: Trama / Gênero: Fantasia épica / 1.240 páginas
“A Vida antes da morte. A força antes da fraqueza. A jornada antes do destino.”
Considerada pela crítica e por grande parte dos leitores a grande obra-prima de Brandon Sanderson, O Caminho dos Reis veio como um divisor de águas e parece ter ganhado o coração daqueles que pareciam temer as grandes fantasias épicas, conseguindo se sustentar no mercado editorial brasileiro, algo que nem outras aclamadas obras/séries mundo afora conseguiram; como O Livro Malazano dos caídos, Os Mercadores de Navios Vivos e até mesmo A Roda do Tempo. A épica jornada do primeiro volume de Os Relatos da Guerra das Tempestades, apresenta uma maior maturidade do autor e é onde Sanderson parece se sentir mais confortável em se aventurar por uma narrativa mais estagnada, mais lenta e até mesmo mais profunda, o que se assemelha bastante ao estilo de escrita e narrativa de autores como Robin Hobb e Patrick Rothfuss.
Contudo, O Caminho dos Reis realmente merece a alcunha de melhor fantasia dos últimos anos? Com polivalência e abrangência, Sanderson constrói um universo rico, com uma excelente construção de mundo e com personagens carismáticos que possuem a força de conquistar os leitores desde suas primeiras aparições. O mundo de Roshar, palco de grandes tempestades e onde outrora semideuses caminharam, desperta nossa curiosidade, apesar de flertar o tempo todo com obviedades que poderiam enfraquecê-la. Intercalando os pontos de vista, Sanderson nos agracia com três bons protagonistas, que juntos vão costurando toda a trama e que orbitam ao redor de excelentes coadjuvantes, o que por si só já coloca a obra do renomado autor em um patamar acima de muitos outros romances do gênero.
No entando, devo ser sincero e vos digo que O Caminho dos Reis é incrível, mas peca ao meu ver em se estagnar demais na narrativa e abraçar com orgulho e exageradamente o status de uma obra introdutória. Como estar um looping, senti por vezes que apesar do frenético virar das páginas, a história não saía do lugar. O que pode ser um problema para leitores novatos ou pra quem procura algo mais ágil como Mistborn, outra saga amada pelos leitores e também de criação, deste, que hoje carrega o título de principal e mais importante escritor de fantasia da atualidade.
“Um rei não é aquele que ordena, mas aquele que serve.”
O Caminho dos Reis é a típica fantasia que merece ser considerada épica. Seus protagonistas possuem personalidades distintas e muito bem traçadas; que se complementam de maneira magistral. Com eles, o autor levanta questionamentos interessantes que enriquece toda a narrativa e que nos faz pensar e questionar tudo que nos vai sendo apresentado. Vale a pena sermos honestos, justos e confiarmos nos outros? Qual o preço a se pagar por termos honra? Qual a importância de termos fé, seja na gente ou nos outros? Devemos lutar pela verdade? O conhecimento é o maior dos poderes que podemos ter? Aqui, o mal é sorrateiro, manipulador e “inexistente.” Ele existe sem existir, e parece estar naqueles que nos rondam, quase como uma metáfora ao mundo que nós mesmos habitamos.
Em linhas gerais, o primeiro volume do mais novo romance da Cosmere – o universo composto por diversos livros e mundos de Brandon Sanderson – é grandioso, instigante, inteligente e vagaroso. Não acho que seja uma boa introdução para quem nunca leu nada do referido escritor, mas pra quem já navega por águas fantásticas a um bom tempo, é leitura quase que obrigatória. Uma fantasia de alta qualidade que em minha humilde opinião não supera a primeira Era de Mistborn, mas que se eleva e se destaca, merecendo todos os elogios que recebeu e que ainda vem recebendo dos leitores que parecem afoitos quando o assunto é esse universo. Não se deixe abalar ou se assustar com as mais de 1.000 páginas, pois como diz nas fascinantes linhas desse romance fantástico: “A jornada é difícil. Mas, se você cair, levante-se de novo.” Comece, não desista e siga até o final. Te garanto que em pouco tempo você se tornará mais um (a) fã de Brandon Sanderson.
E se é ou não a melhor fantasia dos últimos anos, deixarei para vocês tão audaciosa e desafiante decisão.
“A Verdadeira honra não é encontrada na vitória, mas como escolhemos lutar.”
Confira também as resenhas abaixo:
Mistbon: Primeira Era
Mistborn: Segunda Era
O Navio Arcano
The Mad Ship
Jardins da Lua & Os Portais da Casa dos Mortos